TINY DESK Não Vai Acabar Apesar de Cortes na Mídia Pública dos EUA

Produtor tranquiliza fãs após boatos sobre fim do programa e explica cenário político

Redação - SOM DE FITA

8/14/2025

Nos últimos dias, fãs do Tiny Desk Concerts, popular série de apresentações musicais produzida pela NPR (National Public Radio), foram surpreendidos por rumores de que o programa estaria ameaçado após decisões do governo norte-americano. A preocupação cresceu depois que o ex-presidente Donald Trump anunciou o corte total de recursos federais destinados à NPR e à PBS, o que levará ao encerramento da Corporação de Mídia Pública (CPB). No entanto, um dos produtores da atração, Bobby Carter, tratou de esclarecer a situação: o Tiny Desk vai continuar.

Em uma publicação feita no Instagram no último fim de semana, Carter respondeu diretamente aos boatos, reforçando que, apesar das mudanças no financiamento da mídia pública, a série de shows não será encerrada.

“Recebi muitas mensagens de amigos, familiares e pessoas do público preocupadas com o fim da NPR ou do Tiny Desk. Mas isso não vai acontecer. Infelizmente, a CPB está sim sendo encerrada. Por isso, incentivo todos a apoiarem a mídia pública e fazerem doações. Agradeço muito todas as ligações, mensagens e recados. Foi tudo muito emocionante e me tocou bastante.”

O que motivou os boatos sobre o fim do programa

O burburinho começou quando o governo Trump, em maio, anunciou o corte total do repasse federal para a NPR e PBS, órgãos que recebem parte de seu orçamento por meio da CPB. Criada em 1967 pelo Congresso dos Estados Unidos, a Corporação de Mídia Pública é uma organização privada sem fins lucrativos que administra investimentos do governo federal em rádios, TVs públicas e serviços online.

Esse corte impacta diretamente centenas de emissoras locais, especialmente as que atuam em áreas rurais. Mais de 70% dos recursos da CPB eram destinados a cerca de 1.500 estações, sendo que mais da metade delas é a única fonte de informação nessas comunidades.

A previsão é que a CPB seja oficialmente encerrada em setembro, embora a NPR tenha entrado com uma ação judicial para contestar tanto a ordem executiva de Trump quanto a decisão do Congresso de cortar os fundos. Caso o fechamento se confirme, diversas emissoras públicas menores poderão enfrentar sérias dificuldades financeiras ou até encerrar suas atividades.

Apesar do cenário preocupante para o jornalismo e a cultura nos Estados Unidos, Carter garantiu que o Tiny Desk segue firme e, inclusive, expandindo seus projetos.

Tiny Desk segue em expansão, mesmo com incertezas

Além de manter as apresentações no formato tradicional, a NPR lançou recentemente o Tiny Desk Radio, programa semanal apresentado por Bobby Carter e Anamarie Sayre. Essa nova vertente amplia o alcance do projeto, permitindo que o público acompanhe o espírito intimista do Tiny Desk também no formato de rádio.

Criado em 2008 por Bob Boilen, ex-apresentador do programa All Things Considered, o Tiny Desk nasceu como uma vitrine para artistas que Boilen e sua equipe acreditavam merecer maior visibilidade. O conceito é simples, mas poderoso: shows ao vivo gravados no ambiente aconchegante do escritório da NPR, proporcionando uma experiência musical próxima e sem os excessos de um palco tradicional.

Desde sua criação, mais de 1.200 artistas já passaram pelo Tiny Desk, de grandes nomes da música internacional a artistas independentes em ascensão. A lista de participações inclui Clipse, T-Pain, Dua Lipa, Anderson .Paak e The Free Nationals, Mac Miller, Sting e Shaggy, Adele, Tank and the Bangas, Mitski e Fred again, entre muitos outros.

O Brasil também já deixou sua marca no projeto. Milton Nascimento, acompanhado de Esperanza Spalding, e a cantora Liniker representaram a música brasileira no programa, levando ritmos nacionais para uma audiência global.

Importância cultural e impacto global

Ao longo de mais de 15 anos, o Tiny Desk se tornou um marco cultural no cenário musical contemporâneo. Para muitos artistas, a participação no programa é um divisor de águas na carreira, já que as apresentações costumam viralizar e alcançar milhões de visualizações nas redes sociais.

Mesmo diante das mudanças no financiamento da mídia pública dos EUA, a NPR parece determinada a manter vivo esse espaço criativo. A sobrevivência de projetos como o Tiny Desk, porém, também depende do apoio do público, como lembrou Carter em seu comunicado, reforçando a necessidade de doações e engajamento da comunidade.

Enquanto o embate judicial sobre a CPB segue, a expectativa é de que a NPR encontre novas formas de garantir a sustentabilidade de seus programas e preservar um dos formatos mais queridos da música ao vivo.

Até o momento da publicação, a Billboard informou que ainda não recebeu resposta oficial do Tiny Desk sobre o futuro do programa ou o post de Carter, mas as declarações do produtor já serviram para aliviar o clima de incerteza entre os fãs.

O recado principal é claro: o Tiny Desk continua, e a música segue tocando.

Milton Nascimento em sua participação no Tiny Desk (Reprodução/YouTube)

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