Quem vê o peso histórico de “Smoke on the Water” nem imagina que a música quase ficou de fora do lendário álbum Machine Head (1972), do Deep Purple. Criada às pressas, sem pretensão de virar hit, a faixa nasceu de um momento caótico e improvisado — e acabou se tornando um marco definitivo do rock.

Nasce um clássico no susto

A ideia inicial era apenas completar o tempo de gravação do álbum. Com uma base instrumental feita durante um teste de som e sem letra pronta, a banda só resolveu desenvolver a faixa nos últimos momentos do cronograma. “Foi escrita em um momento de pânico”, confessou Ian Gillan. O baixista Roger Glover e o próprio Gillan escreveram a letra praticamente de última hora, transformando uma situação real vivida pela banda em Montreux, na Suíça, em um relato épico.

O incêndio que virou inspiração

Durante um show de Frank Zappa no cassino de Montreux, um espectador disparou um sinalizador, provocando um incêndio que consumiu o local. O Deep Purple estava na cidade justamente para gravar seu novo disco, e acabou presenciando tudo de perto. “A visão impressionante da fumaça densa e escura que pairava sobre as águas serenas do Lago Genebra [...] foi o elemento crucial que deu origem ao título icônico da canção”, contou Gillan.

Com o cassino em ruínas, o grupo improvisou um estúdio no Grand Hotel, usando colchões como isolantes acústicos e um caminhão móvel dos Rolling Stones para registrar as faixas — tudo ligado por cabos espalhados pelos corredores e janelas do prédio.

Do fundo do caos para o topo do rock

O que era para ser uma faixa de preenchimento virou um hino. Com seu riff icônico e letra biográfica, “Smoke on the Water” ultrapassou fronteiras e se eternizou no repertório do rock. Tudo isso por causa de um incêndio, um pouco de desespero e muita criatividade sob pressão.

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