Marky Ramone abre o jogo: bastidores dos Ramones, superações e amor pelo Brasil

Ex-baterista revela memórias sinceras sobre a convivência turbulenta na banda, sua luta contra o alcoolismo e sua ligação duradoura com os fãs brasileiros

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Redação - SOM DE FITA

7/16/2025

Marcando presença constante nas turnês e entrevistas ao redor do mundo, Marky Ramone, eterno baterista dos Ramones, tem se dedicado a preservar a memória de uma das bandas mais influentes do punk rock. Em sua autobiografia Punk Rock Blitzkrieg e em diversas entrevistas, o músico abre o coração sobre episódios intensos de sua trajetória, sem poupar detalhes ou amenizar os conflitos que vivenciou ao lado de seus companheiros de banda.

Muito além da bateria: a jornada pessoal de Marky

Nascido Marc Bell, o baterista entrou para os Ramones em 1978, assumindo as baquetas após a saída de Tommy Ramone. Participou de boa parte da discografia da banda até sua dissolução em 1996, com uma pausa entre 1983 e 1987, motivada por sua luta contra o alcoolismo.

Marky compartilha relatos sinceros sobre essa fase sombria: “Escondia garrafas de vodca em todos os cantos. Eu estava destruído.” A dependência o afastou temporariamente da banda, mas, após anos de reabilitação, ele retornou à formação com novo fôlego. Seu relato é um lembrete de que o sucesso no palco nem sempre reflete o que acontece fora dele.

Retrato sem filtros da banda punk mais icônica dos EUA

Marky não hesita em revelar as complexidades internas dos Ramones. Johnny Ramone, por exemplo, é descrito como alguém “autoritário, conservador e com posturas racistas”, o que gerava constantes choques ideológicos com Marky. A convivência era tensa, mas profissional.

Joey Ramone aparece sob uma lente mais sensível: “Joey era introspectivo, sofria de TOC. Era difícil, mas havia uma conexão verdadeira entre nós.” Já Dee Dee, compositor prolífico e instável, é lembrado como um “gênio atormentado”, que alimentava a alma criativa da banda, mas também carregava o peso da dependência química.

Ao revisitar esses episódios, Marky reforça que sua intenção é contar os fatos como aconteceram. “A verdadeira história dos Ramones merece ser conhecida”, afirma o baterista.

Punk, Brasil e parceria com bandas nacionais

Se tem um país que acolheu os Ramones de braços abertos, foi o Brasil — e Marky Ramone nunca esconde sua gratidão. Desde os anos 80, já visitou o país mais de 20 vezes, participando de turnês, festivais e gravações. Em seu projeto Marky Ramone's Blitzkrieg, revive os clássicos da antiga banda e mantém o espírito punk ativo nos palcos.

Entre as colaborações mais marcantes estão parcerias com Raimundos e Tequila Baby, resultando até em discos ao vivo gravados em solo brasileiro.

Um legado que atravessa gerações

Mesmo após a morte de Joey, Johnny, Dee Dee e Tommy, o nome Ramones continua reverberando no mundo da música. Marky, como último remanescente da formação clássica ainda em atividade, faz questão de manter essa chama acesa — sempre com autenticidade.

“O que escrevi no livro é a minha verdade. Não escondo os erros nem os acertos. O importante é manter viva a história, sem distorções”, reforça.

Entre altos e baixos, brigas e superações, o que fica é o legado imortal de uma banda que definiu o som e a atitude de uma geração — e que continua a influenciar fãs em todas as partes do mundo, especialmente no Brasil.

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