O Álbum dos Anos 80 Que Fez OZZY OSBOURNE Ficar “Obcecado”

Peter Gabriel uniu Ozzy e Eddie Van Halen em uma paixão inesperada pelo disco So

Redação - SOM DE FITA

11/21/2025

A história do rock está cheia de encontros improváveis — alguns acontecem nos palcos, outros nos bastidores e muitos surgem apenas quando alguém resolve lembrar. É o caso de uma revelação curiosa sobre Ozzy Osbourne, compartilhada recentemente pelos seus próprios filhos em um podcast. Em meio à discografia pesada, às histórias lendárias do Black Sabbath e ao seu papel incontornável no metal, o que teria sido o álbum que realmente fisgou a atenção de Ozzy nos anos 80?
A resposta passa longe do heavy metal: So (1986), de Peter Gabriel — um clássico pop sofisticado, cheio de texturas eletrônicas, arranjos criativos e hits que dominaram as rádios da época. Curiosamente, esse disco também era o favorito de Eddie Van Halen. O que explica essa convergência tão incomum? E o que ela revela sobre o gosto musical do Príncipe das Trevas?

O Fascínio de Ozzy por So, de Peter Gabriel

A revelação sobre o disco preferido surgiu quando Louis Osbourne participou do podcast Trying Not to Die, comandado por Jack Osbourne. Foi então que a conversa tocou em um ponto que surpreendeu até fãs mais atentos: o quão importante So foi na vida doméstica da família Osbourne.

Segundo Louis, Ozzy simplesmente não parava de ouvir o álbum:

“O pai estava obcecado na época, e com aquela coisa da produção musical, com o álbum So do Peter Gabriel. Deus, nós ouvimos muito aquele disco… O pai era maluco por ele.”

O fascínio era tanto que, dentro de casa, So passou a conviver lado a lado com a onipresente trilha sonora da família — os Beatles, banda favorita de Ozzy ao longo da vida.

Louis ainda lembrou outro detalhe divertido, relacionado ao icônico dueto de Gabriel com Kate Bush em Don’t Give Up:

“O pai tinha uma queda pela Kate Bush.”

O interesse de Ozzy não era exatamente pela leveza pop do álbum, mas principalmente pela sua qualidade de produção, algo que sempre despertou sua curiosidade criativa — especialmente nos anos 80, quando sintetizadores, baterias eletrônicas e camadas de estúdio redefiniram o som da música mundial.

Eddie Van Halen Também Colocava So no Topo da Lista

Se Ozzy Osbourne já parecia uma figura inesperada para gostar profundamente de So, a surpresa fica ainda maior quando lembramos que Eddie Van Halen também tinha o álbum como seu favorito de todos os tempos. A informação foi compartilhada por Wolfgang Van Halen:

“O álbum favorito dele de todos os tempos, e também um dos meus, era So, do Peter Gabriel. Ele tinha um gosto muito eclético.”

Em uma homenagem ao pai, Wolfgang escolheu a música In Your Eyes como canção do seu casamento — justamente por representar essa conexão afetiva entre os dois.

O impacto de So não foi pequeno no mundo da música: o álbum chegou ao nº 2 da Billboard 200, teve Sledgehammer como seu primeiro single nº 1 nos EUA e está certificado como quíntupla platina pela RIAA. Tratava-se de uma obra ousada, inovadora, carregada de experimentações — exatamente o tipo de trabalho que chamaria a atenção de músicos com sensibilidade para arranjos complexos, como Ozzy e Eddie.

Ozzy e Van Halen: Ambos tinham um apreço muito grande pelo album "So" de Peter Gabriel. | Foto: Reprodução

O Verdadeiro Gosto Musical de Ozzy Segundo Seus Filhos

No podcast, Jack e Louis Osbourne aproveitaram para revelar um lado pouco conhecido do pai: Ozzy quase não ouvia rock e metal em casa.

Jack explicou:

“Todo mundo assumia que ele era completamente ligado em rock, mas ele não ouvia muito rock. Ele apreciava. Ele entendia. Ele era mais intrigado por músicas com produção incrível e boas melodias.”

Louis completou dizendo que, especialmente nos anos que antecederam seu declínio de saúde, Ozzy ouvia muita música dos anos 80:

“Ele estava ouvindo coisas como Tears for Fears e bastante música dos anos 80.”

Jack reforçou que Ozzy nunca teve preconceito com estilos fora do rock:

“Ele adorava música dos anos 80. Ele passou por uma fase forte de Michael Jackson nos últimos anos.”

Entre os artistas que realmente impressionavam Ozzy, Louis mencionou duas vozes que marcaram o Reino Unido:

“A Adele realmente impressionou muito ele. Ele tinha enorme admiração pelo alcance vocal dela. E também pela Amy Winehouse. Ele tocava Amy Winehouse o tempo todo.”

As duas artistas, segundo eles, estavam no topo da lista de vozes contemporâneas que mexiam com Ozzy.

Jack também citou a admiração do pai por Annie Lennox, e comentou que Sharon Osbourne chegou a tentar convencer Ozzy a gravar um álbum de duetos com algumas das cantoras que ele mais respeitava.

Mas e o rock? O que sobrava para o Príncipe das Trevas ouvir de sua própria esfera musical?

Jack respondeu:

“Ele ouvia AC/DC. Ele ouvia algumas coisas… mas realmente, só AC/DC.”

Depois, lembrou que eventualmente Ozzy colocava Metallica ou Guns N’ Roses para tocar — mas era raro.

O Que Essa História Diz Sobre o Legado de Ozzy

A relação de Ozzy com So e com a música pop dos anos 80 revela um ponto fundamental: ele sempre foi um artista movido pela curiosidade e pela busca por novas formas de produção, mesmo que isso não fizesse parte da imagem pública criada ao longo das décadas.

Para muitos fãs, Ozzy Osbourne é sinônimo de peso, exagero, transgressão e guitarras estridentes. Mas, em casa, ele era o cara que se impressionava com arranjos elaborados, camadas eletrônicas, vozes poderosas e melodias bem construídas — elementos que, de certa forma, dialogam com aspectos importantes da sua própria obra.

A obsessão por So mostra que Ozzy admirava não apenas a atitude do rock, mas sobretudo a criatividade sonora — algo muito presente tanto em sua carreira solo quanto nas fases mais experimentais do Black Sabbath.

Conclusão

A revelação de que Ozzy Osbourne era obcecado pelo álbum So pode parecer inesperada à primeira vista, mas, olhando para sua trajetória, ela faz sentido. Ozzy sempre buscou artistas capazes de reinventar o som da época, e Peter Gabriel, em 1986, fez exatamente isso. Da mesma forma, é curioso notar como músicos tão diferentes quanto Ozzy e Eddie Van Halen compartilhavam esse apreço.

Mais do que uma curiosidade, essa história abre uma janela para o lado menos conhecido do Príncipe das Trevas: um ouvinte atento, apaixonado por grandes produções, melodias impactantes e vozes marcantes.
Um artista que, mesmo sendo um dos pilares do metal, mantinha os ouvidos abertos para muito além das distorções.

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