Quando a Trilha Vira Protagonista: Músicas de Filmes Nordestinos que Mereciam um Grammy

Sete obras sonoras que ultrapassam a tela e mereciam reconhecimento global

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Redação - SOM DE FITA

5/12/2025

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O cinema feito no Nordeste do Brasil sempre teve uma pegada única — vibrante, desafiadora, poética. Mas em meio aos visuais marcantes e narrativas de resistência, tem um componente que muitas vezes rouba a cena: a música. Algumas trilhas sonoras de filmes nordestinos são tão bem construídas e potentes que poderiam tranquilamente disputar prêmios internacionais como o Grammy. A seguir, selecionamos sete dessas pérolas — obras em que a trilha sonora é tão protagonista quanto qualquer personagem.

O Homem que Desafiou o Diabo (2007)

Direção: Moacyr Góes | Música: André Moraes e Gilberto Gil

Inspirado no cordel "As Pelejas de Ojuara", esse filme é pura mistura de aventura, sátira e brasilidade. A trilha, assinada por André Moraes com músicas originais de Gilberto Gil, é um passeio sonoro que junta baião, xaxado e pitadas de psicodelia regional. O resultado é uma sonoridade viva, que costura o misticismo e o humor da narrativa com perfeição. Não é só trilha — é um manifesto musical da cultura nordestina.

Baile Perfumado (1996)

Direção: Lírio Ferreira e Paulo Caldas | Trilha: Chico Science, Nação Zumbi, Mundo Livre S/A

Esse aqui é o batismo sonoro do manguebeat no cinema. Com maracatu pesado, guitarras sujas e crítica social no volume máximo, a trilha de Baile Perfumado vira uma espécie de documento histórico musical da Recife dos anos 90. É suada, pulsante e cheia de identidade. Não por acaso, ainda é referência quando o assunto é trilha sonora brasileira com atitude.

O Céu de Suely (2006)

Direção: Karim Aïnouz | Trilha: DJ Dolores

Com uma pegada mais intimista, a trilha de DJ Dolores para O Céu de Suely é um sopro de modernidade com raízes fincadas no sertão. Eletrônica com sotaque nordestino, que embala a história de Hermila com sensibilidade e tensão. É som que traduz silêncio, desejo e fuga — tudo isso com muita elegância. Dava fácil pra levar um Grammy alternativo.

Cinema, Aspirinas e Urubus (2005)

Direção: Marcelo Gomes | Trilha: Tomás Alves Souza

Minimalista e com alma, a música desse filme é puro sentimento. Tomás Alves Souza cria um pano de fundo delicado para uma história de encontros improváveis no sertão. A trilha não invade, não grita — ela preenche o vazio com poesia. Um trabalho que mostra que às vezes, menos é mais. Muito mais.

Tatuagem (2013)

Direção: Hilton Lacerda | Trilha: DJ Dolores e Lirinha

Subversão também tem trilha sonora, e aqui ela vem de forma intensa. Dolores e Lirinha constroem uma música que pulsa entre o cabaré, o regional e o rock alternativo. É provocação sonora que acompanha cada cena do filme como um manifesto. Tem identidade, tem peso, tem ousadia. E tem cara de premiação gringa.

A Luneta do Tempo (2014)

Direção e trilha: Alceu Valença

Alceu Valença assina a direção e a música deste épico cangaceiro, onde som e imagem se fundem como em um espetáculo de ópera popular. A trilha é rica em aboios, emboladas, cantigas e lirismo. É tradição em forma de psicodelia sertaneja. Uma obra que não apenas embala a narrativa — ela É a narrativa.

Narradores de Javé (2003)

Direção: Eliane Caffé | Trilha: Naná Vasconcelos

Com mãos de mestre, Naná Vasconcelos cria uma trilha que parece brotar da terra rachada do sertão. Ruídos, pausas, vozes e percussões compõem uma música que respira com o filme. É uma celebração da oralidade e da resistência. A trilha é tão única quanto o próprio Naná — e por isso, eterna.

Quer sentir o poder dessas trilhas no ouvido?

Preparamos uma playlist especial com músicas dos filmes citados — é só dar o play e deixar o cinema nordestino invadir seus sentidos.