MUMU inaugura fase autoral e lança primeiro single da carreira solo
Com participação de Duca Leindecker, “Com Gosto de Lua” apresenta um lado mais intimista do músico gaúcho e antecipa álbum previsto para 2026
Redação - SOM DE FITA
12/15/2025




Depois de anos circulando por diferentes frentes do rock gaúcho, Mumu dá início oficialmente à sua trajetória solo. Conhecido como vocalista e guitarrista da banda El Negro e também como baixista do Vera Loca, o músico lança “Com Gosto de Lua”, faixa que marca sua estreia individual e funciona como cartão de visitas do álbum solo previsto para chegar às plataformas de streaming em 2026. A canção foi lançada pelo selo gaúcho Holiday e já está disponível nos serviços digitais.
O single apresenta um Mumu mais voltado para a canção em sua forma essencial, distante das camadas e da pressão sonora comuns ao rock mais elétrico que ele costuma explorar em seus projetos coletivos. Em “Com Gosto de Lua”, o foco recai sobre melodia, letra e interpretação, em um registro que valoriza a simplicidade estrutural e a performance direta. A música conta ainda com a participação especial de Duca Leindecker, figura central do rock brasileiro desde os anos 1990, conhecido pelo trabalho à frente da banda Cidadão Quem e pelo projeto Pouca Vogal, ao lado de Humberto Gessinger.
Além do lançamento da faixa, “Com Gosto de Lua” ganhou um videoclipe em formato vertical, dirigido por Maurício Canterle, reforçando a proposta mais íntima e próxima do público que marca esse novo momento da carreira de Mumu.
Um novo espaço criativo fora das bandas
A decisão de lançar um trabalho solo não surge como ruptura com os projetos já existentes, mas como a abertura de um espaço criativo paralelo. Ao longo dos anos, Mumu construiu sua trajetória dentro de bandas com identidades bem definidas, o que naturalmente impõe limites estéticos e conceituais. O disco solo surge, portanto, como uma possibilidade de explorar um território pessoal, mais ligado às referências que o músico carrega desde a infância.
“Com Gosto de Lua” reflete esse movimento de retorno às origens musicais, dialogando com um repertório que foge do rock pesado ou da linguagem mais contemporânea do gênero. O próprio artista associa o clima da faixa às músicas que escutava em casa quando era criança, citando influências como Bob Dylan, Neil Young, Crosby, Stills, Nash & Young e Joni Mitchell. Trata-se de um universo sonoro baseado na canção folk, no violão como elemento central e na força da narrativa.
Essa escolha estética também se manifesta nos arranjos enxutos. A música aposta em uma estrutura simples, com poucos elementos e espaço para a interpretação respirar. Segundo Mumu, a intenção foi justamente evitar excessos e interferências técnicas que pudessem diluir a essência da composição. “Todo aquele pessoal que toca a música mais no violão e estrutura simples, com a música voltada mais na performance e na letra e na gaita de boca, um instrumento que comecei a tocar agora”, ele revela.
A introdução da gaita de boca, instrumento que o músico passou a explorar recentemente, reforça esse clima artesanal e dialoga diretamente com a tradição da canção folk norte-americana, sem soar como exercício nostálgico ou deslocado do presente.



Capa do novo single de Mumu - Com gosto de Lua. | Imagem: Reprodução

A participação de Duca Leindecker e o diálogo entre gerações
Um dos pontos centrais de “Com Gosto de Lua” é a presença de Duca Leindecker, cuja participação não funciona apenas como colaboração pontual, mas como elemento simbólico dentro do projeto. Duca é um nome que atravessou diferentes fases do rock brasileiro, mantendo relevância artística ao longo de décadas, e sua presença adiciona uma camada de diálogo entre gerações e cenas musicais do sul do país.
Na gravação, Duca contribui com voz, violão e guitarra, ampliando o alcance emocional da canção sem descaracterizar sua proposta intimista. A parceria acontece de forma orgânica, sem disputas de protagonismo, reforçando a ideia de encontro musical mais do que de participação especial no sentido mercadológico.
A escolha de Duca também dialoga com a trajetória de Mumu dentro do rock gaúcho, uma cena historicamente marcada por fortes laços entre artistas, colaborações recorrentes e circulação constante de músicos entre diferentes projetos. Ao convidar um nome consolidado como Duca Leindecker, Mumu estabelece uma ponte entre sua experiência nas bandas e essa nova fase mais autoral, sem negar o caminho percorrido até aqui.
Esse encontro ganha ainda mais peso quando se considera o contexto do lançamento: um single que inaugura uma carreira solo e aponta para um disco que só será lançado em 2026. A participação de Duca funciona como uma espécie de selo de confiança artística, mas sem soar como tentativa de legitimação externa. O foco permanece na música e na proposta estética apresentada.
Entre o El Negro e a contramão do excesso tecnológico
Mesmo iniciando a carreira solo, Mumu deixa claro que não se trata de abandonar seus projetos coletivos. O El Negro, banda da qual é vocalista e guitarrista, segue em atividade e trabalha atualmente na finalização do álbum “Bronco”, também previsto para 2026. Segundo o músico, as duas frentes coexistem de maneira complementar, cada uma com objetivos e linguagens distintas.
Enquanto o El Negro se mantém ligado a uma abordagem mais elétrica e voltada para a experimentação dentro do rock, o trabalho solo surge como contraponto direto a esse universo. O próprio Mumu descreve essa diferença de forma clara: “Com o El Negro a gente tenta flertar mais com o rock com guitarras e voltado mais para a vanguarda desse estilo. E agora, com essa onda de inteligência artificial em tudo, até no software de música, resolvi também fazer uma música na contramão: só tocar e cantar a melodia sem nenhum overdub”.
Essa declaração ajuda a entender o espírito que orienta o projeto solo. Em um cenário musical cada vez mais mediado por tecnologias de correção, automação e produção intensiva, Mumu opta por um caminho mais direto, quase artesanal. A escolha de gravar sem overdubs e com poucos recursos técnicos não surge como rejeição à tecnologia em si, mas como afirmação de um modo específico de fazer música, centrado na interpretação e na canção.
“Com Gosto de Lua”, nesse sentido, funciona como manifesto estético discreto. Não há discursos explícitos ou posicionamentos panfletários, mas a própria forma da música comunica essa intenção de desaceleração e retorno ao essencial. A aposta em uma linguagem simples e direta sugere que o álbum solo seguirá essa mesma linha, explorando memórias, referências pessoais e uma relação mais próxima entre artista e ouvinte.
O lançamento do single marca apenas o início desse percurso. Até a chegada do álbum completo em 2026, a expectativa é que novas músicas aprofundem esse universo e revelem diferentes facetas do compositor. Por ora, “Com Gosto de Lua” cumpre bem o papel de apresentar um novo Mumu, sem negar o passado, mas disposto a caminhar por trilhas menos óbvias.
Para acompanhar os próximos passos do artista, o público pode seguir Mumu nas redes sociais pelo perfil @mumu.veraloca.
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