Séries sobre CRIMINOSOS BRASILEIROS dominam 2025 e revelam o fascínio do público pelo tema

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Redação - SOM DE FITA

11/7/2025

O Brasil se firmou, em 2025, como um dos principais polos de produção de séries sobre criminosos — reais ou fictícios. A tendência, que já vinha ganhando força nos últimos anos, atingiu seu auge com títulos como Tremembé, Dias Perfeitos e Os Donos do Jogo, que dominaram rankings de audiência nas plataformas de streaming e provocaram debates intensos nas redes sociais.

Essas produções exploram desde tramas inspiradas em casos verídicos até histórias criadas do zero, mas sempre com um olhar profundamente brasileiro sobre a criminalidade e seus desdobramentos. Em Tremembé, por exemplo, nomes como Suzane von Richthofen, Elize Matsunaga e Lindemberg voltam ao imaginário popular — não apenas como vilões, mas como figuras que ajudam o público a refletir sobre justiça, moral e mídia.

O resultado é uma mistura poderosa entre o interesse humano pelo crime e o reconhecimento cultural de uma realidade muito próxima. Afinal, como apontam os números de audiência, entender o crime brasileiro parece ser quase uma forma de compreender o próprio país.

Por que o público é tão fascinado por histórias de crime?

O sucesso das produções que abordam o crime não é por acaso. Há, segundo especialistas e estudiosos da área de psicologia e comportamento, uma curiosidade natural pelo funcionamento da mente criminosa. As pessoas querem entender o que leva alguém a atravessar a linha da lei, como essas decisões afetam outras vidas e de que forma a sociedade responde a esses atos.

“O que leva uma pessoa a cometer um crime? Como isso muda a vida dela e das pessoas envolvidas?”, são perguntas que, como lembra a matéria original, estão na base desse fascínio. E o formato das séries ajuda: episódios curtos, ritmo envolvente e enredos que equilibram tensão e empatia fazem dessas obras verdadeiras maratonas audiovisuais.

Mesmo quando o criminoso é conhecido — como nos casos de Suzane ou Lindemberg —, o público se mantém preso à narrativa por outro motivo: o desejo de entender como e por que tudo aconteceu. O suspense, nesse contexto, não está em descobrir o culpado, mas em desvendar o que há por trás de suas ações e motivações.

Um estudo da Universidade de Illinois, publicado em 2010, reforça esse comportamento ao apontar que mulheres tendem a se interessar mais por obras do gênero true crime do que os homens. Segundo a pesquisa, o que atrai é a forma como as histórias exploram o comportamento das vítimas e as estratégias de sobrevivência, além de revelar as causas psicológicas por trás dos atos criminosos.

Esses elementos emocionais e psicológicos, quando transportados para a realidade brasileira, ganham ainda mais peso, já que o público reconhece as ruas, os sotaques, as expressões e o contexto social de onde esses personagens saem.

O peso cultural das produções nacionais

Séries internacionais como Making a Murderer ou Mindhunter pavimentaram o caminho do gênero, mas é nas produções nacionais que o público brasileiro encontra um reflexo direto de sua própria sociedade. Afinal, entender o crime no Brasil é compreender uma teia complexa que envolve desigualdade, falhas no sistema judiciário e o papel da mídia na construção da narrativa pública.

"Dias Perfeitos", série Original Globoplay — Foto: Divulgação

Por isso, assistir a uma produção como Tremembé é muito mais do que consumir entretenimento: é revisitar casos emblemáticos que marcaram gerações. Desde o assassinato de Manfred e Marísia von Richthofen até o caso Eloá, cada história carrega em si a presença constante das câmeras, da opinião pública e da espetacularização do sofrimento humano.

Não é coincidência que o Linha Direta, programa clássico da TV brasileira, tenha voltado a ser referência quando se fala em obras sobre crimes reais. Ele ajudou a criar um imaginário coletivo no qual o crime é não apenas um acontecimento, mas um espetáculo midiático.

Em Tremembé, essa relação é abordada com profundidade. A série revisita trechos reais, como a famosa entrevista de Suzane von Richthofen a Gugu Liberato, e os transforma em parte essencial da narrativa. A fronteira entre realidade e ficção se dissolve, convidando o público a refletir não apenas sobre os criminosos, mas sobre o modo como a sociedade consome suas histórias.

O crime brasileiro como espelho social

O que torna as produções brasileiras sobre crime tão impactantes é o fato de que elas falam sobre nós. Diferente das histórias estrangeiras, nas quais os personagens habitam contextos distantes, as séries nacionais abordam questões que o público reconhece de perto: desigualdade, impunidade, corrupção e sensacionalismo midiático.

No Brasil, crimes emblemáticos se transformam em fenômenos culturais, extrapolando o noticiário policial e entrando na esfera da cultura pop. O caso Eloá, por exemplo, foi transmitido ao vivo pela televisão e permanece até hoje como um dos episódios mais emblemáticos da relação entre crime e mídia no país.

Em obras como Os Donos do Jogo, a ficção serve para questionar a fronteira entre poder e corrupção, enquanto Dias Perfeitos aposta na complexidade emocional de personagens que transitam entre moralidade e loucura. Essas narrativas expõem, de maneira simbólica, as contradições de um país onde a violência é cotidiana, mas o debate sobre suas causas ainda é superficial.

O público, por sua vez, parece cada vez mais disposto a encarar essas histórias de frente — não apenas como entretenimento, mas como um espelho do Brasil real.

O futuro do gênero: entre o vício e a reflexão

Com o sucesso crescente das produções de crime nacionais, é provável que o gênero continue a ocupar espaço de destaque nas plataformas de streaming. A combinação de realismo social, personagens complexos e tramas envolventes se mostra irresistível para o público, que se identifica com os temas e se mantém atento a cada lançamento.

Enquanto o crime continuar a fazer parte das manchetes e do cotidiano brasileiro, dificilmente ele deixará de inspirar novas narrativas audiovisuais. Afinal, como sintetiza a própria reportagem, “se está no dia a dia, se torna parte da mídia e do nosso imaginário coletivo”.

E, no fundo, é isso que as séries como Tremembé, Dias Perfeitos e Os Donos do Jogo revelam: o fascínio humano não está apenas na violência ou no escândalo, mas na tentativa constante de compreender o que existe por trás deles — um esforço tão irresistível quanto assistir ao próximo episódio.

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