PAC-MAN 45 anos: como a bola amarela mudou os VIDEO GAMES e ainda conquista novas gerações

Do fliperama à Geração Z: a trajetória de um ícone cultural que atravessa décadas

Redação - SOM DE FITA

8/12/2025

Mais recentemente, um estudo de 2024 na Universidade de Cornell revelou que macacos-prego, ao jogar Pac-Man, utilizavam estratégias hierárquicas para tomar decisões — algo antes considerado exclusivo de humanos. "Videogames como Pac-Man têm causado um impacto significativo no campo da pesquisa científica", diz Tom Garner, professor de tecnologias interativas na Sheffield Hallam University.

O jogo também ajudou a desenvolver o conceito de “corporificação” nos games, criando uma conexão direta entre jogador e personagem. "Pac-Man foi um dos primeiros videogames a colocar o jogador no papel de um personagem em vez de um veículo", explica Garner.

Em 2024, a Bandai Namco lançou Shadow Labyrinth, uma nova interpretação da fórmula clássica. Misturando elementos medievais e de ficção científica, o título apresenta Swordman No. 8 e um orbe chamado Puck — uma versão sombria e ciborgue do Pac-Man original. O produtor Seigo Aizawa destaca o charme herdado: "Acho que uma das grandes razões para o mundo ter se apaixonado por Pac-Man foi o fato de ter sido um dos primeiros jogos a dar personalidade real aos seus personagens".

O presidente e CEO da Bandai Namco, Nao Udagawa, reconhece que o desafio é manter a marca relevante frente a personagens como Mario ou Sonic, que possuem narrativas mais ricas. Ainda assim, acredita que "é a simplicidade que faz Pac-Man ser um personagem amplamente conhecido pela Geração Z e gerações mais jovens, mesmo que elas nunca tenham jogado o jogo".

O futuro de um ícone que não para de correr pelos labirintos

A popularidade de Pac-Man também é alimentada pela nostalgia dos fliperamas, como aponta Etchells. "É uma lembrança dos dias de infância passados jogando com amigos e rivais em meio ao barulho e às luzes de neon", diz.

Para manter a relevância, a Bandai Namco aposta em parcerias criativas. Marcas como Krispy Kreme e a Little Lion Entertainment já lançaram produtos e experiências imersivas, como escape rooms temáticos em cidades como Manchester e Dubai.

Udagawa não confirma nem nega uma adaptação cinematográfica, mas afirma que a estratégia é expandir Pac-Man para além dos videogames. "Como uma propriedade intelectual, continuaremos a provar que Pac-Man vai além dos jogos e alcançou esse status de ícone cultural", conclui.

Quarenta e cinco anos depois, Pac-Man continua correndo pelos labirintos do tempo — e, ao que tudo indica, ainda vai comer muitas “pastilhas de poder” antes de parar.

Em 1980, o mundo dos videogames foi apresentado a um personagem simples, mas inesquecível: Pac-Man. Criado pelo designer japonês Toru Iwatani, o jogo rapidamente se tornou um marco na história da indústria e, mais de quatro décadas depois, continua relevante, reinventando-se para novas audiências.

A inspiração para o personagem surgiu de forma curiosa. "Se você pega uma pizza e tira um pedaço, o que sobra parece uma boca", contou Iwatani à Wired em 2010, confirmando a famosa lenda urbana sobre sua criação. Foi observando aquela forma circular que nasceu a ideia de uma “máquina de comer” incansável — conceito central do jogo.

Pac-Man colocou os jogadores no controle de uma bola amarela faminta que precisa percorrer labirintos, devorar moedas e evitar os fantasmas Blinky, Pinky, Inky e Clyde. "Pac-Man [o personagem] foi criado para representar o conceito central do jogo, que é comer, da forma mais simples possível", explica Michiko Kumagai, gerente de licenciamento na Bandai Namco.

Simplicidade genial e apelo universal

Lançado originalmente como PuckMan no Japão — referência à expressão “paku paku taberu” (“mastigar fazendo barulho”) — o título entrou para o Guinness Book como o jogo de fliperama mais bem-sucedido da história. Com uma receita estimada em US$ 14 bilhões ao longo das décadas, Pac-Man ultrapassou gerações, chegando a consoles como Nintendo, Xbox e PlayStation, além de inúmeras adaptações para dispositivos móveis.

Segundo Peter Etchells, professor de Comunicação Científica da Bath Spa University, o segredo está na combinação de simplicidade e desafio. "Havia uma elegância na simplicidade desse jogo e no design que, eu acredito, capturou a imaginação de muitos jogadores", afirma.

O apelo também se deve à proposta inclusiva de Iwatani. "O criador do Pac-Man, Toru Iwatani, disse explicitamente que tinha a intenção de criar um jogo para todo mundo se divertir, principalmente as mulheres", explica Etchells. Na época, isso o diferenciava de títulos dominados por ação e tiros, como Asteroids e Space Invaders.

Outra característica marcante foi a humanização dos fantasmas. "Eu criei os fantasmas para serem simples e fofos. Isso remete à antiga apreciação japonesa pelo wabi-sabi, em que as pessoas encontram beleza passageira e profundidade na simplicidade", disse Iwatani ao Washington Post em 2020.

De laboratório científico a novas aventuras digitais

O impacto de Pac-Man não se restringiu ao entretenimento. Pesquisadores o utilizaram em estudos sobre comportamento humano e animal. Em 2007, um experimento do Instituto de Tecnologia da Califórnia aplicou choques elétricos leves em jogadores que eram “pegos” pelos fantasmas, enquanto observava mudanças na atividade cerebral por ressonância magnética.

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