Por que os CDs estão cada vez mais caros no Brasil? Selo nacional explica

Valhall Music aponta fatores como royalties internacionais, custo da matéria-prima e desvalorização do real como principais responsáveis; tendência é de que os preços subam ainda mais

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Redação - SOM DE FITA

5/27/2025

Os colecionadores e fãs de música no Brasil já perceberam: os preços dos CDs subiram bastante nos últimos anos. Se antes era fácil encontrar lançamentos nacionais por menos de R$ 30, hoje é comum ver valores entre R$ 55 e R$ 75 — mesmo em edições simples. Segundo o selo Valhall Music, especializado em heavy metal, o cenário pode piorar, com a possibilidade de que os preços se aproximem de R$ 100 no varejo.

Em uma análise publicada nas redes sociais, a Valhall expôs os principais motivos por trás desse aumento, buscando “explicar de forma transparente os principais fatores que influenciam no valor final de um lançamento”. O selo destacou que o maior impacto vem do pagamento de royalties internacionais:

“Esse é, sem dúvida, o fator que mais impacta no preço final. Selos brasileiros, como a Valhall Music, pagam às gravadoras internacionais o direito de lançar o álbum fisicamente aqui no Brasil. Essas licenças são pagas em Euro, Dólar ou Libra — e o Euro, por exemplo, já está beirando os R$7,00 por €1,00 em uma transação internacional. Cada gravadora e banda tem uma negociação diferente, por isso os preços finais variam entre os lançamentos (R$55, R$60, R$70…).”

Outro ponto crítico é o custo da matéria-prima, que é quase toda importada. Como o dólar está em alta — atualmente na casa dos R$ 5,67 —, a fabricação dos discos também ficou mais cara. E não para por aí: a quantidade de CDs fabricados por tiragem caiu pela metade, impactando o preço unitário, como explicou a Valhall:

“A produção física dos CDs (os chamados stampers) utiliza matéria-prima importada, o que significa que o custo da fabricação também é dolarizado. Importante: a produção é terceirizada — os selos pagam pela licença e também pagam a fábrica para a fabricação. No passado, as tiragens padrão ultrapassavam 1.000 cópias — o que diminuía o custo unitário. Hoje, por questão de demanda, a média é de apenas 500 cópias por título, o que encarece a produção. Houve um aumento recente de 65% no valor das capas acrílicas e de impressionantes 100% na bandeja acrílica usada nos digipaks. Além disso, capas duplas acrílicas já não são mais fabricadas no Brasil, e há rumores de que a bandeja do digipak também deixará de ser produzida. Caso isso se confirme, o padrão pode passar a ser Paper Sleeve ou Digifile com EVA (pino de fixação da mídia).”

Além dessas questões, o preço final nas lojas pode variar de acordo com os custos operacionais de cada comerciante. A Valhall explicou que essa variação é normal, e não deve ser interpretada como superfaturamento:

“Cada lojista define seu valor com base nos custos operacionais: aluguel, equipe, fretes, estrutura, etc. Exemplo: um CD pode custar R$ 62,00 em uma loja e R$ 70,00 em outra. Nenhuma delas está ‘superfaturando’ — cada uma está praticando o preço que permite manter seu negócio ativo.”

No fim das contas, segundo o selo, o vilão da história é a desvalorização do real em relação às moedas estrangeiras. A Valhall alertou para a possibilidade de novos aumentos, mas também ponderou que, proporcionalmente ao salário mínimo, o impacto do valor de um CD no bolso do consumidor é menor do que já foi. A reflexão veio acompanhada de um exemplo interessante:

“O preço médio em 1999 de CD lançamento era R$ 20. O salário mínimo na época era R$ 130, então, o CD representava 15% do salário mínimo. O preço médio em 2025 é de R$ 75 (baseado nos recentes lançamentos da parceria com o selo Sound City Records). Mas o salário mínimo atual é de R$ 1.518, o que representa 4,9% do salário mínimo. Mesmo com aumento nominal, o CD pesa menos no bolso hoje do que há 25 anos.”

Diante desse panorama, fica o alerta: quem ainda gosta de ter discos físicos na coleção, talvez precise se preparar para pagar ainda mais no futuro.

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