
Meu Funeral e Bayside Kings detonam com novo som que escancara a mistura entre fé e poder
Com sonoridade brutal e crítica social afiada, “Deus Está no Comando” marca o retorno do Meu Funeral ao hardcore e traz parceria explosiva com o Bayside Kings
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Redação- SOM DE FITA
7/15/2025




A banda Meu Funeral está de volta ao modo pancada. Conhecida por unir peso musical com crítica social afiada, o grupo lançou, no último dia 13 de julho, o single “Deus Está no Comando” — uma parceria com o Bayside Kings que traz de volta a fúria do hardcore nova-iorquino com pitadas eletrônicas e muito sarcasmo. A faixa chegou às plataformas digitais pela Marã Música, acompanhada de um videoclipe caótico e provocador.
Com sonoridade crua e letras diretas, a música faz um ataque sem rodeios à exploração religiosa com fins econômicos. “Essa música remete à porradaria do hardcore nova-iorquino, com uma letra ácida, crítica e direta de um jeito que tem tempos que não fazíamos”, explica Luquita, vocalista do Meu Funeral. Segundo ele, a música ganhou ainda mais identidade com “os berros brutais do Milton Aguiar, do Bayside Kings” e os elementos eletrônicos adicionados por Tomás Tróia.
Apesar do tema espinhoso, a faixa mantém o DNA do Meu Funeral: crítica com uma boa dose de ironia. “A letra fala sobre as igrejas que se aproveitam da vulnerabilidade de seus fiéis para obter cada vez mais lucro e poder”, resume a banda. O instrumental, por sua vez, entrega agressividade com nuances eletrônicas que remetem a influências como Prodigy e ao clima visual perturbador de David Lynch.
O baixista Dan explica que a faixa surgiu em outra roupagem, mas foi ganhando forma com o tempo: “Desde que ela nasceu, esta canção sempre foi um hardcore bem rasgado, mais ‘East Coast’: sombria e niilista; crua e lo-fi”. O toque final veio com a produção de Tomás Tróia, que trouxe novos elementos sonoros à faixa. “O Luquita se enfurnou em estúdio e deu essa cavalice. Graças a Deus!”, brinca Dan.
A história da música carrega peso simbólico. Foi a primeira canção tocada ao vivo pelo Meu Funeral, em 2018. “Ela tinha outra roupagem, mas a ideia estava lá”, lembra Luquita. “Podemos dizer que ela tomou um banho, se arrumou e botou uma roupa irada pra tomar o mundo anos depois em parceria com o Bayside Kings, que deixaram ela ainda mais porrada do que era quando foi criada.”
O baterista Tent reforça que a banda queria voltar a cutucar feridas com a velocidade de sempre. “A gente estava com uma baita saudade de falar uns temas polêmicos num rock pauleira rapidaço… O que a gente quer passar com essa música é o que ela mesmo diz: que o discurso da fé e o interesse do mercado se confundem (propositalmente). E isso irrita pra caralho. Aí fizemos uma música pra descontar esse leve ódio.”
O videoclipe que acompanha o single amplia essa atmosfera de crítica e desconstrução. Dirigido com estética intensa e montagem frenética, o vídeo aposta em tons preto-e-branco com toques vermelhos — um “quê de anticristo”, segundo Dan — e bebe de referências que vão desde “A Bruxa de Blair” até o próprio universo visual do Meu Funeral.
Gravada no Hill Valley Studio (Porto Alegre) por Davi Pacote, a faixa teve pós-produção de Tomás Tróia, mix e master por Pedro Garcia. A composição é de Luquita, que divide os vocais com Milton Aguiar (Bayside Kings). A formação do Meu Funeral conta ainda com Dan (baixo e backing vocal), Pepe (guitarra e backing vocal), Tent (bateria) e Tróia nos teclados e programações.
Com passagens por trabalhos como o elogiado álbum RIO (2023) e os EPs Tropicore Hardcal (2022) e O Que Sobrou do Rio (2025), o Meu Funeral reafirma sua capacidade de inovar sem perder a pegada combativa. E como sintetiza o guitarrista Pepe, com a ironia característica do grupo: “A expectativa quase sempre é alta, e a ansiedade também. Mas a verdade é que largamos na mão de Deus. Afinal, Ele que tá no comando, não é mesmo?”

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