
Justiça dos EUA Decide: Capa de “NEVERMIND” Não é Pornografia e NIRVANA Sai Vitorioso em Processo Histórico
Tribunal encerra definitivamente a disputa judicial movida por Spencer Elden, o “bebê do Nirvana”, reafirmando o valor artístico da imagem e o legado do álbum
Redação - SOM DE FITA
10/6/2025






Poucos álbuns na história do rock geraram tanto debate quanto Nevermind, lançado em 1991 pelo Nirvana. A capa do disco — que mostra um bebê nu nadando em direção a uma nota de dólar — tornou-se um dos ícones mais reconhecíveis da cultura pop. Trinta anos depois, a imagem voltou aos tribunais dos Estados Unidos, quando Spencer Elden, o bebê retratado, tentou processar a banda e os responsáveis pela arte, alegando exploração indevida.
Agora, após anos de idas e vindas na Justiça, o caso chegou ao fim: a Corte reafirmou que a foto não é pornografia infantil e rejeitou mais uma vez as acusações.
O caso que colocou o “bebê do Nirvana” contra a própria história do rock
Em 2021, Spencer Elden entrou com um processo judicial alegando que a capa do álbum Nevermind configurava exploração sexual infantil. Ele argumentou que a imagem, ao mostrar sua nudez quando bebê, o teria exposto de forma permanente e não consentida. O processo pedia indenização financeira do Nirvana, de seus ex-integrantes, da gravadora Geffen Records e do fotógrafo responsável pelo clique, Kirk Weddle.
Contudo, desde o início, o argumento foi amplamente contestado por juristas e pela própria comunidade artística. A capa de Nevermind, criada em 1991, sempre foi interpretada como uma crítica social e simbólica ao capitalismo e à inocência corrompida — e nunca teve qualquer conotação sexual.
Segundo documentos divulgados pela Billboard, o juiz Fernando M. Olguin, responsável pelo caso, declarou que a imagem não se enquadra em nenhuma das definições legais de pornografia infantil. Em sua decisão, ele destacou:
“A nudez deve ser associada a outras circunstâncias que tornem a representação visual lasciva ou sexualmente provocativa.”
O magistrado chegou a comparar o retrato a uma simples cena familiar, afirmando:
“É o equivalente a uma foto de família de uma criança nua tomando banho.”
Com essa avaliação, o tribunal concluiu que não havia fundamento jurídico para sustentar a ação movida por Elden.
Spencer Elden e o peso da fama que ele mesmo ajudou a construir
Embora tenha alegado danos psicológicos e constrangimento, a própria trajetória de Spencer Elden acabou pesando contra ele durante o julgamento. O juiz Olguin lembrou que o norte-americano se beneficiou da fama ao longo das décadas, participando de eventos, concedendo entrevistas e vendendo itens autografados relacionados ao álbum.
Ele também recriou a icônica foto em diversas ocasiões, inclusive posando nu novamente em comemorações dos 10, 20 e 25 anos do lançamento do disco — ações que, segundo a Justiça, mostravam uma relação ambígua entre Elden e a imagem que ele dizia repudiar.
O legado de “Nevermind” e o impacto cultural da decisão
Mais do que um simples álbum, Nevermind redefiniu o rock dos anos 1990 e consolidou o movimento grunge no cenário mundial. Com faixas como Smells Like Teen Spirit, Come As You Are e Lithium, o disco transformou o Nirvana em um fenômeno global e deu voz a uma geração inteira de jovens descontentes com o sistema.
A imagem da capa — o bebê perseguindo uma nota de dólar — simboliza a pureza humana sendo corrompida pelo dinheiro e pela sociedade de consumo. Longe de qualquer erotização, ela foi concebida como uma crítica visual poderosa, e esse sentido foi reafirmado pela decisão judicial recente.
Para especialistas, o resultado do caso reforça um ponto essencial: a importância de proteger o contexto artístico e histórico de uma obra. A decisão também serve de precedente para outros processos envolvendo liberdade criativa, arte e interpretações subjetivas.
Mesmo décadas depois do lançamento, Nevermind continua sendo uma das capas mais emblemáticas da história da música — estudada, reinterpretada e debatida. A foto, feita pelo fotógrafo Kirk Weddle, nasceu de uma coincidência: o pai de Spencer era amigo do profissional e aceitou que o filho participasse da sessão.
Hoje, com o encerramento do processo, o Nirvana sai oficialmente vitorioso de uma batalha que chegou a ameaçar um dos maiores símbolos do rock.
Um fim simbólico para uma polêmica que já durava três décadas
Com a decisão de Fernando M. Olguin, o caso é considerado encerrado definitivamente, pondo fim a um dos processos mais curiosos e midiáticos da música moderna. A Justiça dos Estados Unidos reafirmou que a capa de Nevermind deve ser vista dentro do contexto artístico e não sob uma ótica sexual ou criminosa.
A vitória do Nirvana, além de jurídica, também é simbólica — pois reafirma o poder da arte de provocar reflexão e debate sem ser censurada por interpretações distorcidas.
Mais de 30 anos depois, Nevermind continua ecoando não apenas nas guitarras distorcidas de Smells Like Teen Spirit, mas também como um manifesto visual da rebeldia e do inconformismo que definiram uma era.
E agora, com a polêmica oficialmente encerrada, o “bebê do Nirvana” volta a ser apenas um símbolo — não de um processo judicial, mas de um momento em que a música mudou o mundo.
Spencer Elden, aos 20 anos, recriou a icônica capa de Nevermind | Reprodução
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