Quando OZZY Mudou Tudo: A Orientação Que Levou JAKE E. LEE a Criar o Solo Icônico de “BARK AT THE MOON”

Guitarrista revelou que o solo original da faixa-título seria bem diferente — até receber um conselho direto do Príncipe das Trevas e improvisar.

Redação - SOM DE FITA

8/11/2025

Jake E. Lee entrou para a banda de Ozzy Osbourne em 1982 e ficou até 1987. Sua estreia ao lado do Madman aconteceu no álbum Bark at the Moon (1983), um marco na carreira solo do cantor e que trouxe a faixa-título como um de seus maiores sucessos.

Embora não tenha sido oficialmente creditado pela composição, Jake foi peça-chave na criação da música. Recentemente, em entrevista à Guitarist (via Ultimate Guitar), o guitarrista contou que o solo original pensado para a canção era totalmente diferente do que ouvimos hoje.

A ideia inicial era algo “mais melódico”, inspirado no estilo de Neal Schon, guitarrista do Journey. Jake acreditava que essa abordagem combinava com a música:

“Eu já tinha toda a segunda parte do solo resolvida e a primeira parte era completamente diferente na minha cabeça. Era mais melódica, mais no estilo Neal Schon. Eu tinha certeza de que ia funcionar. Ainda consigo ouvir na minha cabeça e continuo achando que funcionaria.”

O problema é que ele não conseguia executar o solo exatamente como imaginava. Nesse momento, Ozzy entrou no estúdio, notou a dificuldade e foi direto ao ponto:

“Passei a noite inteira tentando tocar do jeito que estava na minha mente e sei que o [produtor] Max Norman estava ficando frustrado. E eu também estava frustrado. Então Ozzy entrou no estúdio e disse: ‘que p#rr@ é essa?’. Eu disse em resposta: ‘o solo não está exatamente como eu quero, mas está perto’. E ele respondeu: ‘não, não, isso não está funcionando, vai lá e só improvisa’.”

Jake seguiu a orientação, improvisou e, para surpresa dele, Ozzy e o produtor aprovaram na hora:

“O solo que acabou no disco foi minha segunda tentativa, só improvisando. Ozzy ouviu e disse: ‘é isso’ e Max concordou. Pensei: ‘É sério? Eu nem pensei em nada enquanto tocava, só estava ali tirando um som. Como é que isso pode ser o solo?’.”

A Dinâmica na Banda e a Relação com Ozzy

Na época, Jake ainda era o “novato” na banda e preferia evitar conflitos. Em entrevista à Guitar World em 1986, ele explicou como funcionava o processo criativo no grupo:

“No álbum ‘Bark at the Moon’, eu me aproximei de Ozzy com muito cuidado, porque eu era o novato e poderia ser dispensado a qualquer momento. Eu simplesmente tocava alguns riffs para ele, e se ele gostasse, a banda inteira trabalhava em cima. Mas quando eu componho um riff, eu também faço o verso, o refrão e tudo ao redor. Bob Daisley [baixista] costumava mudar alguma parte aqui ou ali e Ozzy também alterava alguma coisa, mas era basicamente isso. Eu não discutia muito quando não gostava de como algo estava ficando.”

Essa postura colaborativa, somada ao peso de trabalhar com uma das maiores lendas do rock, fez com que Jake se adaptasse ao estilo e às decisões de Ozzy. O resultado foi um dos solos mais emblemáticos da carreira do Madman.

Problemas de Saúde e Retorno aos Palcos

Antes de ser baleado em outubro do ano passado, Jake E. Lee já estava afastado dos holofotes havia algum tempo. Rumores indicavam problemas de saúde que poderiam ter comprometido sua carreira. Em entrevista ao Tone-Talk, ele esclareceu os boatos, revelando que foi vítima de um erro médico.

Inicialmente, recebeu diagnóstico de síndrome do túnel do carpo, informação que circulou publicamente através de Greg Chaisson. Mas, após novos exames, descobriu-se que o problema era outro:

“Pensei que tinha síndrome do túnel do carpo. Fui a um neurologista, enfiaram agulhas em mim e depois me eletrocutaram. Disseram que eu tinha síndrome do túnel do carpo. Então marquei uma consulta com uma cirurgiã de pulso, o que demorou um pouco. Ela pediu alguns raios X, o que ninguém tinha feito até então. Quando chegaram os resultados, ela disse: ‘Você não tem síndrome do túnel do carpo. Se alguém tivesse tirado um raio X do seu pulso, teria visto’.”

O diagnóstico final revelou um desgaste natural das articulações:

“Aparentemente não tenho mais cartilagem na mão direita e muito pouco na esquerda, embora a segunda não me incomode. É osso com osso, esfregando um no outro. Agora estou tomando injeções de cortisona no pulso — muito divertido — e fazendo fisioterapia para fortalecer os músculos ao redor, faço muitos alongamentos. É sobre controle da dor agora. É isso ou fundir os ossos, o que eu acho que Steve Morse fez. E isso mudará seu estilo de tocar. Se você fundir isso, agora é tudo cotovelo — talvez dedos, eu acho. Então eu vou ter cotovelo de tenista. Então ela disse que recomenda controle da dor. ‘Vamos ver se conseguimos fazer você tocar sem fundir os ossos’, o que parece bem radical.”

Mesmo com as dificuldades, Jake marcou presença no festival de despedida de Ozzy e do Black Sabbath, realizado em 5 de julho. Ele tocou ao lado de um supergrupo formado por Lzzy Hale (Halestorm), Nuno Bettencourt (Extreme), David Ellefson (ex-Megadeth), Mike Bordin (Faith No More, ex-Ozzy Osbourne) e Adam Wakeman (Ozzy, Black Sabbath).

A participação foi um lembrete de que, apesar dos obstáculos, Jake E. Lee ainda mantém vivo o espírito criativo que ajudou a moldar um dos momentos mais marcantes da carreira de Ozzy Osbourne.

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