ROB HALFORD relembra polêmica do álbum TURBO e celebra novos rumos do JUDAS PRIEST

Vocalista comenta rejeição inicial do disco, a evolução da banda e os preparativos para o festival Bloodstock 2026

Redação - SOM DE FITA

8/28/2025

O vocalista Rob Halford, lenda do heavy metal e líder do Judas Priest, voltou a falar sobre o controverso álbum Turbo (1986). Em entrevista à rádio britânica Planet Rock, ele destacou a importância histórica do disco, reconheceu as críticas que recebeu na época de lançamento e revelou detalhes sobre a participação da banda na próxima edição do Bloodstock Open Air, em 2026. O festival, que acontece em Catton Park, no Reino Unido, celebrará seus 25 anos e terá um show especial do Priest, coincidindo com os 40 anos de Turbo e os 50 anos de Sad Wings of Destiny (1976).

Questionado sobre como será feita a seleção de músicas para o setlist do evento, Halford admitiu que não é uma tarefa simples diante de tantas faixas clássicas.

“É muito difícil, cara. É tão difícil. Essa coisa [minha voz] que estou usando para falar com você, eu consigo soltar por cerca de uma hora e meia, se tiver sorte. E é uma alegria poder cantar desse jeito com essa banda maravilhosa. Mas, sim, você olha para as músicas, para as centenas de músicas e álbuns, e sua cabeça começa a girar como a Linda Blair em O Exorcista. E você apenas pensa: ‘Por onde vamos começar? Por onde vamos começar?’”, contou.

O músico também deixou claro que pretende incluir faixas de Turbo no repertório. Segundo ele, será um momento especial revisitar esse disco em um show tão marcante.

A rejeição inicial e a reavaliação de Turbo

Quando foi lançado em 1986, Turbo dividiu opiniões por trazer uma sonoridade mais experimental, com uso de sintetizadores. Halford relembrou o impacto desse momento:

“Você tem 30 mil maníacos do metal cantando ‘I’m your turbo lover’ nos shows do Priest hoje em dia, mas quando aquele álbum saiu, todo mundo queria jogá-lo no lixo. ‘O que é isso? Isso não é metal’.”

Apesar da resistência, Halford afirma que a diversidade musical sempre foi um ponto forte do Judas Priest:

“Você sabe como muitas bandas passam por diferentes humores, texturas e sentimentos conforme avançam. E o que eu amo no Priest é que podemos ser um Painkiller, podemos ser um Turbo Lover, podemos ser seu Invincible Shield. Então, o fato de o Priest conseguir criar todos esses tipos de música, mas ainda colocar o rótulo de heavy metal nisso, é importante.”

Hoje, o vocalista diz que se sente satisfeito com a forma como o álbum é visto:

“Mas estou feliz que Turbo seja abraçado. Eu o ouvi pela primeira vez em anos, há apenas alguns dias, e vejo os vídeos que fizemos, e todos nós tínhamos cabelo. O meu foi embora; foi para a região do Gandalf. Mas é um bom álbum. Foi realmente bem feito. Eu estava passando por alguns momentos difíceis na vida, mas aqui estou pela graça de Deus e assim por diante. Mas é um bom álbum. Então, vamos ver o que podemos trazer desse disco para o Bloodstock, além de ‘Turbo Lover’. Talvez possamos adicionar algumas outras faixas. E aí você ainda tem todas as outras músicas para olhar. Então vai ser especial, esse Bloodstock, de mais de uma maneira.”

O processo criativo e os excessos dos anos 1980

Halford também falou sobre a atmosfera em que Turbo foi concebido. Em entrevista anterior, ao podcast The Rock Brigade em 2017, ele contou que a banda finalmente teve mais tempo para trabalhar no álbum, diferente do ritmo alucinante do início da década.

“Houve um período no começo dos anos 1980 em que o Priest estava literalmente lançando um disco a cada ano e fazendo uma turnê mundial a cada ano. Como conseguimos fazer isso, eu não sei. Estávamos simplesmente em chamas, vivendo os melhores momentos de nossas vidas, tínhamos prazos a cumprir, tínhamos algo incrível acontecendo com a gravadora.”

O cantor também não escondeu que vivia intensamente o estilo de vida da época:

“Então, é o seguinte. Turbo, em meados dos anos 1980, certo? Tivemos um pouco de tempo para recuar e fazer esse disco com calma. Então estávamos em um lugar diferente. Quero dizer, eu estava em um lugar diferente, porque tinha tanta cocaína no meu nariz que não sei como conseguia passar pelos dias da semana, porque eu estava fora de controle naquela época, pessoalmente. O que quero dizer é que a América em 1986 e em meados dos anos 1980 era… onde quer que você fosse, havia coisas incríveis acontecendo no rock e no metal. Sempre reflito que os anos 1980, particularmente nos Estados Unidos, foram uma das maiores décadas para o nosso tipo de música. Então estávamos envolvidos em tudo aquilo, na empolgação, nos bons momentos, nas festas sem parar. Acho que estávamos apenas… estávamos curtindo o momento, sabe. A banda estava se divertindo muito, e havia muito disso na música de Turbo.”

O resultado desse período foi um álbum que, apesar de controverso, conquistou espaço com o tempo. Em 2017, Turbo ganhou uma reedição remasterizada pela Sony Music, incluindo três CDs (o álbum original e dois discos bônus) e uma versão em vinil de 150 gramas. Entre os extras, estava Live in Kansas City, um registro inédito da turnê Fuel For Life, realizada em 1986 para divulgar o disco.

Um show que promete marcar época

O Judas Priest chega ao Bloodstock 2026 com uma bagagem invejável: meio século de carreira, dezenas de álbuns e uma legião de fãs espalhados pelo mundo. A apresentação, que coincidirá com datas históricas de sua discografia, promete ser um dos pontos altos da edição comemorativa do festival.

Mais do que uma celebração, será também a chance de revisitar um dos capítulos mais polêmicos da história do metal. Turbo, antes rejeitado, agora retorna como parte essencial do legado de uma das maiores bandas do gênero.

Foto: Jim Dyson/Getty Images

mais notícias: