
RITA LEE em “VAMP”: A Aparição Roqueira que Uniu o Rock e a Telenovela nos Anos 90
Como Lita Ree, a rainha do rock brasileiro brilhou em um dos momentos mais emblemáticos da teledramaturgia da Globo, misturando fantasia, humor e música em uma participação que marcou gerações
Redação - SOM DE FITA
8/8/2025




Na virada dos anos 1990, o Brasil vivia uma era de experimentações culturais. A televisão explorava formatos inusitados e a música, especialmente o rock nacional, estava em plena ebulição. Nesse contexto, a novela Vamp, da TV Globo, criada por Antônio Calmon e exibida originalmente entre 1991 e 1992, virou um fenômeno ao misturar vampiros, humor e muita música. E foi nessa atmosfera de criatividade e irreverência que Rita Lee, a eterna rainha do rock brasileiro, fez uma participação especial mais que simbólica.
Interpretando Lita Ree — um trocadilho criativo com seu próprio nome — Rita não apenas fez uma ponta: ela cravou seu nome em uma das novelas mais lembradas da televisão brasileira. Sua presença serviu como ponte entre o universo da música e da teledramaturgia, e até hoje é lembrada com carinho por fãs de ambos os mundos.
Quando Rita Lee Se Transformou em Vampireza
Na novela Vamp, a trama girava em torno de Natasha (interpretada por Cláudia Ohana), uma roqueira que fazia um pacto com o vilão Vlad (Ney Latorraca) em troca do sucesso musical. A personagem, com visual dark e atitude rebelde, tinha inspiração clara nas figuras do rock oitentista — e por isso fazia todo sentido que Rita Lee, ícone máximo da irreverência e da sonoridade alternativa no Brasil, surgisse no enredo.
Rita apareceu na fictícia cidade de Armação dos Anjos, onde boa parte da história se desenvolvia. Sua personagem, Lita Ree, era claramente uma extensão de si mesma: cantora, excêntrica e absolutamente magnética. O momento da sua aparição foi especial para Natasha, que a via como ídola. Em cena, Rita chega distribuindo autógrafos e presenteando Natasha com uma música. Em seguida, surpreende a todos ao revelar sua verdadeira natureza:
“Qual é, Natasha, vai me dizer que ainda não me sacou?”, diz Lita Ree, exibindo os dentes pontiagudos e confirmando que também é uma vampireza.
A cena teve tom cômico e místico, características centrais da novela, e caiu no gosto do público que acompanhava a produção. A participação da cantora não só fez sentido no enredo como reforçou o tom fantástico e musical da trama, consolidando Vamp como uma novela realmente diferente do padrão da época.
O Legado de Uma Participação que Ultrapassou a Ficção
A presença de Rita Lee em Vamp não foi apenas um “crossover” inusitado. Foi uma celebração da arte e da cultura pop brasileira. Rita já era uma figura amplamente admirada por sua autenticidade e talento, e sua aparição serviu como um aceno direto aos jovens da época, que encontravam em Vamp uma representação mais próxima de suas referências culturais.
Além disso, o episódio ajudou a consolidar a ideia de que novelas poderiam ser mais do que dramas românticos ou familiares. A mistura de humor, fantasia e música — com nomes consagrados da cena musical nacional — abriu caminho para outras experiências televisivas e provou que o público estava aberto ao novo.
Rita, que sempre se destacou por quebrar padrões e subverter expectativas, fez de sua breve passagem pela novela um momento memorável. Mesmo com poucos minutos em cena, conseguiu imprimir sua personalidade única e transformar um simples cameo em um marco cultural.
Até hoje, fãs da novela e admiradores da cantora relembram com entusiasmo a cena em que Lita Ree surge de forma quase mística, trazendo consigo uma aura de liberdade, irreverência e criatividade que só Rita Lee sabia entregar.
Rita Lee e a Televisão: Uma História de Conexões
Embora não tenha sido atriz de carreira, Rita Lee sempre teve uma relação próxima com a TV. Ao longo das décadas, participou de programas musicais, talk shows e, eventualmente, de obras ficcionais. Sua presença sempre foi sinônimo de carisma, senso de humor ácido e autenticidade.
Em Vamp, essa relação foi elevada a outro nível, pois a novela explorava justamente o universo onde Rita sempre reinou: o da liberdade artística. Sua personagem, ainda que ficcional, nada mais era do que um reflexo de sua persona pública — algo que, paradoxalmente, tornava tudo ainda mais crível.
O nome Lita Ree, espelho invertido de Rita Lee, representava mais do que uma brincadeira fonética: era um comentário sutil sobre como a artista influenciava a cultura brasileira a ponto de ser reconhecida até mesmo na ficção como uma figura essencial.
A participação de Rita Lee como Lita Ree em Vamp não foi só um momento curioso da TV brasileira — foi a junção de dois mundos que marcaram uma geração: o da música rebelde e o da novela popular. Com humor, irreverência e um toque de gótico tropical, Rita provou mais uma vez que podia habitar qualquer espaço da cultura nacional com maestria. E mesmo vestida de vampireza, ela não sugava energia: ela entregava, em cada fala e gesto, o puro suco da genialidade artística brasileira.
Confira a cena pitoresca abaixo:

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