Quando a MÚSICA se Torna VINGANÇA: Bandas Criadas por Orgulho, Rixa e Desforra

Subtítulo: Alguns grupos nasceram não apenas da paixão pela arte, mas também de ressentimentos, disputas pessoais e a necessidade de provar um ponto.

Redação - SOM DE FITA

9/9/2025

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No universo da música, especialmente no rock e no metal, rivalidades e tensões criativas são ingredientes tão comuns quanto guitarras distorcidas e letras intensas. Há casos em que essas tensões resultaram em rompimentos e reconciliações. Mas também existem histórias em que a chama da vingança foi tão poderosa que levou músicos a fundar bandas inteiras apenas para desafiar antigos colegas, provar o próprio valor ou simplesmente mostrar que podiam ir mais longe. A seguir, conheça algumas das formações mais emblemáticas que nasceram movidas pela fúria e pelo desejo de revanche.

1. Megadeth – A vingança de Dave Mustaine contra o Metallica

A história mais famosa da música pesada sobre vingança é, sem dúvida, a de Dave Mustaine. Em 1983, o guitarrista foi expulso do Metallica pouco antes da gravação do álbum Kill ’Em All. Humilhado e tomado pelo rancor, Mustaine jurou criar uma banda ainda mais pesada e técnica que a dos ex-colegas. Assim nasceu o Megadeth, que não só alcançou enorme sucesso, como se tornou um dos pilares do thrash metal, ao lado do próprio Metallica. O clássico Rust in Peace (1990) é considerado até hoje uma resposta feroz e técnica à perda que Mustaine sofreu, consolidando o Megadeth como lenda.

2. Foo Fighters – O renascimento de Dave Grohl após o Nirvana

Embora menos agressiva, a fundação do Foo Fighters também pode ser vista como um ato de superação e resposta à tragédia. Após a morte de Kurt Cobain e o fim abrupto do Nirvana em 1994, Dave Grohl se viu perdido, mas decidiu provar que poderia seguir carreira não apenas como baterista, mas como cantor, compositor e líder. O Foo Fighters nasceu como um projeto solo de vingança contra o destino e contra a ideia de que ele não conseguiria sobreviver artisticamente sem Cobain. Hoje, a banda é uma das maiores do rock mundial, com hits que ecoam nos maiores festivais.

3. Audioslave – A resposta a uma ruptura amarga

Após a saída de Zack de la Rocha do Rage Against the Machine em 2000, os instrumentistas da banda ficaram órfãos de um vocalista. Ao invés de desistir, eles se uniram a Chris Cornell, ex-Soundgarden, e formaram o Audioslave. Mais do que uma simples continuidade, o grupo nasceu como uma espécie de afronta: provar que o talento instrumental do Rage poderia brilhar mesmo sem o vocalista original. O resultado foi explosivo, com álbuns que misturaram o peso das guitarras com o alcance vocal único de Cornell, gerando sucessos como Like a Stone e Cochise.

4. Guns N’ Roses (fase pós-Slash e Duff) – A insistência de Axl Rose

Quando os integrantes clássicos começaram a deixar o Guns N’ Roses nos anos 90, muitos acreditaram que Axl Rose não conseguiria sustentar o nome da banda sozinho. Movido por orgulho e pela necessidade de mostrar que ainda estava no controle, Axl remontou a formação praticamente do zero. Durante anos, essa versão foi alvo de críticas e desconfiança, mas Axl persistiu, lançando o controverso Chinese Democracy em 2008 após mais de uma década de produção. Mais do que um álbum, ele representou a teimosia vingativa de Axl em provar que não precisava dos antigos parceiros para manter a chama do Guns acesa.

5. Velvet Revolver – A revanche dos ex-Guns N’ Roses

Por outro lado, Slash, Duff McKagan e Matt Sorum também não ficaram quietos após romper com Axl Rose. Determinados a mostrar que ainda tinham peso no cenário musical, formaram o Velvet Revolver em 2002 ao lado de Scott Weiland, vocalista do Stone Temple Pilots. A banda foi encarada por muitos como a resposta direta aos anos de domínio de Axl sobre o Guns. Com Contraband (2004), o Velvet Revolver alcançou sucesso imediato, levando a energia e a fúria das guitarras clássicas a uma nova geração.

6. Sepultura (pós-Max Cavalera) – A resistência contra a saída de um líder

A saída de Max Cavalera em 1996 parecia o fim de uma era para o Sepultura. Porém, Andreas Kisser e os demais integrantes decidiram manter a banda ativa, contratando Derrick Green como vocalista. Muitos viam a decisão como arriscada, já que Max era a alma criativa do grupo. Mas, em vez de encerrar a história, o Sepultura mostrou resiliência, lançando discos como Against (1998) e mantendo uma carreira sólida. Em certo sentido, essa continuidade foi uma vingança contra as previsões de fracasso e uma forma de afirmar que o legado do Sepultura era maior do que um nome.

Conclusão: a vingança como combustível criativo

Essas histórias mostram que a vingança, embora muitas vezes associada a sentimentos negativos, pode ser um poderoso combustível para a criação artística. No caso dessas bandas, a raiva, o orgulho ferido ou o desejo de provar algo foram transformados em música de impacto global, gerando discos históricos e inspirando gerações de fãs. Afinal, no mundo do rock, não basta apenas talento — às vezes é a dor, a fúria e a necessidade de revanche que acendem as guitarras e fazem nascer verdadeiras lendas.

Dave Mustaine, do Megadeth, em 2024 - Foto: Mariano Regidor / Redferns

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