JOGOS que foram BANIDOS em diferentes países e os motivos por trás disso

Quando o entretenimento cruza linhas culturais, políticas e sociais e acaba enfrentando censura ao redor do mundo

Redação - SOM DE FITA

9/3/2025

Ao longo da história, os videogames deixaram de ser apenas entretenimento e passaram a ocupar um espaço central na cultura, influenciando comportamentos, estilos de vida e até debates políticos. Porém, em vários momentos, determinados títulos ultrapassaram limites impostos por governos e acabaram proibidos em alguns países. Essas restrições não são apenas uma questão de censura, mas refletem contextos culturais, sociais e jurídicos que moldam a relação entre sociedade e tecnologia. Da violência gráfica à representação política, cada banimento traz uma história única sobre os valores de cada nação.

Abaixo listamos alguns dos jogos mais polêmicos que já foram banidos em diferentes países, acompanhados dos motivos que levaram governos e instituições a tomarem essa decisão. Cada caso revela não apenas os limites impostos ao entretenimento digital, mas também o impacto cultural e social que os videogames podem exercer no mundo real.

"Grand Theft Auto" – Crimes virtuais que viraram caso real

A franquia Grand Theft Auto é uma das mais polêmicas da história dos games. Conhecida por oferecer liberdade para que o jogador cometa crimes como roubos, agressões e até assassinatos, a série foi alvo de inúmeros processos judiciais e campanhas de pais preocupados. Em países como a Tailândia, GTA IV foi proibido após um caso real em que um jovem alegou ter se inspirado no jogo para cometer um assalto seguido de homicídio. O governo considerou o game uma ameaça à segurança pública e determinou sua retirada das prateleiras. O exemplo tailandês revela como a ficção pode ser usada como bode expiatório em situações de violência, ao mesmo tempo em que levanta discussões sobre responsabilidade social dos desenvolvedores.

"Manhunt 2" – O limite da violência interativa

Lançado pela Rockstar Games em 2007, Manhunt 2 foi considerado excessivamente brutal. O título coloca o jogador no controle de um protagonista envolvido em execuções violentas, com mecânicas que incentivam a tortura de inimigos. Nos Estados Unidos, o jogo enfrentou classificação “Adults Only” (somente para adultos), que na prática inviabiliza a distribuição em consoles. Já em países como Reino Unido e Irlanda, o banimento foi oficial, sob o argumento de que a violência explícita poderia causar “impacto social negativo”. A polêmica gerou debates sobre liberdade criativa e até onde a indústria pode ir na busca por realismo gráfico e narrativo.

"PUBG" – O battle royale que assustou governos

PlayerUnknown’s Battlegrounds (PUBG) revolucionou o mercado ao popularizar o gênero battle royale, mas também encontrou resistência em diferentes regiões. Na Índia, por exemplo, o jogo foi temporariamente banido em vários estados sob a acusação de prejudicar o desempenho escolar de jovens e incentivar comportamentos agressivos. Pais e educadores alegaram que os estudantes estavam viciados, passando horas seguidas diante da tela. Autoridades chegaram a prender adolescentes que desrespeitaram a proibição. Mais do que violência, o caso de PUBG trouxe à tona uma preocupação global: o impacto do vício em games sobre a saúde mental de crianças e adolescentes.

"Postal 2" – Humor ácido que ultrapassou limites

Conhecido por seu humor controverso e pelo incentivo a atos ultrajantes, Postal 2 foi alvo de banimentos em países como Austrália e Nova Zelândia. O jogo permite ao usuário realizar desde pequenos delitos até atos de violência extrema contra civis comuns, sempre com um tom de sátira. Para alguns governos, o título ultrapassou qualquer limite aceitável, promovendo discursos de ódio e banalização da violência. Por outro lado, os defensores do jogo argumentam que se trata de uma crítica social ácida e uma forma de humor negro. Esse embate ilustra como a percepção cultural sobre o que é “ofensivo” pode variar radicalmente entre sociedades.

"Counter-Strike" – Um caso de segurança pública

Embora seja um dos jogos de tiro mais populares de todos os tempos, Counter-Strike também enfrentou bloqueios. No Brasil, em 2008, uma versão modificada que incluía um mapa representando favelas brasileiras foi proibida pela Justiça de Goiás. O argumento era de que o game estimulava o preconceito e a apologia ao crime organizado. A decisão foi posteriormente contestada, mas o episódio marcou um dos raros momentos em que um jogo de sucesso global foi censurado em território nacional. O caso mostra como representações locais dentro de um game podem gerar conflitos diretos com a realidade social de um país.

"Mortal Kombat" – Quando o sangue pixelado virou caso sério

Nos anos 1990, Mortal Kombat foi um divisor de águas na discussão sobre violência nos videogames. Seus famosos fatalities – execuções sangrentas que encerravam as lutas – provocaram pânico em diferentes sociedades. Na Alemanha, o jogo foi proibido por anos sob o argumento de que poderia corromper menores de idade. Já em outros países, como Austrália, edições específicas foram censuradas ou alteradas para reduzir o impacto visual. O caso de Mortal Kombat foi tão marcante que ajudou a criar sistemas de classificação indicativa, como o ESRB nos Estados Unidos, que até hoje regulam o acesso de crianças e adolescentes a determinados conteúdos.

O impacto dos banimentos na cultura gamer

Esses exemplos mostram que os banimentos não surgem apenas por violência gráfica, mas também por fatores políticos, sociais e até pedagógicos. Em alguns casos, a proibição gera efeito contrário, transformando os jogos em itens cultuados e ainda mais procurados. Em outros, abre debates sobre os limites da liberdade criativa e sobre o papel do Estado em regular formas de arte e entretenimento. De qualquer forma, a história dos games proibidos mostra como os videogames, longe de serem apenas diversão, são também reflexos das tensões e valores de cada época e lugar.

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