
Produtor revela o valor que OZZY OSBOURNE dava ao baixo em suas gravações de estúdio
Produtor Andrew Watt revela bastidores e o perfeccionismo do “Príncipe das Trevas” em relação ao Baixo em suas músicas
Redação - SOM DE FITA
10/3/2025






A morte de Ozzy Osbourne em julho de 2025 encerrou uma das trajetórias mais marcantes da história do rock. Mas seu legado continua vivo em cada detalhe de sua música — e novas histórias sobre seu perfeccionismo ainda vêm à tona. Em entrevista à Rolling Stone, o produtor Andrew Watt revelou uma faceta pouco comentada do artista: a verdadeira obsessão do “Príncipe das Trevas” pelo som do baixo nas gravações de estúdio.
Segundo Watt, Ozzy não apenas valorizava o instrumento, como o colocava no centro de sua concepção do rock. “Ele dizia que o baixo é a coisa mais importante em uma música de rock. Nos discos que fizemos juntos, há muito baixo porque era assim que ele queria”, contou o produtor.
Essa visão ajuda a entender a forma como o cantor via a música — como algo que precisava ter uma base sólida, capaz de sustentar tanto a agressividade quanto a melodia.
O legado recente: “Ordinary Man” e “Patient Number 9”
Nos últimos anos de sua vida, Ozzy Osbourne ainda mostrou energia criativa. Trabalhando com Andrew Watt, lançou “Ordinary Man” (2020) e “Patient Number 9” (2022), dois álbuns que ampliaram sua discografia e o conectaram com novas gerações.
Esses discos não foram apenas mais capítulos de sua carreira; eles se tornaram testemunhos de sua vitalidade artística. O envolvimento de Ozzy em cada etapa, da composição à mixagem, desmente a ideia de que, com tantos problemas de saúde, ele já estaria distante do processo. Pelo contrário: sua mente seguia atenta e exigente.
A ênfase no baixo, revelada por Watt, dá ainda mais sentido à sonoridade robusta dessas obras. O grave pulsante que domina várias faixas é fruto direto da visão do músico sobre o que realmente sustentava uma canção de rock.
Ozzy no estúdio: inteligência e humor até o fim
Andrew Watt também destacou como era conviver com Ozzy em estúdio. Para ele, o cantor se mostrava muito mais do que a imagem caricata que a cultura pop consolidou ao longo das décadas. “Você podia pensar que ele não estava ouvindo, mas ele captava tudo e sempre vinha com uma observação certeira”, relatou o produtor, chamando-o de um “gênio literal”.
Essa descrição traz à tona a faceta mais humana e, ao mesmo tempo, genial do vocalista: atento, sagaz e dono de um senso de humor que iluminava o ambiente de gravação. Mesmo fragilizado, Ozzy manteve até os últimos anos a capacidade de surpreender, orientar e direcionar seus projetos musicais.
Ao ser questionado sobre gravações inéditas, Watt foi enigmático: “Não posso falar sobre isso!”. A resposta deixou no ar a possibilidade de que novas músicas possam vir à tona no futuro, o que transformaria qualquer lançamento póstumo em um acontecimento global.
A força de um legado eterno
A revelação de Andrew Watt não é apenas uma curiosidade técnica: ela reforça a forma como Ozzy enxergava a música em sua essência. Para ele, o rock não existia sem a pulsação do baixo — uma visão que ecoa desde os tempos do Black Sabbath, banda que praticamente definiu as bases do heavy metal.
Sua morte deixou uma lacuna irreparável, mas também trouxe um novo olhar sobre seu legado. Cada história contada por aqueles que trabalharam ao seu lado ajuda a construir a imagem de um artista que nunca deixou de ser exigente, criativo e apaixonado pelo que fazia.
“Ordinary Man” e “Patient Number 9”, agora, soam como despedidas cuidadosamente moldadas, em que cada detalhe foi pensado. A presença intensa do baixo é mais do que uma marca sonora: é o reflexo daquilo que Ozzy acreditava ser o coração do rock.
Seja em sua fase inicial, criando o heavy metal com o Black Sabbath, ou em seus últimos anos, cercado de nomes lendários como Elton John, Jeff Beck, Tony Iommi e Eric Clapton, Ozzy deixou claro que sua voz não era a única protagonista. O baixo, em sua visão, carregava a alma da música.
Um príncipe que virou lenda
A lembrança de Andrew Watt ajuda a compreender melhor por que Ozzy Osbourne será sempre um dos maiores cantores de rock que ja pisou nesta terra. Ele era um criador de universos sonoros, um artista que enxergava além do óbvio e que sabia transformar ideias em música que ecoaria por gerações.
Mesmo com sua partida, as histórias de bastidores seguem surgindo, e cada uma delas reforça que, atrás da figura polêmica e do mito, havia um homem atento, perspicaz e profundamente dedicado à sua arte.
O baixo, para Ozzy, não era so mais um instrumento: era a batida do coração de sua música.
Ozzy Osbourne e Geezer Butler durante entrevista no Rio em 2018, falando sobre a turnê brasileira | Crédito: Marcos de Paula/Estadão
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