Palcos cariocas em ebulição: Tony Ramos, Denise Fraga e novas vozes femininas movimentam a cena teatral do Rio
Entre reestreias consagradas e estreias potentes, a semana teatral carioca celebra nomes veteranos e dá espaço para produções que refletem diversidade, resistência e novos olhares
Redação - SOM DE FITA
11/6/2025




O Rio de Janeiro volta a respirar teatro em novembro com uma agenda repleta de grandes nomes e estreias instigantes. Entre os destaques, estão dois reencontros que prometem lotar plateias: Tony Ramos e Denise Fraga dividem o palco em “O que só sabemos juntos”, enquanto o veterano Othon Bastos retorna com o espetáculo autobiográfico “Não me entrego, não”, aos 91 anos.
“O que só sabemos juntos” marca a primeira parceria entre Ramos e Fraga, dois dos atores mais respeitados do país. A peça, que percorreu cidades como São Paulo, Curitiba e Recife, chega ao Teatro Riachuelo Rio com uma reflexão sobre empatia, comunicação e escuta em tempos de relações superficiais. Com direção de Luiz Villaça, o espetáculo usa o humor como ferramenta para provocar o público a repensar a convivência.
Já Othon Bastos revive passagens marcantes de suas sete décadas de carreira em uma encenação intimista e emocionante, sob direção de Flavio Marinho. Em “Não me entrego, não”, o ator revisita memórias e personagens que o consagraram, misturando bastidores, curiosidades e reflexões sobre o ofício do ator. A temporada popular acontece no Teatro João Caetano, na Praça Tiradentes, com ingressos a preços acessíveis — um convite à valorização da memória viva do teatro brasileiro.
Outro retorno aguardado é o musical “A Pérola Negra do Samba”, que celebra a vida e a obra de Jovelina Pérola Negra. O espetáculo encerra sua temporada no Teatro Carlos Gomes, revisitando com sensibilidade o legado da sambista que rompeu barreiras e conquistou respeito num gênero ainda dominado por vozes masculinas.
Estreias femininas e novas narrativas no palco
Além das reestreias, a semana traz uma leva de produções protagonizadas e dirigidas por mulheres, abordando temas de apagamento, ancestralidade e reconstrução. A “Mostra Anônimas — Três Solos Autorais” chega ao Teatro Poeirinha, em Botafogo, após temporadas de sucesso em São Paulo. Os espetáculos — “Aquele trem”, “Criatura, uma autópsia” e “Inventário” — percorrem séculos de silenciamento feminino nas artes e dão protagonismo a atrizes que investigam suas próprias histórias.
No Teatro das Artes, a comédia musical “Mães, o Musical”, sucesso off-Broadway, estreia sob produção de Claudia Raia e direção de Jarbas Homem de Mello. A montagem celebra a maternidade em suas diversas formas, equilibrando humor, emoção e música para retratar as alegrias e os desafios da vida materna.



Othon Bastos, aos 92 anos, revive memórias e força no monólogo biográfico Não me entrego, não | Foto: Líbia Florentino/Divulgação

Já o “Cabaré Melanina — O Tempo Passou, Ela que Te Enganou”, no Teatro Gláucio Gill, propõe uma viagem pelos 500 anos de presença negra no Brasil. Com humor ácido e energia contagiante, o musical revisita a história sob um olhar crítico e celebratório da resistência cultural afro-brasileira.
A cena carioca também se abre para novas formas de representação. Em “Quebrando Paradigmas”, monólogo de Lucas Popeta, a trajetória de Abdias Nascimento e do Teatro Experimental do Negro é revisitada com emoção e potência. Já em “Na Quinta Dor”, Dora Assis compartilha experiências de quase morte e resiliência, transformando dor em arte.
Clássicos revisitados e experimentações que expandem fronteiras
Entre as produções que exploram o absurdo, o humor e a introspecção, a temporada de novembro também traz montagens que reúnem tradição e ousadia. Em “O Motociclista no Globo da Morte”, com Eduardo Moscovis, o público é levado a refletir sobre a natureza violenta da humanidade em um monólogo intenso e visualmente impactante.
No Teatro Vannucci, Giuseppe Oristanio dá vida a Guimarães Rosa em “Pormenor de Ausência”, mergulhando nos últimos anos do autor de Grande Sertão: Veredas. A peça combina literatura, filosofia e memória em uma performance que homenageia um dos maiores escritores do país.
Outras obras mantêm o compromisso com o experimental e o contemporâneo. O “Festival Todos no TGG – 60 anos do Teatro Gláucio Gill” celebra o histórico espaço cultural com uma programação popular e diversa, reunindo nomes como Silvero Pereira e Stella Maria Rodrigues. No Sesc Copacabana, “O Legado — Um Diálogo com Caio Fernando Abreu” recupera o espírito libertário do escritor gaúcho em uma montagem que atravessa gerações e memórias.
Para quem busca leveza, a comédia “O Casal Mais Sexy da América”, estrelada por Vera Fischer e Leonardo Franco, oferece uma mistura de romance e ironia ao mostrar dois astros da TV que se reencontram trinta anos após o auge da fama.
Entre clássicos e estreias, a temporada carioca reafirma o vigor do teatro brasileiro — um espaço de resistência, afeto e reinvenção. Seja com veteranos icônicos ou novas vozes autorais, o público do Rio tem diante de si uma programação que espelha a diversidade e a criatividade da cena nacional.
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