“O AGENTE SECRETO” é escolhido para representar o Brasil no OSCAR 2026

Filme de Kléber Mendonça Filho, estrelado por Wagner Moura, leva narrativa política ao centro da maior premiação do cinema

Redação - SOM DE FITA

9/16/2025

A Academia Brasileira de Cinema confirmou nesta segunda-feira (15) a escolha do longa “O Agente Secreto”, de Kléber Mendonça Filho, como representante do Brasil no Oscar 2026, na categoria Melhor Filme Internacional. A decisão reacende o debate sobre a força do cinema nacional em retratar momentos históricos marcantes e levá-los a um público global.

O filme, protagonizado por Wagner Moura, se passa em 1977, em plena ditadura militar, e acompanha Marcelo, um professor de tecnologia que tenta reconstruir a vida no Recife, mas acaba se envolvendo em um enredo repleto de espionagem, perseguições e paranoia política. A produção ainda não estreou nos cinemas brasileiros, mas já tem um currículo expressivo em festivais internacionais.

Entre os destaques, “O Agente Secreto” rendeu a Kléber Mendonça Filho o prêmio de Melhor Diretor e a Wagner Moura o troféu de Melhor Ator no Festival de Cannes, um dos eventos mais prestigiados do cinema mundial.

O impacto da escolha no cenário do cinema brasileiro

A indicação do filme representa não apenas um reconhecimento ao trabalho de Mendonça Filho, mas também uma reafirmação do peso cultural do cinema brasileiro no exterior. O diretor, conhecido por obras como Aquarius e Bacurau, tem construído uma trajetória marcada por narrativas que unem crítica social, política e estética inovadora.

Em um ano em que o Brasil já conquistou sua primeira estatueta com o longa “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, que venceu a categoria de Melhor Filme Internacional, a seleção de “O Agente Secreto” reforça a visibilidade do país no Oscar. Essa sequência inédita cria uma expectativa ainda maior sobre a possibilidade de emplacar duas indicações seguidas na principal premiação do cinema.

Kléber Mendonça Filho comentou em entrevista recente que o filme busca dialogar com questões universais a partir de um contexto brasileiro: “Quando falamos sobre paranoia política, sobre os limites da liberdade e sobre as marcas que a repressão deixa em uma sociedade, não estamos apenas contando uma história do Brasil dos anos 70, mas de qualquer lugar que tenha vivido momentos semelhantes”.

Como funciona o processo de seleção para o Oscar

É importante destacar que ser escolhido como representante brasileiro não significa que o filme já está automaticamente indicado ao prêmio. O funcionamento da disputa segue um processo específico: cada país pode inscrever apenas um título para a categoria de Melhor Filme Internacional.

A partir dessas indicações, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos faz uma triagem inicial, reduzindo a lista para um número menor de filmes. Somente após essa peneira, os selecionados passam para a votação final, que define os indicados oficiais.

A cerimônia do Oscar está marcada para o dia 15 de março de 2026, em Los Angeles. Até lá, “O Agente Secreto” passará por uma intensa campanha de divulgação internacional, um passo essencial para aumentar suas chances de figurar entre os indicados.

Além disso, a concorrência deve ser acirrada. Filmes de países com tradição na categoria, como França, Itália, Japão e Irã, costumam ter grande força entre os votantes. Ainda assim, a vitória de Walter Salles neste ano reforça que o Brasil pode surpreender novamente.

Os concorrentes na disputa nacional

A escolha de “O Agente Secreto” não foi simples. A Academia Brasileira de Cinema avaliou uma lista de pré-selecionados que incluía produções de peso, como “Baby”, de Marcelo Caetano; “Kasa Branca”, de Luciano Vidigal; “Manas”, de Marianna Brennand; “O Último Azul”, de Gabriel Mascaro; e “Oeste Outra Vez”, de Erico Rassi.

Cada um desses filmes trazia propostas estéticas e narrativas próprias, revelando a diversidade do cinema nacional contemporâneo. A opção pelo longa de Mendonça Filho mostra a confiança em uma obra que alia relevância histórica, apelo internacional e reconhecimento em festivais de prestígio.

Wagner Moura, que tem se consolidado como um dos atores brasileiros mais respeitados dentro e fora do país, também é um trunfo para a campanha. Sua performance foi descrita pela crítica internacional como intensa e convincente, o que amplia as chances de visibilidade da obra no circuito global.

Um novo momento para o Brasil no Oscar

A presença de filmes brasileiros no Oscar sempre foi marcada por expectativas e frustrações. Apesar de indicações anteriores, como as de Central do Brasil e Cidade de Deus, o país só conquistou sua primeira vitória neste ano. O feito de Walter Salles abriu um precedente histórico, mostrando que há espaço para o cinema nacional brilhar em categorias que antes pareciam distantes.

Agora, com “O Agente Secreto”, a aposta é que o Brasil mantenha sua presença no radar da Academia e fortaleça sua imagem como produtor de narrativas que unem força estética, relevância social e apelo internacional.

Enquanto a estreia nacional do filme não acontece, a expectativa cresce não apenas entre críticos e profissionais da indústria, mas também entre o público, que aguarda para conhecer a obra que pode levar o Brasil mais uma vez ao palco do Dolby Theatre.

Wagner Moura e Kleber Mendonça Filho durante as gravações de O Agente Secreto | Foto: Victor Jucá

mais notícias: