GOO GOO DOLLS revisita clássicos em apresentação intimista no TINY DESK, agora disponível no YouTube
Performance destaca a força das baladas da banda e relembra momentos marcantes da carreira, em uma versão enxuta e próxima do público.
Redação - SOM DE FITA
11/20/2025




O Tiny Desk, projeto musical da rádio pública norte-americana NPR, voltou a virar pauta entre fãs de rock alternativo e pop rock. Desta vez, quem ocupou o pequeno espaço cercado de livros e instrumentos foi o Goo Goo Dolls, banda que atravessa décadas com hits que se tornaram parte da memória afetiva de várias gerações. A apresentação, publicada no YouTube nesta quarta-feira (19), resgata faixas que marcaram o auge comercial do grupo no fim dos anos 1990 e início dos anos 2000, mas sem a pretensão de criar nostalgia artificial. O registro funciona mais como um reencontro natural entre músicos e público, com interpretações diretas, arranjos enxutos e um clima de proximidade típico do formato.
Embora o Goo Goo Dolls mantenha uma trajetória longa — são quase quarenta anos desde a formação — a banda vem usando espaços como o Tiny Desk para reafirmar sua relevância, revisitando composições conhecidas e abrindo espaço para faixas menos evidentes do catálogo. O vídeo apresenta John Rzeznik e Robby Takac conduzindo a performance com uma banda de apoio compacta, apostando em versões que respeitam as origens das músicas sem tentar replicar o peso das gravações de estúdio.
Um repertório que conecta épocas
O setlist escolhido para o Tiny Desk privilegia o álbum Dizzy Up the Girl (1998), responsável por transformar o Goo Goo Dolls em um nome global. O disco trouxe a combinação de rock acessível com baladas confessionais, que se tornaria a marca registrada da banda. No vídeo, essa fase é revisitada logo de início com “Slide”, que estabelece o tom da apresentação. A execução evidencia a maturidade da voz de John Rzeznik, que comentou: “Minha voz tem apenas 30% da visão... isso não vai melhorar”, em referência aos desafios que enfrenta com a passagem do tempo — uma frase dita em outro contexto, mas que ecoa simbolicamente quando se observa a entrega vocal do músico hoje.
Apesar do foco nos sucessos antigos, a banda também decidiu incluir faixas que não aparecem em listas de grandes hits, mas que carregam identidade própria. É o caso de “Feel the Silence”, do álbum Let Love In (2006). No Tiny Desk, a música ganha uma leitura mais crua, destacando teclas e violões, o que reforça a intenção do formato: aproximar o ouvinte da composição, sem grandes efeitos ou camadas extras de produção.
Outra escolha curiosa do repertório é “Not Goodbye (Close My Eyes)”, que funciona quase como uma descoberta tardia para parte do público. A faixa não está entre as mais populares da banda, mas aparece aqui como uma balada que se beneficia do ambiente intimista — um espaço em que melodias diretas costumam funcionar melhor do que arranjos expansivos.



"Iris" no espaço onde tudo é reduzido ao essencial
Nenhuma aparição do Goo Goo Dolls passa despercebida sem que “Iris” seja mencionada. A canção, lançada originalmente para a trilha do filme Cidade dos Anjos e posteriormente incluída em Dizzy Up the Girl, é um dos maiores êxitos da história recente do rock radiofônico. No Tiny Desk, ela surge sem exageros, com a plateia reduzida reagindo de forma contida, mas evidente. O impacto emocional permanece, e a faixa se mantém como um ponto de união entre diferentes gerações de fãs.
O recente retorno da música ao mainstream após aparecer em Deadpool & Wolverine reacendeu o interesse do público mais jovem, o que faz da performance no Tiny Desk uma oportunidade valiosa para reintroduzir o Goo Goo Dolls a uma base de ouvintes que talvez não tenha acompanhado o auge comercial do grupo. Para os fãs antigos, a execução funciona como um lembrete direto do motivo pelo qual a banda manteve carreira duradoura mesmo com mudanças na cena musical ao longo dos anos.
A formação presente na apresentação inclui John Rzeznik (voz e guitarra), Robby Takac (baixo e vocais), Jimmy McGorman (teclados), Brad Fernquist (guitarra e mandolim) e Craig Macintyre (bateria). O quinteto mantém a energia necessária para sustentar o repertório, mas sem ultrapassar a proposta minimalista do Tiny Desk, que privilegia proximidade, leveza e interpretações mais diretas.
Tiny Desk como vitrine para fases distintas da carreira
O Tiny Desk se tornou, ao longo dos anos, um ponto de encontro para artistas em diferentes momentos da carreira. Para o Goo Goo Dolls, a participação funciona como uma atualização de rota: a banda não tenta reinventar sua identidade, mas reafirma a força das composições que atravessaram décadas. Ao mesmo tempo, usa o espaço para reposicionar faixas menos conhecidas, permitindo que ganhem vida nova longe da pressão das paradas de sucesso.
Esse tipo de exposição também favorece formatos alternativos de consumo. Com a performance disponibilizada no YouTube, o Goo Goo Dolls se aproxima de um público digital acostumado a conteúdos rápidos, diretos e com estética intimista. Não há exageros visuais, nem discursos longos. O foco está na música, nos arranjos básicos e na interação discreta entre os músicos.
A apresentação também destaca a importância de bandas veteranas revisarem seu catálogo de maneira honesta, aceitando as mudanças de voz, de timbre e de postura que vêm com o tempo. Rzeznik entrega vocais menos polidos do que nos anos 1990, mas a naturalidade acaba funcionando ao favor da performance, aproximando o artista da realidade do público adulto que cresceu com suas músicas.
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