SILVAN GALVÃO une carimbó e cúmbia no single “BOCA DOCE”, parceria com a colombiana DAIA MUTIS
Faixa reforça diálogo entre Amazônia e América Latina sem abrir mão da força dos ritmos tradicionais
Redação - SOM DE FITA
12/5/2025




O multiartista paraense Silvan Galvão lançou o novo single “Boca Doce”, produzido ao lado de Bruno Mattos e com participação da cantora colombiana Daia Mutis. A música aprofunda a pesquisa de Silvan sobre o carimbó e seus desdobramentos contemporâneos, mantendo o diálogo entre ancestralidade, afeto e território — elementos que marcam toda a sua trajetória. Em um momento em que a música amazônica segue expandindo fronteiras, o artista entrega uma faixa que valoriza as raízes sem recorrer a exageros ou mistificações, mantendo o foco na força rítmica e na troca cultural entre Brasil e Colômbia.
“Boca Doce é um encontro de culturas dançantes, unindo o carimbó e a cúmbia com seus tambores tradicionais e maracas, ao lado de instrumentos contemporâneos como os sopros, guitarra, baixo e bateria. A letra da música é permeada de saudade, em uma afirmação de que estar ao lado da pessoa amada é o lugar mais desejado.” (Silvan Galvão)
A versatilidade de Silvan Galvão e a construção de um carimbó contemporâneo
Nascido em Alter do Chão, Silvan Galvão se consolidou como um dos nomes mais presentes na difusão do carimbó fora da Amazônia. Seu trabalho mescla banjo, curimbós, maracas e sopros com violão, guitarra, bateria e pedais de loop, permitindo que o carimbó apareça ora em sua forma tradicional “pau e corda”, ora em uma estética mais urbana e contemporânea. Essa dualidade marca não apenas seu repertório, mas também sua visão sobre como a música amazônica pode dialogar com o presente sem perder suas raízes.
As letras compostas por Silvan frequentemente abordam as relações entre povos amazônicos, o território e a preservação ambiental. Seus álbuns reforçam esse percurso: “Segredos Amazônicos” (2013), “Tambores que Cantam” (2016) — patrocinado pelo Banco da Amazônia — e “Silvan Galvão em Alter do Chão” (2017), registrado também em DVD com apoio da Fundação Cultural do Estado do Pará. O artista também lançou EPs significativos, como “Família Galvão” (2021), gravado ao lado de seus filhos, e “Mãe Amazônia” (2022), com participações de Patrícia Bastos, Nilson Chaves e Dira Paes.
Paralelamente ao trabalho fonográfico, Silvan se mantém ativo como mestre de cultura, ministrando oficinas de percussão e dança. Foi desse processo que nasceu o Carimbloco, bloco de ritmos amazônicos que reúne percussionistas, dançarinos, banjistas e sopristas. A vivência resultou no EP “Silvan Galvão e Carimbloco” (2018) e consolidou o artista como referência na transmissão oral dos ritmos da Amazônia no Sudeste.



Capa do single "Boca Doce", de Silvan Galvão e Daia Mutis. | Imagem: Divulgação

Circulação internacional, ativismo climático e reconhecimento institucional
A trajetória de Silvan também chama atenção pela circulação internacional: já se apresentou e ministrou oficinas em países como Alemanha, Azerbaijão, Emirados Árabes Unidos, Espanha, França, Portugal, Argentina, Chile, Bolívia e Estados Unidos. Em diversos festivais e centros culturais, ele tem reforçado o papel da música amazônica na compreensão global das lutas ambientais.
Esse engajamento se intensificou nos últimos anos, levando o artista a participar da COP28 (Dubai) e da COP29 (Azerbaijão), além da Climate Week, em Nova York. Seu show “Mãe Amazônia” se tornou uma ferramenta artística para discutir preservação ambiental, mudanças climáticas e a importância dos saberes tradicionais no enfrentamento da crise climática.
Em 2018, Silvan recebeu o Prêmio Culturas Populares / Ministério da Cultura, na categoria Mestre de Cultura Popular, uma conquista inédita para a manifestação amazônica e um reconhecimento do seu papel como guardião e transmissor de saberes.
Em paralelo, também criou iniciativas colaborativas como o projeto “Três Amazônias” (2017), ao lado de Patricia Bastos e Davi Assayag, e cofundou, em 2022, o movimento “Vozes da Amazônia”, destinado a fortalecer a presença de povos amazônicos como narradores protagonistas de sua própria história.
Daia Mutis e a ponte entre Brasil e Colômbia em “Boca Doce”
A presença de Daia Mutis no single reforça a dimensão intercultural da música. A cantora e compositora colombiana acumula 18 anos de pesquisa em danças e tradições afro-colombianas, especialmente nos Bailes Cantaos, práticas onde corpo e voz são indissociáveis. Seu trabalho com oficinas voltadas a crianças e músicos de comunidades vulneráveis a transformou em uma referência na interseção entre arte e educação.
A participação de Daia em “Boca Doce” não funciona como adereço, mas como complemento rítmico e afetivo ao diálogo proposto por Silvan. A união entre cúmbia e carimbó fortalece a ideia de que culturas de matriz afro-indígena da América Latina possuem pontos de contato profundos — tanto na música quanto na relação com o território.
A colaboração reafirma a intenção de Silvan de posicionar a música amazônica como parte de uma rede maior de tradições vivas do continente, expandindo horizontes sem perder a clareza sobre suas origens.
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