Os Vários Encontros que Ozzy Osbourne Teve com a Morte

As vezes em que o Príncipe das Trevas encarou a morte e saiu vivo para contar a história

MATÉRIAMAIS LIDAS

Redação - SOM DE FITA

7/24/2025

Poucos artistas no mundo têm uma trajetória tão marcada por excessos, tragédias e episódios quase fatais quanto Ozzy Osbourne. O lendário “Príncipe das Trevas”, conhecido por fundar o Black Sabbath e levar o heavy metal a um patamar cultural inédito, viveu entre os anos 70 e 2000 um verdadeiro jogo de roleta-russa com a própria vida. Entre overdoses, acidentes insanos e tragédias envolvendo colegas de banda, a pergunta que fica é: Ozzy sobreviveu por ter uma resistência sobre-humana ou foi apenas um homem sortudo demais?

Overdoses e a guerra contra si mesmo

Nos anos 70 e 80, Ozzy viveu mergulhado em drogas e álcool de maneira quase caricatural. As histórias de excessos são tantas que se confundem com a própria lenda que se construiu ao redor de seu nome. Foram diversas overdoses, muitas delas graves a ponto de exigir reanimação por parte de médicos e membros de sua equipe. Em entrevistas, o vocalista disse ter acordado inúmeras vezes sem saber como ainda estava vivo. Para muitos, era apenas uma questão de tempo até que ele fosse mais um nome na longa lista de estrelas do rock mortas precocemente. Mas, de alguma forma, Ozzy sempre voltava — machucado, frágil, mas vivo.

A tragédia que levou Randy Rhoads e quase levou Ozzy junto

Em 19 de março de 1982, a vida de Ozzy mudou para sempre. Durante a turnê do álbum Diary of a Madman, ele e a banda estavam hospedados em uma propriedade na Flórida quando Randy Rhoads, seu brilhante guitarrista, aceitou fazer um voo curto em um pequeno avião junto com o piloto Andrew Aycock e a maquiadora Rachel Youngblood. Ozzy, com ressaca e exausto, recusou o convite e permaneceu dormindo no ônibus da turnê.

O que parecia ser um simples passeio virou tragédia: o piloto, sob efeito de cocaína, começou a fazer manobras arriscadas em baixa altitude, passando diversas vezes perto do ônibus onde Ozzy dormia. Na terceira tentativa, o avião perdeu o controle, atingiu o veículo e se chocou contra a garagem da propriedade, explodindo em seguida. Todos a bordo morreram instantaneamente.

Ozzy sobreviveu por pura sorte. Ele próprio declarou que, se tivesse aceitado o convite, “não estaria aqui para contar a história”. Essa tragédia não apenas deixou uma cicatriz emocional profunda, como também reforçou a aura quase mística de que nada parecia conseguir derrubá-lo.

O infame episódio do morcego

Ainda em 1982, Ozzy protagonizou um dos momentos mais insanos — e perigosos — da história do rock. Durante um show em Des Moines, Iowa, ele percebeu que um fã havia jogado algo no palco. Pensando se tratar de um brinquedo de borracha, pegou o objeto e mordeu sua cabeça. Para seu choque, não era um acessório: era um morcego vivo.

Imediatamente após o show, Ozzy foi levado ao hospital, onde recebeu vacinas contra raiva e antibióticos. A infecção por raiva pode ser fatal, e o episódio mostrou que até um ato impulsivo e aparentemente inofensivo poderia ter custado sua vida. Anos depois, ele disse que jamais repetiria o feito, mas a história já havia se transformado em um dos momentos mais icônicos do rock.

O quase fatal acidente de quadriciclo

Em dezembro de 2003, a morte bateu à porta de Ozzy de novo. Enquanto pilotava um quadriciclo em sua propriedade rural na Inglaterra, ele perdeu o controle do veículo e sofreu um acidente gravíssimo. Os ferimentos foram extensos: múltiplas costelas quebradas, clavícula fraturada, uma vértebra do pescoço danificada e os pulmões perfurados. Encontrado inconsciente, foi levado às pressas ao hospital, onde ficou em coma induzido por dias. Os médicos chegaram a afirmar que suas chances de sobrevivência eram mínimas.

O acidente não só quase custou sua vida, como também deixou marcas permanentes em sua saúde física, obrigando-o a passar por um longo e doloroso processo de recuperação.

Cirurgias e complicações: um corpo testando seus limites

Após o acidente, entre 2003 e 2004, Ozzy enfrentou uma sequência de cirurgias de alto risco para reparar os danos causados. Durante esse período, enfrentou infecções graves e complicações que o colocaram novamente entre a vida e a morte. Foi um momento de grande tensão para sua família, especialmente Sharon Osbourne, que se dedicou integralmente ao processo de recuperação do marido. Ainda assim, contra todas as probabilidades, Ozzy sobreviveu — mais uma vez.

Super-humano ou apenas o homem mais sortudo da música?

Nas décadas seguintes, a resiliência de Ozzy virou matéria de estudo. Em 2010, grupos de cientistas sequenciaram seu genoma inteiro e identificaram mutações incomuns — ele chegou a ser chamado de “mutante genético” por conta de variantes que podem explicar sua tolerância a drogas e álcool extremos. WikipediaPitchfork
O guitarrista Zakk Wylde comentou que “ele é duro como prego” e Tony Iommi destacou que, mesmo após décadas de abusos, “ele era sempre o último de pé.”

Resta saber: seria Ozzy um exemplo de resistência sobre-humana, moldado por genes peculiares e uma biologia rara? Ou apenas alguém vivendo sob uma sorte extraordinária? Seja qual for a resposta, a trajetória dele desafia explicações simples — e reforça sua imagem de lenda viva do rock, capaz de desafiar a morte vez após vez.

Nesta última terça-feira, 22 de julho de 2025, o invencível príncipe se foi — mas não sem deixar um legado indelével. Rodeado pelo amor de Sharon, dos filhos e fãs no mundo todo, Ozzy realizou sua despedida final, após um histórico de sobrevivência tão extraordinário quanto sua música. Hoje, ele finalmente encontrou o descanso que parecia sempre escapar em suas inúmeras batalhas. Que sua voz continue ecoando, e sua história inspire gerações que vierem após.

mais notícias: