SNOOP DOGG gera polêmica ao criticar representação LGBTQIA+ em filme infantil

Comentário sobre "Lightyear" repercute na web e levanta debate sobre diversidade em produções para crianças

Redação - SOM DE FITA

8/26/2025

O rapper norte-americano Snoop Dogg, conhecido mundialmente por sua longa trajetória na música, voltou a ser assunto nas redes sociais — desta vez, não por um lançamento ou parceria artística, mas por uma fala controversa a respeito da representação LGBTQIA+ em filmes infantis. Durante sua participação no podcast It’s Giving, o artista comentou a experiência de assistir a Lightyear (2022), animação da Disney e Pixar derivada do universo Toy Story.

As declarações, que rapidamente viralizaram, dividiram opiniões: de um lado, quem concordou com o desconforto do músico diante da cena; de outro, críticas severas à postura considerada antiquada e até homofóbica. O episódio reacendeu uma discussão já frequente: qual o papel da diversidade em produções voltadas para o público infantil?

O comentário de Snoop Dogg e a cena em "Lightyear"

Durante a entrevista concedida à Dra. Sarah Fontenot, Snoop relatou o momento em que levou o neto para assistir ao filme. O longa apresenta uma personagem com duas mães, algo que incomodou o rapper.

Segundo ele:

“Eles dizem: ‘Ela teve um filho com outra mulher’. Bem, meu neto, no meio do filme, diz: ‘Vovô Snoop? Como ela teve um filho com uma mulher? Ela é uma mulher!’. Eu não vim para essa merda. Só vim assistir ao maldito filme.”

O artista explicou que ficou sem reação diante da pergunta do neto e admitiu não saber como lidar com a situação:

“Estou com medo de ir ao cinema. Vocês me jogaram no meio de uma merda para a qual não tenho resposta… Fiquei perplexo. Fiquei pensando: ‘Que parte do filme é essa? São crianças. Temos que mostrar isso nessa idade? Elas vão fazer perguntas. Eu não tenho a resposta.'”

A fala chamou atenção justamente por expor a dificuldade de Snoop em lidar com uma situação que muitos consideram simples de ser explicada a uma criança. Para especialistas em educação e diversidade, esse tipo de cena em filmes é uma forma de normalizar diferentes arranjos familiares, sem que isso necessariamente represente um problema para a compreensão infantil.

O incômodo de Snoop também foi interpretado como reflexo de um choque geracional. Enquanto parte do público mais jovem lida com naturalidade diante de representações diversas, gerações anteriores ainda encontram resistência em aceitar tais narrativas dentro do entretenimento infantil.

Reações do público e a divisão nas redes sociais

Assim que o trecho da entrevista foi publicado, internautas de diferentes partes do mundo se manifestaram. Para muitos, a postura do rapper soou como uma recusa em aprender ou se atualizar diante das transformações sociais e culturais.

Um usuário destacou: “Você está me dizendo que, sendo um homem de mais de 50 anos, ainda não sabe como falar com uma criança sobre pais do mesmo sexo? Por que esse é um conceito tão difícil de entender?”

Outro comentário reforçou a percepção negativa: “Snoop pode simplesmente responder à pergunta honestamente. Explique à criança que as pessoas podem ter filhos por meio de vários métodos. Inseminação artificial. Adoção. Etc. Sua relutância em se esforçar e educar seus filhos não é motivo para sermos invisíveis.”

Houve também quem apontasse que Snoop estaria reforçando estigmas sobre casais homoafetivos ao encarar a cena como um incômodo. Nas redes sociais, a crítica foi direta: ele teria uma “visão horrível sobre o casal lésbico” e preferiu o choque em vez de buscar compreender como responder à curiosidade da criança.

Ainda assim, parte do público apoiou o músico, argumentando que a responsabilidade de abordar certos temas deveria ser exclusiva dos pais ou responsáveis. Para esse grupo, caberia às famílias escolherem o momento mais apropriado para introduzir discussões sobre diversidade sexual e de gênero.

Diversidade em produções infantis e o futuro do debate

O caso envolvendo Snoop Dogg não é isolado. Nos últimos anos, a inserção de personagens LGBTQIA+ em animações e séries voltadas ao público infantil tem provocado intensas discussões. Filmes como Lightyear e séries da Disney, Netflix e Cartoon Network já introduziram narrativas que fogem da tradicional família heteronormativa, algo que encontra resistência em setores mais conservadores.

A principal crítica de quem defende essa representatividade é que a diversidade já faz parte do mundo real e, portanto, deve estar refletida na ficção. Para eles, omitir ou evitar mostrar personagens com diferentes orientações sexuais e configurações familiares não apenas invisibiliza essas vivências, como também transmite a ideia de que são anormais.

No caso específico de Lightyear, a cena que tanto causou polêmica para Snoop Dogg é curta, simples e não interfere diretamente na trama central. Ainda assim, foi alvo de boicotes em alguns países e gerou debates inflamados sobre “ideologia de gênero” em produtos culturais para crianças.

Especialistas lembram que esse tipo de discussão revela muito mais sobre a falta de preparo dos adultos em lidar com o tema do que sobre a real complexidade para as crianças. Para elas, ter colegas, vizinhos ou amigos com dois pais ou duas mães é algo natural, e o estranhamento costuma vir da postura dos mais velhos.

A fala de Snoop Dogg evidencia como figuras públicas ainda podem repercutir fortemente em um debate que segue em aberto. De um lado, estão aqueles que veem a diversidade como essencial para refletir a sociedade contemporânea; de outro, quem considera cedo demais trazer essas narrativas para o entretenimento infantil.

Snoop Dog com dois de seus netos (Foto: Reprodução da Internet)

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