Perpétuo - Black Pantera
Um manifesto em forma de álbum que une peso, resistência e identidade no metal nacional
RESENHA
Por Zé do Caos
5/30/2025




A tempestade tem cor, ritmo e fúria. E seu nome é Black Pantera. Com “Perpétuo”, o trio mostra mais uma vez por que é uma das bandas mais relevantes do metal brasileiro. Este não é apenas um disco — é um grito. Um rugido de resistência, uma sequência de murros sonoros desferidos contra as estruturas que tentam silenciar vozes e histórias. Se você procura calmaria, olhe em outro lugar. Aqui, o caos é meticuloso, necessário e profundamente consciente.
“Perpétuo” chega como um álbum que não dá respiro. Da primeira nota de “Amanhecer” ao último segundo de “Olhos de Fogo”, tudo soa como uma marcha insurreta contra injustiças sociais, preconceitos e a apatia que ainda assombra o país. É um disco que equilibra fúria e técnica, entregando riffs pesados, letras afiadas e uma produção certeira que captura toda a essência de um trio que sabe exatamente o que quer dizer — e como dizer.
Esse trabalho reforça que o Black Pantera não está no metal apenas para fazer barulho: está para provocar reflexão. A banda formada por Charles Gama (guitarra e voz), Chaene da Gama (baixo) e Rodrigo Pantera (bateria) exibe uma coesão impressionante, forjada na vivência e na consciência do que significa ser preto e fazer música pesada no Brasil. Eles transformam indignação em arte, elevando a música a instrumento de denúncia e resistência.
Um álbum que bate forte e fala alto
Se há algo que define “Perpétuo”, é a sua capacidade de traduzir o incômodo em potência. “Iminência” surge como um groove arrastado e cortante, que hipnotiza e chacoalha ao mesmo tempo. “Ponto Final” soa como um hino pronto para ecoar em protestos, com refrão direto e urgente. Já “Meu Grito” é talvez o soco mais forte do disco: visceral, intenso e com um vocal que cospe verdades sem filtro. Cada faixa é construída para atingir, sem suavizar a mensagem.
Raiva, ancestralidade e arte
O novo álbum vai além da raiva: ele é carregado de consciência, ancestralidade e orgulho. “Perpétuo” é, em sua essência, um disco preto — no melhor sentido da palavra. É música que carrega a herança cultural de um povo, transformada em metal, ritmo e resistência. É arte que não teme a agressividade porque sabe que, às vezes, a beleza também nasce do confronto. Se fosse pintura, seria feita de sangue e grafite. Se fosse filme, teria direção de Spike Lee e a estética de um motim urbano.
Black Pantera contra o plástico do algoritmo
Em um cenário saturado por produções plastificadas e moldadas para agradar algoritmos, o Black Pantera segue firme em sua missão de entregar algo autêntico. “Perpétuo” não pede licença para existir — ele exige ser ouvido. É um recado duro, sincero e urgente, que não deixa ninguém ileso. Escuta quem quer, entende quem pode, mas ninguém sai igual depois de ouvir.
Zé do Caos assina embaixo:
“Perpétuo” não é só um disco. É um manifesto. Se você não entendeu, talvez seja justamente para você.
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