
Jorge Lafond: o legado irreverente e corajoso do artista que marcou gerações
Com talento e autenticidade, Lafond eternizou a personagem Vera Verão e se tornou símbolo de resistência e representatividade na cultura brasileira
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Redação - SOM DE FITA
6/23/2025




Jorge Lafond foi mais do que um rosto marcante da televisão brasileira. Com seu carisma único, inteligência cênica e coragem para desafiar os padrões da sociedade, ele se transformou em um ícone da cultura pop nacional. Reconhecido principalmente pela personagem Vera Verão, Lafond também foi bailarino, ator de teatro, apresentador e ativista da diversidade, deixando um legado que resiste ao tempo.
Início de vida e formação artística
Nascido no Rio de Janeiro em 29 de março de 1952, Jorge Luiz Souza Lima Lafond se formou em artes cênicas pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Ainda jovem, ingressou como bailarino no corpo estável do Theatro Municipal do Rio de Janeiro — um feito importante para um artista negro em um espaço historicamente elitista.
Sua carreira no teatro o levou a participar de montagens clássicas e modernas, e ele logo começou a transitar também pela televisão e pelo cinema, ampliando seu alcance como artista multifacetado.
A criação de Vera Verão
A personagem mais famosa de Lafond surgiu nos anos 1990, no programa A Praça é Nossa, do SBT. Vera Verão conquistou o público com sua atitude desafiadora, visual vibrante e bordões como “Ai, como ela está bandida!”. Com humor escrachado e muita presença de palco, Lafond usava a personagem para criticar estereótipos e jogar luz sobre questões de gênero, comportamento e liberdade individual — mesmo em tempos em que isso ainda era considerado tabu na TV aberta.
Vera Verão se tornou um símbolo de irreverência e coragem, sendo uma das primeiras figuras assumidamente afeminadas e negras a ocupar o horário nobre com protagonismo e humor.
Desafios enfrentados na televisão
Apesar da popularidade, Jorge Lafond enfrentou bastidores nem sempre acolhedores. Diversas vezes relatou episódios de preconceito e homofobia nos bastidores da televisão, incluindo censuras, cortes de participação e resistência por parte de colegas e executivos. Ainda assim, nunca deixou de se posicionar como um artista fiel à sua identidade.
Ele também participou de outras produções televisivas e cinematográficas, como as novelas Sassaricando (1987) e Kananga do Japão (1989), além de filmes como Rio Babilônia (1982) e Sonhei com Você (1988), demonstrando versatilidade além do humor.
Uma voz à frente do seu tempo
Lafond se tornou um dos nomes mais importantes na história da representatividade LGBTQIA+ na mídia brasileira, mesmo antes da sigla ser amplamente debatida. Seu trabalho ajudou a abrir caminho para que outras expressões de identidade pudessem emergir na cultura nacional.
Mesmo quando não se colocava como ativista formalmente, sua presença na mídia — como homem negro, afeminado e carismático — era, por si só, um ato de afirmação e resistência.
Falecimento e memória
Jorge Lafond faleceu em 11 de janeiro de 2003, aos 50 anos, em São Paulo, após uma parada cardiorrespiratória. Sua morte gerou grande comoção entre fãs e artistas, que destacaram sua importância para o humor, a cultura e a representatividade brasileira.
Até hoje, sua imagem é celebrada nas redes sociais, em memes, vídeos antigos e homenagens. A personagem Vera Verão segue viva no imaginário coletivo como símbolo de resistência, autenticidade e bom humor.
Lafond nas redes: um fenômeno que continua
Com o crescimento das redes sociais e do resgate de ícones da cultura pop brasileira, Jorge Lafond ganhou nova projeção entre as gerações mais jovens. Vídeos com participações suas viralizam frequentemente no TikTok, YouTube e Instagram, muitas vezes acompanhados de mensagens de carinho e reconhecimento à sua importância histórica.
Jorge Lafond transformou sua arte em uma ponte entre o riso e o enfrentamento social. Sua trajetória continua sendo exemplo de ousadia e talento, especialmente em um país onde a diversidade ainda enfrenta tantas barreiras. Rir com Lafond era também aprender com ele — e esse é um legado que segue mais atual do que nunca.
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