
ROB HALFORD fala sobre HOMOFOBIA nos EUA e relembra sua saída do armário no HEAVY METAL
Vocalista do Judas Priest reflete sobre aceitação, carreira e relacionamentos
Redação - SOM DE FITA
9/25/2025






Rob Halford, lendário vocalista do Judas Priest, voltou a comentar sobre sua trajetória pessoal e os desafios que enfrentou ao assumir publicamente sua homossexualidade em 1998. Em entrevista ao podcast Queer The Music, apresentado por Jake Shears, o músico britânico destacou que, apesar dos avanços, a homofobia ainda é uma realidade nos Estados Unidos e que sua experiência como artista gay no mundo do heavy metal foi marcada por coragem, resistência e transformação.
“A América ainda é incrivelmente homofóbica”
Ao ser questionado se o cenário do heavy metal mudou desde que se assumiu publicamente, Halford respondeu de forma direta: “Oh, sim, embora dependa de onde você está. A América ainda é incrivelmente homofóbica. Eu moro aqui há muito tempo e vi muita coisa desde os anos 80. Isso realmente me deixa com raiva e chateado”.
O cantor também comentou sobre as reações que ainda escuta de alguns fãs, mesmo décadas depois de ter saído do armário. “Quando subo ao palco com o Priest, alguns caras ainda dizem: ‘Eu amo Judas Priest, mas não sou gay’. Esse tipo de comentário continua existindo, mesmo que em menor escala”.
Apesar disso, Halford ressalta que o poder da música transcende rótulos. Para ele, o palco é um espaço de união e liberdade: “Quando eu saio para cantar e sei que todos ali vieram pela música, acredito que estão com aceitação no coração. Não deveria importar a sexualidade de ninguém. O que conta é a arte, o trabalho e o que você faz. Só isso importa”.
O dia em que Rob Halford se assumiu
A revelação de Halford aconteceu em 1998, de maneira inesperada, durante uma entrevista para a MTV, enquanto divulgava seu projeto paralelo, a banda 2WO, ao lado de Trent Reznor e John 5. O cantor relembra: “Eu estava em Nova York, com delineador preto, casaco de pele e a cabeça raspada. Estávamos falando sobre a banda e, de repente, eu disse: ‘Bem, falando como um homem gay…’. E aí ouvi uma prancheta caindo no chão, porque eu havia anunciado formalmente ao mundo que era gay”.
Halford confessa que, após a entrevista, teve dúvidas sobre sua decisão: “Voltei para o hotel, sentei no quarto e pensei: ‘O que eu fiz?’. Mas logo percebi: ‘Eu não me importo’”.
Segundo ele, não houve planejamento para aquele momento. “Foi muito natural, porque não tinha sido premeditado. Eu não acordei pensando: ‘Hoje vou me assumir’. Foi apenas um fluxo de consciência durante a conversa, e saiu”.
A repercussão foi imediata, e o vocalista recebeu inúmeras mensagens de apoio de fãs que se sentiram inspirados a se abrir com suas famílias. “Dentro de dias, minha caixa de correio estava cheia de pessoas do mundo todo dizendo: ‘Por causa do que você fez, consegui contar para os meus pais que sou gay’”.
Relacionamentos, casamento e conselhos de vida
Além de falar sobre sua trajetória, Halford também compartilhou reflexões sobre relacionamentos. Em tom descontraído, deu um conselho ao apresentador Jake Shears, que está em um relacionamento há cerca de um ano: “Se um cozinha, o outro lava a louça. Tem que ser 50-50. Se não houver equilíbrio e harmonia, não funciona. Amar alguém não significa perder a própria independência”.
O cantor também contou detalhes de seu casamento simples e íntimo com seu parceiro de longa data, Thomas, com quem está há mais de três décadas. “Nos casamos há cerca de um ano, perto de um cacto, com dois amigos próximos como testemunhas. Foi algo rápido, mas lindo. O casamento é uma escolha pessoal. Para nós, foi um passo de compromisso que levou a relação a outro nível”.
O peso do silêncio nos anos 80
Halford ainda relembrou o período em que viveu no armário, nos anos 80, enquanto o glam rock dominava o cenário com bandas como Mötley Crüe, Poison e Skid Row. Ele comentou a contradição de ver músicos heterossexuais usando maquiagem e roupas extravagantes enquanto ele, por medo de perder sua carreira, escondia sua sexualidade.
“Eu nunca consegui entender isso. Como eu não podia me assumir por medo de destruir minha vida, enquanto outros caras podiam subir ao palco maquiados e todo mundo os chamava de ‘hardcore’? Foi uma época notável para o metal e para o rock, mas cheia de contradições”, afirmou.
Ainda assim, Halford acredita que aquela estética abriu pequenas brechas para maior aceitação dentro da comunidade LGBTQ+. E, olhando em retrospecto, enxerga sua própria jornada como um milagre: “Alguém lá de cima ou atrás de mim esteve cuidando de mim por todo esse tempo. Hoje, tenho uma compreensão melhor da vida, fruto da sabedoria”.
Rob Halford, vocalista do Judas Priest | Foto: Carsten Snejbjerg/AP


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