TOM MORELLO Esfria Expectativas Sobre Lançamento de Músicas Inéditas do AUDIOSLAVE

O nome Audioslave ainda desperta curiosidade e nostalgia em muitos ouvintes que acompanharam a cena rock dos anos 2000. A banda, formada pela combinação improvável — e certeira — entre Chris Cornell e três integrantes do Rage Against the Machine, deixou um catálogo enxuto, porém marcante. Desde a morte de Cornell, em 2017, fãs alimentam a esperança de ouvir faixas inéditas gravadas durante a curta, porém intensa trajetória do grupo.
Mas, ao que tudo indica, essa espera deve continuar por bastante tempo. Tom Morello, em nova entrevista, deixou claro que nada avançou desde que mencionou o material inédito pela primeira vez, em 2019. A novidade é, na verdade, uma má notícia: não existe qualquer movimento interno para organizar ou lançar essas gravações.

Audioslave e o Legado de Um Supergrupo que Durou Pouco

O Audioslave surgiu como um encontro raro entre dois mundos: a potência vocal emotiva e melódica de Chris Cornell, ex-Soundgarden, e a base instrumental incendiária de Morello, Tim Commerford e Brad Wilk, conhecidos por seu trabalho no Rage Against the Machine. O grupo formou-se oficialmente em 2001 e, ao longo de seis anos, lançou três álbuns de estúdio: Audioslave (2002), Out of Exile (2005) e Revelations (2006).

A sonoridade era reconhecível, mas nunca uma simples soma das partes. O supergrupo tinha identidade própria e produziu hits que se espalharam pelas rádios e pela MTV: “Cochise”, “Like a Stone”, “Be Yourself”, entre outros. No entanto, a banda também enfrentou tensões internas, diferenças criativas e problemas externos que afetaram sua continuidade.

Com o fim em 2007 e a posterior morte de Cornell, o catálogo da banda passou a ser visto com ainda mais carinho pelos fãs — inclusive o material que nunca chegou ao público. Foi somente em 2019 que Morello mencionou pela primeira vez a existência de “um álbum inteiro” de faixas não lançadas.

Morello Esclarece: Nada Andou e “Não Estamos Nem Perto” de Lançar Algo

Durante uma conversa recente com o SNSMix, Tom Morello explicou por que essas músicas continuam trancadas num arquivo. O guitarrista destacou que as decisões de gravação e seleção de faixas da banda sempre foram complexas, guiadas por sensações do momento e não apenas pela busca por “10 melhores músicas”.

Tom Morello diz que as faixas inéditas seguem guardadas por decisões criativas da época, guiadas mais pela vibe do momento do que por uma lista de “10 melhores músicas” — Foto: Brittany Long/WireImage

Ele disse:

“Quando as bandas decidem quais músicas entram nos discos e quais ficam de fora, nem sempre é algo sensato. Não é como se fossem as 10 melhores jams. Às vezes alguém gosta de uma, outra pessoa não está sentindo outra. Então, de cada um dos três discos do Audioslave, tivemos músicas que sobraram — algumas delas realmente ótimas.”

Apesar do reconhecimento da qualidade desse material, nada indica que as sobras serão lançadas no futuro próximo. Morello resumiu a situação sendo bem direto:

“Não é por falta de esforço ou qualquer outra coisa além de que simplesmente não estamos organizados. Não existe um plano para não lançar. Eu adoraria que isso chegasse ao mundo, e espero que isso aconteça um dia.”

O problema, portanto, não parece ser jurídico, técnico ou criativo. É puramente uma falta de coordenação — algo comum quando integrantes seguem caminhos distintos, banda não existe mais e carreiras se encontram em estágios diferentes. Para completar, sem Chris Cornell, qualquer movimento envolvendo o nome Audioslave se torna ainda mais delicado.

Com isso, o que antes soava como uma possibilidade concreta agora volta a ser apenas uma hipótese distante.

Enquanto Isso, o Soundgarden Avança com o Álbum Final

Se as notícias sobre o Audioslave desanimam, o mesmo não vale para o capítulo final do Soundgarden. Segundo Morello, os membros remanescentes da banda de Cornell finalmente chegaram a um entendimento com o espólio do vocalista, destravando a etapa que faltava para concluir o disco que o grupo havia começado a trabalhar antes de sua morte.

Kim Thayil e Matt Cameron já comentaram publicamente que estão avançando nessa produção, e isso sinaliza um acordo raro, considerando os conflitos que existiram no passado entre o Soundgarden e o espólio de Cornell. A confirmação de que todos estão “na mesma página” representa um passo significativo para que o último trabalho da banda possa existir — algo que muitos fãs pediam há anos.

Esse cenário cria um contraste curioso: enquanto o Soundgarden consegue alinhar interesses e planejar um encerramento digno, o Audioslave permanece congelado no tempo. O grupo, que nasceu como um projeto paralelo e explosivo, parece condenado a permanecer uma memória viva, porém estática.

O material inédito do Audioslave, portanto, continua como uma espécie de cápsula fechada: existe, mas ninguém sabe quando será aberta. E, após a atualização direta de Morello, os fãs parecem ter apenas uma certeza — isso não vai acontecer tão cedo.

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