MARIA BETHÂNIA é indicada ao GRAMMY pela primeira vez aos 80 anos com álbum ao vivo com CAETANO VELOSO

Maria Bethânia, uma das vozes mais marcantes da história da música brasileira, acaba de conquistar algo inédito: sua primeira indicação ao Grammy. Aos 79 anos, prestes a completar oito décadas de vida em junho de 2026, a cantora baiana foi indicada na categoria Melhor Álbum de Música Global com “CAE ⟷ BTH – Caetano e Bethânia ao vivo”, lançado em maio de 2025. O disco celebra a turnê que reuniu os irmãos Caetano Veloso e Bethânia em um espetáculo emocionante que percorreu o Brasil entre agosto de 2024 e março de 2025.

A notícia foi recebida com entusiasmo por ambos, mas, segundo Caetano Veloso, foi Bethânia quem mais comemorou. Em um áudio publicado pelo cantor nas redes sociais, é possível ouvir a alegria contagiante da irmã ao saber da indicação. “É natural que, a julgar pelos áudios divulgados por Caetano Veloso, Maria Bethânia tenha parecido mais empolgada do que Caetano”, registrou o próprio músico.

A indicação é simbólica por diversos motivos. Em mais de 60 anos de carreira, Bethânia nunca havia sido nomeada ao prêmio mais importante da indústria fonográfica mundial. Já Caetano acumula um histórico mais extenso com o Grammy: venceu em 2000 com o álbum Livro (1997), na então categoria de World Music, e foi indicado outras vezes ao longo das décadas.

“Música global”: a nova nomenclatura e o peso cultural da indicação

O Grammy reformulou recentemente o nome da categoria, substituindo o termo world music por global music. A mudança, segundo a própria Academia da Gravação, buscou eliminar o viés colonialista e preconceituoso associado à antiga nomenclatura. “Aliás, o termo 'música global' nada mais do que é a atualização politicamente correta da expressão 'world music', aposentada pela Academia da Gravação pelo alto teor de preconceito embutido no termo”, explica o comunicado oficial.

Mas, na prática, a nova designação mantém a essência: reconhecer produções musicais de fora dos eixos Estados Unidos e Reino Unido — justamente o terreno onde a música brasileira sempre floresceu com identidade própria.

A presença de Caetano Veloso e Maria Bethânia entre os indicados reforça a relevância da MPB em um cenário cada vez mais diverso. Com melodias que mesclam raízes afro-brasileiras, poesia e experimentação, o álbum “CAE ⟷ BTH – Caetano e Bethânia ao vivo” simboliza a síntese de uma trajetória que transcende gerações.

A categoria de Melhor Álbum de Música Global traz ainda concorrentes de peso, como o nigeriano Burna Boy, o indiano Siddhant Bhatia e o senegalês Youssou N'Dour. Mesmo diante de nomes reconhecidos internacionalmente, a força da música brasileira — representada por dois artistas cuja obra moldou a identidade cultural do país — surge como forte candidata à vitória.

Maria Bethânia recebe sua primeira indicação ao Grammy com o álbum em parceria com Caetano Veloso | Foto: Fernando Young/Divulgação

Um reencontro transformado em celebração

O álbum indicado, lançado em 26 de maio de 2025, eterniza o reencontro de dois irmãos que são pilares da cultura nacional. O show que deu origem à gravação foi uma das turnês mais celebradas da década, atraindo públicos recordes em cada cidade e relembrando o poder de uma parceria que começou ainda nos anos 1960, no movimento tropicalista.

No disco, 33 faixas se encadeiam em uma jornada de 42 canções que misturam clássicos, inéditas e releituras. Boa parte do repertório é assinada por Caetano, que segue como um dos compositores mais influentes da música em língua portuguesa. Bethânia, por sua vez, entrega interpretações visceralmente emocionais, reafirmando sua maestria como intérprete e guardiã da canção popular brasileira.

“Como Bethânia enfatizou no áudio enviado a Caetano Veloso, o cantor e compositor é o autor de boa parte das 42 músicas encadeadas nas 33 faixas do álbum ao vivo”, diz a nota da gravadora. A própria indicação, portanto, carrega um duplo simbolismo: celebra a longevidade e relevância de dois artistas que continuam reinventando a MPB e representa um reconhecimento internacional da força criativa brasileira.

O projeto foi aclamado pela crítica e pelo público. Especialistas destacaram a qualidade da gravação ao vivo e a forma como a performance captura a essência da relação entre os irmãos. O palco, para ambos, é um espaço de comunhão e resistência artística — uma afirmação da arte brasileira em tempos de globalização cultural.

A força do Brasil no Grammy 2026

A 68ª edição do Grammy, marcada para 1º de fevereiro de 2026, em Los Angeles, promete ser um momento especial para a música brasileira. Caetano Veloso e Maria Bethânia são os únicos artistas do país indicados este ano, o que aumenta o peso simbólico da nomeação. Tradicionalmente, brasileiros costumam aparecer em categorias como Latin Jazz ou Música Latina Contemporânea, mas, desta vez, a MPB ocupa um espaço de destaque no panorama global.

A possível vitória seria mais do que um troféu — seria um gesto de reconhecimento à contribuição da música brasileira para o patrimônio cultural mundial. E, para Bethânia, coroaria uma carreira marcada por elegância, intensidade e fidelidade à própria arte.

Mesmo sem saber o resultado final, a indicação já se tornou um marco. Aos 80 anos, Maria Bethânia reafirma sua vitalidade artística e prova que o tempo apenas refina o talento. Caetano Veloso, por sua vez, consolida mais uma vez seu papel como compositor de dimensão universal, cuja obra segue inspirando músicos em todos os continentes.

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