SP ocupa o feriado da CONSCIÊNCIA NEGRA com arte, memória e atividades gratuitas pela cidade
Programação espalhada por vários bairros propõe reflexão histórica e experiências culturais sem custo
Redação - SOM DE FITA
11/20/2025




O feriado do Dia da Consciência Negra, celebrado nesta quinta-feira (20), volta a movimentar São Paulo com uma agenda que mistura arte, debates, performances e história viva. A data, que simboliza a luta e a resistência da população negra, transforma diferentes regiões da capital em pontos de encontro para quem busca conhecimento, cultura e atividades gratuitas. Ao longo da semana, centros culturais, bibliotecas e espaços históricos abrirão suas portas com programações que abordam temas como afrofuturismo, memória social, censura durante a ditadura, infância de figuras históricas e a presença negra na formação da cidade.
As iniciativas, que começam já na quarta-feira (19), mostram como São Paulo vem tentando ampliar o diálogo sobre identidade afro-brasileira, educação antirracista e práticas culturais que conectam passado e futuro. É um roteiro diverso, abrangente e acessível, ideal para quem quer usar o feriado não apenas para descansar, mas para se aproximar da história de forma criativa.
A força do afrofuturismo e as narrativas negras no Centro Cultural SP
Entre os destaques está a Expo Internacional da Consciência Negra, realizada nesta quarta (19) e quinta (20) no Centro Cultural São Paulo, no Vergueiro. Com entrada gratuita, o evento aposta no tema Afrofuturismo como eixo central. A proposta conecta educação antirracista, arte contemporânea e empreendedorismo, criando um espaço de troca e reflexão.
A ideia do afrofuturismo, como reforçam os organizadores, busca “o planejamento de projetos futuros que contam com o protagonismo negro, e que reinterpretem o passado sobre uma perspectiva afrocentrada”. A feira reúne ações formativas, estandes de afroempreendedores, debates e performances que mostram como tecnologia, ancestralidade e inovação podem caminhar juntas.
Além disso, o evento também celebra as transformações sociais conquistadas pelas comunidades negras, indígenas e de imigrantes, reconhecendo a contribuição de cada grupo para a construção da história urbana e cultural de São Paulo. O CCSP está localizado na Rua Vergueiro, 1.000, na Liberdade, e concentra uma parte importante da programação voltada ao feriado.
Para quem busca atividades educativas com recorte histórico mais amplo, o Memorial da Resistência, na Santa Ifigênia, soma à agenda o encontro Samba, Censura e Resistência durante a Ditadura Militar, que ocorre na quinta-feira, às 14h. A roda de conversa analisa documentos e episódios que envolveram a repressão a letras de samba-enredo nos anos de regime civil-militar.
O debate destaca o papel do samba como ferramenta de afirmação cultural e resistência negra. A iniciativa é realizada em parceria com a tradicional escola de samba Casa Verde, que participou do primeiro desfile oficial de São Paulo, em 1968, justamente no contexto de censura. Segundo a escola, foram encontrados nos arquivos “documentos originais que comprovam a censura nas letras de samba-enredo”.
A reunião busca trazer à tona relatos, registros e diálogos que ajudam a compreender a relação entre arte, política e memória. O Memorial da Resistência fica no Largo General Osório, 66.



Maracatu Bloco de Pedra leva ritmo e tradição às ruas, em registro divulgado pela Combo Comunicação — Foto: Maracatu Bloco de Pedra / Combo Comunicação

Musical, oficinas africanas e vivências históricas pela cidade
Na região central, a Caixa Cultural São Paulo recebe o musical Menino Mandela, que apresenta um recorte lúdico da infância do líder sul-africano Nelson Mandela. Ícone da luta contra o apartheid e vencedor do Nobel da Paz, Mandela é representado em cena a partir de suas memórias, formação e valores. O espetáculo estará em cartaz de 20 a 23 e de 27 a 30 de novembro.
Além da peça, o espaço oferece uma oficina de músicas tradicionais africanas. A proposta inclui contato com ritmos, danças e brincadeiras do continente africano, criando uma imersão guiada por instrumentos típicos como o djembe, tambor originário da África Ocidental. As vivências acontecem nos dias 22 e 23 de novembro, com inscrição gratuita no site da Caixa Cultural.
No bairro do Jabaquara, a Casa Sítio da Ressaca, uma das mais antigas construções bandeiristas da capital, promove a visita temática Memórias de Ressaca: Presença Negra e Patrimônio Vivo. Entre 18 e 23 de novembro, os participantes percorrem a região enquanto aprendem sobre a presença negra nas dinâmicas urbanas, desde o século 18 até a modernização do bairro.
A atividade integra um circuito maior, que envolve o Centro de Culturas Negras Mãe Sylvia de Oxalá e a Biblioteca Paulo Duarte, consolidando um complexo dedicado à valorização da cultura afro-brasileira. O endereço é Rua Nadra Raffoul Mokodsi, 3.
Outro ponto histórico da cidade, o Beco do Pinto, no Centro, promove até domingo (23) a ação Passagens Negras: Rastros e Resistências no Beco do Pinto. O local se transforma em um corredor de memória com vestígios arqueológicos, registros do passado escravocrata e marcas estruturais que ajudam a contar histórias de trabalho, mobilidade e resistência da população afrodescendente na São Paulo colonial e pós-colonial.
Bibliotecas destacam a literatura negra para o público infantil
As bibliotecas municipais também entram na programação especial do mês da Consciência Negra com a contação de histórias Pequenas Notáveis: Carolina de Jesus, realizada pela Companhia Núcleo. A atividade propõe revisitar a infância da escritora Carolina Maria de Jesus, uma das vozes mais importantes da literatura negra brasileira e autora do clássico Quarto de Despejo.
As apresentações acontecem em diferentes regiões da cidade até 28 de novembro, passando pelos seguintes endereços:
José Paulo Paes (Penha) – dia 18
Prestes Maia (Santo Amaro) – dia 19
Raul Bopp (Aclimação) – dia 25
Alceu Amoroso Lima (Pinheiros) – dia 27
Álvaro Guerra (Pinheiros) – dia 28
A programação reforça a importância da literatura como ferramenta de formação e memória, aproximando novos leitores de figuras essenciais para compreender o Brasil.
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