
Living Colour celebra os 35 anos de Time’s Up com performance incendiária no Tiny Desk da NPR
Um show histórico que reafirma a força do rock com consciência racial e política
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Redação - SOM DE FITA
7/1/2025




Três décadas e meia se passaram desde o lançamento do icônico Time’s Up, álbum que consolidou o Living Colour como uma das vozes mais originais, técnicas e politizadas do rock mundial. Para celebrar esse marco, a banda norte-americana fez uma apresentação especial no aclamado Tiny Desk Concert, da rádio pública norte-americana NPR, com uma performance poderosa, crua e cheia de simbolismo — tudo dentro do cenário intimista que o projeto propõe.
O quarteto formado por Corey Glover (vocais), Vernon Reid (guitarra), Doug Wimbish (baixo) e Will Calhoun (bateria) mostrou por que continua sendo uma referência quando o assunto é misturar peso, groove e mensagem. A escolha das músicas foi estratégica: todas pertencem ao Time’s Up, lançado em 1990, disco que venceu o Grammy de Melhor Álbum de Hard Rock em 1991 e que expandiu os horizontes do que significava fazer rock sendo uma banda negra em meio a um cenário predominantemente branco.
Rock, funk e ativismo em alta voltagem
No Tiny Desk, a banda entregou versões intensas e cheias de improviso de faixas como "Type", "Pride" e a emblemática "Elvis Is Dead" — essa última, uma crítica mordaz à canonização de Elvis Presley como "rei do rock", enquanto artistas negros que ajudaram a moldar o gênero permanecem marginalizados. A apresentação também incluiu “Love Rears Its Ugly Head”, faixa que equilibra sensualidade e crítica, com suas linhas de guitarra funkeadas e vocais cheios de alma.
Em tempos em que o discurso político e o debate racial ganham novas camadas, ver o Living Colour reafirmar sua arte é mais do que nostálgico: é necessário. Vernon Reid, com sua guitarra afiada e comentários rápidos entre as músicas, lembrou que o contexto do Time’s Up ainda ressoa fortemente hoje. Já Corey Glover, com sua presença de palco elétrica — mesmo sentado no cenário compacto da NPR —, entregou vocais que transitam do sussurro ao grito com naturalidade, lembrando que protesto também se faz com melodia.
Um legado vivo e pulsante
O show é mais uma prova de que o Living Colour não é apenas uma banda de “rock negro”, rótulo muitas vezes usado para restringir em vez de reconhecer. Eles são, sim, uma banda de rock, mas também de jazz, de funk, de metal, de hip hop. São a prova viva de que gêneros musicais não têm cor — mas que a indústria, historicamente, tem insistido em impor fronteiras.
Ao revisitar o Time’s Up dessa forma — sem rodeios, sem nostalgia vazia —, o Living Colour relembra que sua música continua atual, urgente e vibrante. A performance no Tiny Desk é um convite à reflexão, mas também um lembrete de que é possível dançar e pensar ao mesmo tempo. Um feito raro em qualquer época.

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