LUIZ CARLOS SÁ apresenta novo capítulo da carreira solo com o EP Sambas de Mato
Projeto antecipa álbum cheio de parcerias e reforça fase criativa pós Sá & Guarabyra
Redação - SOM DE FITA
11/18/2025




Luiz Carlos Sá segue em movimento. Após o fim oficial da parceria com Guarabyra, anunciado há sete meses, o compositor e cantor carioca abre um novo ciclo criativo com o lançamento do EP Sambas de mato, que chega às plataformas na sexta-feira, 21 de novembro. Paralelamente, o artista trabalha em um álbum previsto para 2026, reunindo colaborações com nomes como Almir Sater (e Gabriel Sater), Chico César, Ivan Lins e Zeca Baleiro — um encontro de gerações que reforça a força autoral de Sá sem recorrer a nostalgia gratuita.
Com cinco faixas inéditas, o EP funciona como uma prévia do que vem por aí na fase pós-dupla, que ainda incluirá um livro de crônicas também programado para 2026. Inspirado em décadas de viagens por praias, serras e sertões brasileiros — muitas delas vividas ao lado de Guttemberg Guarabyra durante turnês — Sambas de mato revisita paisagens, memórias e personagens que moldaram o imaginário lírico do artista. Uma das faixas, Bananeira de São José, já havia sido apresentada ao público em outubro como single, antecipando a estética simples, direta e carregada de vivências pessoais que o trabalho abraça.
No conjunto, o lançamento marca mais um passo firme da carreira solo de Sá, que iniciou essa nova trajetória com o álbum Solo e bem acompanhado (2023). Agora, a intenção parece clara: seguir produzindo, revisitando histórias e construindo novas pontes musicais — sem transformar a quebra da dupla em ponto final.
A nova fase de Luiz Carlos Sá e o conceito por trás do EP
O EP Sambas de mato, editado pela gravadora Kuarup, traz composições que funcionam quase como relatos de viagem. E não apenas no sentido geográfico: são músicas que atravessam afetos, lembranças e cenas que marcaram décadas de estrada pelo Brasil profundo. O artista fala de praias desertas, cidades do interior, encontros inesperados e paisagens que misturam memória e poesia de um jeito muito próprio.
A ideia do projeto maior — EP, álbum e livro — vem sendo gestada há algum tempo. Agora, começa a ganhar forma. Sá constrói esse conjunto de obras com base em seu arquivo pessoal de vivências, histórias contadas por amigos e episódios que atravessaram sua vida artística. Para o artista, o EP funciona como um cartão de visita, abrindo caminho para o álbum colaborativo que está sendo gravado aos poucos e que deve reunir músicos que ele admira há décadas.
O lançamento reforça que Sá está menos interessado em revisitar o passado da dupla e mais empenhado em ampliar sua própria voz autoral. Sem exageros, sem autodefinições épicas. Apenas música gerada de forma contínua — algo que sempre caracterizou sua trajetória.



Capa do Ep de Luiz Carlos Sá: Samba de Mato. | Foto: Divulgação

As histórias por trás das faixas: de memórias praianas a ecos de quilombo
As cinco músicas do EP carregam narrativas distintas, mas todas amarradas pela vivência pessoal.
Zurumzum, por exemplo, nasceu das pescarias e dos passeios pela Baía de Sepetiba, no Rio de Janeiro. Sá revê ali momentos vividos ao lado da cantora Luhli (1945–2018) na praia de Filgueiras. A música traz como pano de fundo lembranças dos tambores escutados no Saí, região conhecida por histórias de um possível quilombo que, segundo moradores, preferia permanecer isolado. O tema, portanto, mistura realidade, mito e memória coletiva.
Em Belém, Belém, Belém, Sá transforma sua primeira visita à capital paraense em música. A repetição do nome no título não é apenas um recurso estilístico: busca recriar o som dos sinos da cidade, algo que marcou sua chegada e virou ponto central da composição. A faixa é menos uma descrição literal e mais um recorte afetivo da experiência.
Já Goiana remonta à década de 1970, período em que Sá e Guarabyra viajaram juntos para Correntina (BA), às margens do rio Corrente. Lá, conheceram a “morena Goiana”, figura que acabou se tornando musa inspiradora. A música, escrita em parceria pelos dois, carrega o frescor dessa memória de verão e da juventude em estrada.
Por fim, Histórias de Esmeralda apresenta um baião construído a partir da melodia de Constant Papineanu, parceiro de longa data de Sá. A letra evoca narrativas contadas por Comadre Naná e brinca com imagens do sertão, de forma simples e direta, sem buscar grandes metáforas.
Com esse conjunto, o EP não tenta ser um manifesto artístico nem um retorno grandioso, mas um trabalho de transição — que se vale das experiências acumuladas e das mudanças recentes na trajetória do compositor.
Um álbum colaborativo em construção e novos rumos para 2026
Enquanto o EP chega ao público, Sá segue imerso na gravação de um novo álbum. O projeto reúne participações de músicos que ele admira e com quem sempre quis criar: Almir Sater e Gabriel Sater, Chico César, Ivan Lins e Zeca Baleiro. Mesmo com tantos nomes fortes envolvidos, o artista mantém um discurso simples: trata-se de encontros musicais, não de um “superprojeto”.
O álbum e o livro previstos para 2026 prometem ampliar esse universo, costurando crônicas e canções para formar uma obra mais abrangente. É, no fundo, um movimento natural para quem passou décadas viajando o país, colecionando histórias e transformando experiências em canções.
Com Sambas de mato, Luiz Carlos Sá mostra que a vida pós-dupla não é um terreno de incertezas, mas um espaço de continuidade, onde a criação segue acontecendo sem pressa e sem necessidade de grandes slogans. Apenas música — e isso parece mais do que suficiente.
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