
Ian Gillan comenta possível remix de "Born Again", do Black Sabbath: “A mixagem original foi ridícula”
Clássico estranho da fase mais improvável da banda pode ganhar nova roupagem com aval parcial do vocalista do Deep Purple
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Redação - SOM DE FITA
5/14/2025




Lançado em 1983, Born Again é, até hoje, uma das obras mais controversas — e cultuadas — da discografia do Black Sabbath. O disco marca a curta e curiosa passagem de Ian Gillan (Deep Purple) pelos vocais da banda, ao lado de Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward. Quase quatro décadas depois, o lendário guitarrista Iommi já deu pistas de que pretende remixar o álbum. Mas o que pensa Gillan sobre isso?
Em entrevista ao jornalista Igor Miranda para a Rolling Stone Brasil, durante sua passagem pelo país com o Deep Purple no festival Best of Blues and Rock, o vocalista foi direto ao falar sobre a qualidade do som original:
“Acho as músicas ótimas. Só achei ridículo. A mixagem ficou absurda. Um dia, o engenheiro desapareceu do estúdio. E alguém assumiu. Não vou dizer quem, porque o baixista deve permanecer em segredo. Mas acho que foi remixado e só dava para ouvir o grave.”
Gillan chegou a comparar a experiência com o filme This is Spinal Tap (1984), que satiriza os bastidores exagerados do rock:
“A moça da gravadora ou o assessor de imprensa disse ao empresário: ‘não dá para tocar’. E foi exatamente isso que aconteceu. O nível do grave era tão alto que não dava para tocar no rádio.”
Apesar da crítica sonora, o vocalista ainda guarda carinho por algumas faixas — especialmente Trashed — e lembra da turnê com um sorriso no rosto:
“Tem uma música lá chamada ‘Trashed’, que foi composta no dia seguinte ao que quer que esteja por trás da história. Foi uma época fantástica. Eu curti a turnê. Foi a festa mais longa em que já estive. Durou um ano.”
Ele também relembra os desafios de assumir músicas de Dio e Ozzy nos shows da época:
“Sempre reconhecemos o fato de que Ozzy é o vocalista do Black Sabbath. E as pessoas se identificaram com isso. Então foi uma situação meio híbrida e estranha. Mas, no geral, graças a Deus eles vão remixar.”
Um disco que nasceu no caos
O encontro que selou a entrada de Gillan no Sabbath rolou num pub — regado a doses generosas de álcool. O baterista Bill Ward gravou o álbum, mas não participou da turnê, sendo substituído por Bev Bevan (Electric Light Orchestra). A sonoridade "embolada" do disco teve origem num problema técnico em um dos amplificadores de Iommi, que só foi percebido tardiamente.
Mesmo com todas as esquisitices, Born Again chegou ao 4º lugar nas paradas do Reino Unido e virou um clássico cult. Os shows da turnê renderam histórias no melhor estilo Spinal Tap, incluindo um cenário de Stonehenge tão grande que mal cabia no palco.
Gillan voltaria ao Deep Purple no ano seguinte, e tirando uma breve saída nos anos 1990, nunca mais deixou o posto. Agora, o destino de Born Again remixado parece finalmente estar se cumprindo — ainda que com algumas décadas de atraso.
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