IAN GILLAN fala em possível aposentadoria: dificuldades de visão colocam futuro do Deep Purple em dúvida
Aos 80 anos, vocalista admite que sua visão está comprometida e que encerrar a trajetória com o Deep Purple pode estar “não muito longe”, mesmo com nova turnê europeia marcada para 2026.
Redação - SOM DE FITA
11/18/2025




A longevidade no rock sempre impressiona, mas também cobra seu preço. Ian Gillan, a voz clássica do Deep Purple, reconheceu que sua saúde pode estar ditando os próximos passos da carreira. Aos 80 anos, o vocalista revelou estar lidando com problemas sérios de visão e admitiu que uma aposentadoria não está fora de cogitação. A declaração surge após um período intenso de atividades, marcado por uma grande turnê encerrada no fim do ano passado e por apresentações isoladas ao longo de 2025.
Gillan, que integra a banda desde 1969 — com idas e vindas —, abriu o jogo em entrevista à revista Uncut. Pela primeira vez, ele detalhou as limitações que vem enfrentando no dia a dia, especialmente ao tentar trabalhar em seu computador. E, mesmo mantendo o bom humor característico, o cantor deixou claro que o impacto na sua rotina já é incontornável.
“É uma daquelas coisas. Eu tenho apenas 30% da visão”, contou. “Isso não vai melhorar. Torna a vida misteriosa. A parte mais difícil é trabalhar no meu laptop. Eu não consigo ver nada na tela a menos que use a visão periférica; eu pego uma linha olhando para ela de lado. Mas você encontra um jeito. Você se adapta.”
A franqueza, somada ao contexto atual do rock clássico — marcado por anúncios de despedida —, reforça a sensação de que um ciclo pode estar chegando ao fim.
Um ícone que atravessou eras e redefiniu a história do hard rock
Gillan entrou para o Deep Purple após passagem pela banda Episode Six, ao lado do baixista Roger Glover. Juntos, substituíram Rod Evans e Nick Simper, dando início à fase mais emblemática da banda. Seu período inicial durou de 1969 até 1973, quando deixou o grupo. Voltaria posteriormente em 1984, permanecendo até 1989, e retomaria definitivamente o posto em 1992 — de onde nunca mais saiu.
São mais de cinco décadas marcadas pela evolução da própria música pesada. Gillan acompanhou transformações técnicas, mudanças de estilo, novas gerações de ouvintes e uma agenda de shows que exigiria muito de qualquer artista, quanto mais de alguém aos 80 anos. Porém, para ele, envelhecer não é exatamente um peso — é quase motivo de piada.
“É hilário esse negócio de envelhecer. É uma risada por minuto”, brincou. “Bem, às vezes sim e às vezes não. Eu caminho na rua e escuto algo cair — clang, lá se foi mais alguma coisa. Nada realmente mudou, exceto que eu não consigo mais saltar com vara. Fora isso, as coisas só se movem um pouco mais devagar. Mas nada mudou.”
A fala mescla humor e realidade: a idade chega para todos, inclusive para quem ajudou a moldar o rock mundial.



Ian Gillan enfrenta desafios de baixa visão, mas segue firme como uma das vozes mais marcantes do rock | Foto: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.show

Entre despedidas e persistência: o futuro do Deep Purple em meio às incertezas
A reflexão de Gillan veio poucos dias depois de outro marco no universo do rock: a aposentadoria oficial de David Coverdale. O cantor, que substituiu Gillan no Deep Purple na década de 70 antes de construir sua própria história com o Whitesnake, anunciou que deixaria os palcos após mais de meio século de atividade.
Coverdale agradeceu “todos que me ajudaram e apoiaram nessa jornada incrível”, mas afirmou que “realmente é hora de simplesmente aproveitar minha aposentadoria”.
A saída de uma figura tão importante aumenta naturalmente a atenção sobre Gillan — e sua situação física reforça essa preocupação. Apesar disso, o Deep Purple já confirmou uma turnê europeia para o próximo verão. O anúncio mostra que, ao menos por enquanto, o vocalista pretende continuar.
Mas ele mesmo reconhece que a decisão pode estar próxima: “Eu acho que se eu perder minha energia, eu vou parar”, afirmou. “Eu não quero ser um constrangimento para ninguém. Nós não estamos muito longe disso. Isso chega devagar; você nem percebe.”
A honestidade é rara no meio artístico, ainda mais quando se fala em idade, limitações e despedidas. Gillan parece aceitar a passagem do tempo sem drama — mas com consciência.
Uma despedida possível, mas não oficial
Mesmo com a turnê marcada, a fala de Gillan deixa um ar de incerteza sobre o futuro. Seus problemas de visão são irreversíveis, e a rotina exigente de shows pode eventualmente se tornar inviável. Apesar disso, o vocalista demonstra adaptabilidade e resiliência, características que sempre o acompanharam.
O Deep Purple, como muitos ícones da era clássica do rock, vive hoje um equilíbrio delicado entre legado e atualidade. As turnês continuam lotando, mas a idade dos integrantes já ultrapassa a marca que muitos artistas sequer imaginam chegar mantendo uma carreira ativa.
Ainda não há anúncio oficial de aposentadoria, e os fãs continuam na expectativa. Mas pela primeira vez, Gillan admite publicamente que o fim pode estar próximo — e diz isso com naturalidade, sem dramaticidade, apenas com a sinceridade de quem viu tudo, viveu tudo e entende o momento.
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