Durante uma transmissão ao vivo em seu canal no YouTube, o jornalista e crítico musical Regis Tadeu respondeu a uma pergunta que frequentemente intriga os fãs do Pink Floyd: qual seria o álbum mais subestimado da banda? Sem titubear, Regis escolheu “a trilha do 'Obscured by Clouds'", referindo-se ao sétimo disco da lendária banda britânica, lançado em 1972. A obra, concebida como trilha sonora para o filme francês La Vallée, de Barbet Schroeder, costuma ser considerada por muitos como um trabalho menor dentro da vasta discografia do grupo.

Regis, no entanto, diverge dessa visão: “Ninguém quase fala sobre esse disco, e é realmente um belo disco!”, afirmou com entusiasmo.

O álbum foi gravado em ritmo acelerado, entre compromissos de turnê e a preparação para aquele que se tornaria o divisor de águas na carreira do Pink Floyd: The Dark Side of the Moon. Mesmo assim, Obscured by Clouds revela uma banda em plena transição. O psicodelismo característico de álbuns anteriores ainda está presente, mas já se insinua uma sonoridade mais direta e acessível, perceptível em faixas como “Wot’s... Uh the Deal” e “Free Four”, que flertam com uma estrutura mais pop/rock.

Na live, Regis foi direto ao comentar também sobre o filme que originou a trilha: “É um disco que pode muito bem ser apreciado longe do filme, que é uma merda, uma besteirada”, disparou, deixando claro que o valor do álbum transcende a obra cinematográfica, frequentemente criticada por ser considerada arrastada e pouco envolvente.

Além de sua qualidade musical, o disco representa um ponto de virada na trajetória do Pink Floyd. É o último álbum antes da explosão global proporcionada por The Dark Side of the Moon. Nele, a banda soa mais espontânea e menos comprometida com grandes conceitos, apostando em arranjos crus e composições mais diretas — um espírito que se diluiria na busca por obras cada vez mais grandiosas.

Embora com o passar dos anos Obscured by Clouds tenha conquistado novos admiradores entre os fãs mais atentos e colecionadores, continua sendo uma joia rara pouco citada no catálogo da banda. Ao resgatar essa obra, Regis Tadeu reforça a importância de revisitar os cantos menos óbvios da discografia do Pink Floyd — e quem sabe, redescobrir um disco que surpreende justamente por não carregar a fama de um “clássico”.

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