
Julian Lennon e a Canção Que Nunca o Deixou: “Hey Jude” e Suas Lembranças Dolorosas
Filho de John Lennon revela sentimentos conflitantes sobre o clássico dos Beatles, escrito para consolá-lo após o divórcio dos pais
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Redação - SOM DE FITA
7/21/2025




Julian Lennon, primogênito de John Lennon, tem uma ligação delicada com uma das músicas mais emblemáticas dos Beatles: Hey Jude. Escrita em 1968 por Paul McCartney com o objetivo de confortá-lo durante a separação de seus pais, a canção acabou se tornando, para Julian, um símbolo de lembranças amargas — um contraste forte com a ternura que a maioria do público sente ao ouvi-la.
A Música Que Nasceu da Separação
A história por trás de Hey Jude começa em um dos períodos mais conturbados da vida do jovem Julian. Aos cinco anos, ele testemunhava o divórcio de John e Cynthia Lennon, um momento agravado pelo envolvimento do pai com Yoko Ono. Paul McCartney, então amigo próximo da família, resolveu visitar Cynthia e Julian para prestar apoio. No caminho, começou a rascunhar o que viria a ser uma das músicas mais conhecidas da história da música pop.
Na versão inicial, a canção se chamava Hey Jules — uma tentativa de McCartney de dar palavras de conforto ao garoto em meio à tempestade emocional. A letra foi escrita para transmitir força, acolhimento e coragem, algo que o pequeno Julian certamente precisava naquele momento.
A Canção que Machuca
Anos depois, Julian Lennon não esconde a ambiguidade de seus sentimentos sobre a música. Apesar de reconhecer a boa intenção de Paul e a beleza da composição, ele afirma que Hey Jude funciona como um gatilho emocional, trazendo à tona a memória da separação de seus pais. Em suas palavras, a canção representa um "lembrete sombrio" de um momento de solidão e ruptura.
Julian já comentou publicamente que, mesmo sendo ainda uma criança na época, sabia que aquele período marcava uma mudança definitiva em sua vida. A música virou uma espécie de trilha sonora involuntária de uma infância marcada pela ausência e pelo distanciamento do pai. “É claro que eu entendo a intenção da música, mas ainda hoje é difícil ouvi-la sem pensar em tudo que ela representa pra mim”, disse o músico.
Ele também revela certo incômodo com o fato de Hey Jude estar constantemente presente em sua vida, seja em rádios, festas ou até em vídeos que amigos enviam com crianças pequenas cantando a música. O sucesso da canção mundialmente acaba funcionando como um lembrete constante de um passado que ele tenta superar.


De Trauma a Transformação
Em um gesto simbólico e artístico, Julian resolveu ressignificar essa ligação ao lançar, em setembro de 2022, seu sétimo álbum de estúdio, intitulado justamente Jude. O título é uma escolha consciente — uma tentativa de tomar para si aquilo que por tantos anos foi fonte de dor. Com esse disco, Julian busca transformar o peso emocional do nome em uma marca de empoderamento, homenageando principalmente sua mãe, Cynthia Lennon, falecida em 2015.
Ao comentar sobre o novo trabalho, Julian destaca que a mensagem de Hey Jude continua válida, especialmente a parte que diz para não carregar o mundo sobre os ombros. “Esse sentimento ainda ressoa hoje. O álbum é, em parte, uma forma de deixar isso para trás e seguir em frente”, explicou.
Apesar de seguir uma carreira na música, Julian sempre trilhou um caminho próprio, distante dos holofotes herdados de seu pai. Sua trajetória mostra que a arte pode ser, sim, uma forma de cura — mesmo quando se tem como ponto de partida uma lembrança difícil.
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