
MÚSICAS que São COVERS, Mas Quase Todo Mundo Pensa que São ORIGINAIS
Quando a versão supera a primeira gravação e conquista o mundo
Redação - SOM DE FITA
8/28/2025



Imagem gerada por IA



A história da música está repleta de reviravoltas curiosas. Entre elas, uma das mais fascinantes é quando uma canção regravada se torna tão popular que acaba sendo confundida com a obra original. Em alguns casos, a versão cover alcança dimensões culturais tão fortes que apaga quase totalmente a lembrança de quem a lançou primeiro. Esse fenômeno acontece em diferentes gêneros musicais, do rock ao soul, do reggae ao pop.
Nesta lista, reunimos dez músicas que ficaram mundialmente conhecidas em versões que não eram originais, mas que, de tão marcantes, acabaram se tornando as principais responsáveis pela fama dessas canções.
1. “All Along the Watchtower” – Jimi Hendrix (original de Bob Dylan)
Bob Dylan lançou a música em 1967, dentro do álbum John Wesley Harding. Era uma faixa de estrutura simples, com violão e harmônica, fiel ao estilo folk do compositor. Porém, quando Jimi Hendrix decidiu regravá-la em 1968, a canção ganhou outra dimensão: solos de guitarra explosivos, intensidade elétrica e uma interpretação que a transformou em um clássico do rock psicodélico. O sucesso foi tão grande que até Dylan passou a tocar a música em versões mais próximas da de Hendrix. Para o grande público, é quase impossível pensar nesse título sem associá-lo ao som da guitarra incendiária do músico.
2. “I Will Always Love You” – Whitney Houston (original de Dolly Parton)
Dolly Parton compôs e gravou a faixa em 1974 como uma despedida de seu parceiro musical Porter Wagoner. O single teve sucesso no circuito country, mas não ultrapassou esse nicho. Quando Whitney Houston decidiu interpretá-la em 1992 para a trilha sonora do filme O Guarda-Costas, a música explodiu em escala global. Com sua voz potente e emocional, Whitney transformou a balada em uma das mais icônicas da história da música pop. Até hoje, milhões acreditam que a canção nasceu em sua voz, sem imaginar sua origem country.
3. “Tainted Love” – Soft Cell (original de Gloria Jones)
Em 1964, Gloria Jones lançou Tainted Love, uma faixa soul que teve apenas sucesso limitado em rádios e clubes noturnos. Décadas depois, em 1981, a dupla britânica Soft Cell resgatou a canção e a reinventou em versão synthpop, carregada de sintetizadores e batidas eletrônicas. A música se tornou um marco da new wave e está entre os grandes hits dos anos 80. Poucos sabem que a versão original é bem diferente, mais próxima da Motown, e que não chegou a ter a mesma repercussão.
4. “Knockin’ on Heaven’s Door” – Guns N’ Roses (original de Bob Dylan)
Bob Dylan compôs a música em 1973 para a trilha do filme Pat Garrett and Billy the Kid. Apesar de significativa, ela ganhou proporções muito maiores quando o Guns N’ Roses lançou sua versão nos anos 90. Com o timbre agudo de Axl Rose e a guitarra de Slash, o grupo imprimiu um peso de arena que transformou a faixa em um hino de estádio. Hoje, é comum encontrar fãs que acreditam que se trata de uma criação genuína do Guns, tamanha a força da releitura.
5. “Respect” – Aretha Franklin (original de Otis Redding)
Otis Redding escreveu e gravou Respect em 1965, em tom de súplica masculina. Dois anos depois, Aretha Franklin transformou a música em um manifesto de empoderamento feminino e de luta por igualdade. Sua versão não apenas fez sucesso comercial, mas também se tornou um marco cultural e político nos anos 60. A interpretação poderosa da Rainha do Soul eclipsou completamente a gravação original, fazendo com que muitos acreditem que sempre foi uma canção de Aretha.
6. “Hurt” – Johnny Cash (original de Nine Inch Nails)
Em 1994, a banda Nine Inch Nails lançou a sombria Hurt, marcada pela melancolia industrial de Trent Reznor. Oito anos depois, em 2002, Johnny Cash regravou a música em um tom intimista e devastador, pouco antes de sua morte. Sua voz frágil, carregada de emoção e experiência de vida, deu um novo significado à faixa. O clipe, filmado em sua casa, é considerado um dos mais emocionantes da história. Para muitos ouvintes, a música passou a ser indissociável da imagem do lendário “homem de preto”.
7. “Girls Just Want to Have Fun” – Cyndi Lauper (original de Robert Hazard)
Em 1979, Robert Hazard gravou Girls Just Want to Have Fun em uma versão masculina, que soava mais como um relato de diversão descompromissada. Mas em 1983, Cyndi Lauper transformou a música em um hino pop feminista, colorido e cheio de energia, que marcou os anos 80. Sua performance irreverente e o videoclipe icônico fizeram a canção se tornar inseparável de sua imagem, ao ponto de quase ninguém se lembrar de sua gravação original.
8. “Twist and Shout” – The Beatles (original de The Isley Brothers)
Antes de os Beatles gravarem Twist and Shout em 1963, a música já existia. Foi lançada em 1962 pelos Isley Brothers, em uma pegada mais soul e dançante. Porém, com John Lennon berrando os vocais e o frescor da “Beatlemania”, a faixa se tornou uma das músicas mais explosivas do início da carreira do quarteto. Desde então, muitos acreditam que o hit é uma criação original da banda britânica, esquecendo completamente da versão dos irmãos Isley.
9. “Nothing Compares 2 U” – Sinéad O’Connor (original de Prince)
Prince compôs a música em 1985 e a entregou ao grupo The Family, um de seus projetos paralelos, que gravou a faixa sem muito destaque. Em 1990, Sinéad O’Connor regravou a canção, adicionando uma interpretação emocional profunda e um clipe minimalista que ficou para a história. Seu olhar melancólico na câmera eternizou a música como um dos maiores clássicos dos anos 90. Até hoje, muitos sequer sabem que a canção tem ligação com Prince.
10. “Red Red Wine” – UB40 (original de Neil Diamond)
Em 1967, Neil Diamond lançou Red Red Wine em um estilo próximo da música folk pop. Décadas depois, em 1983, a banda britânica UB40 regravou a música em versão reggae, transformando-a em um hit mundial. A atmosfera leve e dançante conquistou públicos diversos, e a canção ficou marcada como um dos maiores sucessos do grupo. Poucos associam a faixa a Neil Diamond, já que a interpretação reggae praticamente apagou a original.
Conclusão: Quando a Releitura Apaga a Origem
Esses exemplos mostram que a música é viva e mutável. Um cover pode ganhar tanta força que se torna, na prática, a versão definitiva para o público. Seja por um arranjo inovador, uma interpretação vocal inesquecível ou um contexto cultural favorável, esses artistas conseguiram dar nova vida a canções que talvez tivessem passado despercebidas. O resultado é que, muitas vezes, nem nos lembramos de quem realmente escreveu ou gravou a faixa primeiro — e isso só reforça o poder da arte de se reinventar.
Jimi Hendrix se apresentando no Monterey Pop Festival, junho de 1967
mais notícias:
Notícias, resenhas e cultura underground em destaque.
© 2025. Todos os direitos reservados.
Música, atitude e resistência em alta rotação.
Rebobinando o furdunço, Dando o play no Fuzuê.
Siga a gente nas redes sociais

