South Park ignora pressão da Paramount e mantém sátira polêmica a Donald Trump

Criadores da série se recusaram a censurar cena ousada e transformaram a polêmica em mais um episódio marcante

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Redação - SOM DE FITA

7/28/2025

A estreia da 27ª temporada de South Park mostrou que, mesmo depois de quase três décadas no ar, o desenho continua desafiando limites e provocando debates acalorados. Conhecido por seu humor ácido e pela forma como aborda temas polêmicos sem filtros, o programa da Comedy Central voltou suas atenções para Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, com uma sátira que já entrou para a lista das mais comentadas de 2025.

Mais do que isso, o episódio chamou atenção por ter sido exibido apesar da pressão de uma gigante do entretenimento: a Paramount. De acordo com informações divulgadas, Trump tem um acordo financeiro de aproximadamente R$ 90 milhões com a empresa, que é dona da Comedy Central. Mesmo assim, os criadores Trey Parker e Matt Stone não recuaram em sua decisão de manter a piada, mostrando mais uma vez que South Park não se curva diante de figuras poderosas — sejam elas políticas ou corporativas.

Criatividade para driblar censura

Segundo o site Vulture, a Paramount chegou a solicitar que os criadores borrassem a cena que mostrava Trump com um pênis “minúsculo”. A intenção era suavizar o impacto da sátira e evitar potenciais conflitos legais ou de imagem. Mas a resposta de Parker foi direta: “Não, vocês não vão borrar o pênis dele.”

O que poderia ter resultado em um impasse foi solucionado com a típica irreverência da dupla. Matt Stone explicou que a solução foi transformar o órgão em um “personagem”, adicionando olhos cartunescos, o que tecnicamente muda o contexto da cena e dribla regras internas de censura. “Se colocarmos olhos [cartunescos] no pênis, não vamos borrar. Foi uma conversa inteira com adultos por quatro dias!”, revelou Stone, destacando o absurdo e a criatividade envolvidos no processo.

Essa estratégia é um exemplo claro do que tornou South Park um marco na televisão: a habilidade de expor contradições sociais e políticas com humor debochado, mesmo que isso exija encontrar soluções criativas para escapar de restrições impostas por grandes corporações.

Um histórico de confrontos e ousadia

Desde sua estreia, em 1997, South Park não tem poupado esforços para chocar, fazer rir e gerar reflexão. Nenhuma figura pública parece intocável para Trey Parker e Matt Stone — políticos, artistas, líderes religiosos e até mesmo celebridades queridas pelo público já foram alvos do programa.

Esse histórico de confrontos fez com que a série conquistasse um público fiel, que enxerga na produção um espaço onde a liberdade criativa é levada ao extremo. Ao mesmo tempo, South Park já enfrentou censura em diversos países e polêmicas com patrocinadores, especialmente quando aborda temas ligados a religião, política ou sexualidade.

Neste episódio da 27ª temporada, a decisão de manter a cena polêmica envolvendo Trump reforça a postura da série: não abrir mão da sátira, mesmo que isso implique tensões com sua própria distribuidora.

Cena final gera interpretações entre fãs

Outro momento que tem dado o que falar é a cena final do episódio, na qual Cartman (dublado por Trey Parker) diz “eu te amo, cara” para Butters (interpretado por Matt Stone). Para alguns fãs, a frase soa como um possível adeus, levantando especulações sobre mudanças na dinâmica da série ou até mesmo sobre a possibilidade de encerramento.

Além disso, a rapidez com que o episódio reagiu a acontecimentos recentes levou muitos a acreditar que ele foi alterado pouco antes da estreia. Essa característica é, inclusive, um dos trunfos da série: conseguir inserir comentários sobre eventos atuais com agilidade, tornando o conteúdo ainda mais relevante.

South Park e a luta pela liberdade criativa

O embate entre os criadores e a Paramount levanta uma discussão importante sobre liberdade artística em produções de grande porte. Quando uma série como South Park decide cutucar não apenas figuras políticas, mas também os próprios donos da plataforma que a exibe, ela reforça seu papel como um espaço de resistência criativa.

Esse tipo de posicionamento contribui para que a série continue sendo relevante no cenário atual, em que os limites entre crítica, humor e censura são constantemente discutidos.

O impacto cultural de South Park

Ao longo de suas mais de duas décadas no ar, South Park deixou de ser apenas um desenho irreverente para se tornar um fenômeno cultural. A série já recebeu diversos prêmios, foi tema de estudos acadêmicos e é frequentemente citada como um exemplo de como a animação pode ser usada para comentar sobre política, sociedade e comportamento humano.

Mesmo com todas as polêmicas, Trey Parker e Matt Stone conseguiram manter a série fresca e adaptada às novas gerações. O segredo? Apostar em um humor que provoca e incomoda, mas que, ao mesmo tempo, reflete discussões importantes sobre os rumos da sociedade.

Com a estreia da 27ª temporada, South Park prova que não perdeu sua essência: continua sendo a voz debochada que questiona, provoca e, acima de tudo, não tem medo de cutucar poderosos — nem mesmo quando eles têm contratos milionários com a produtora do programa.

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