GILBERTO GIL e CHICO BUARQUE notificam ex-integrante do PIXIES por suposto plágio em nova faixa

Música “Hang Tough”, de Paz Lenchantin, gera comparações com o clássico “Cálice” e provoca críticas entre fãs brasileiros

Redação - SOM DE FITA

8/26/2025

Gilberto Gil e Chico Buarque, dois dos maiores nomes da música popular brasileira, estão no centro de uma polêmica internacional após acusarem a musicista argentina-americana Paz Lenchantin, ex-integrante da icônica banda Pixies, de plágio. O motivo é a semelhança entre a melodia do clássico “Cálice”, lançado em 1979, e a faixa “Hang Tough”, divulgada por Lenchantin no último dia 18 de agosto como parte de seu projeto solo.

Segundo informações confirmadas pela assessoria de Gil à CNN, a notificação foi feita através da Sony Publishing, responsável pela defesa dos direitos autorais dos compositores. O caso reacendeu debates sobre a importância da preservação da obra de artistas consagrados e a relação entre inspiração, influência e cópia no universo musical.

A polêmica em torno de “Cálice” e “Hang Tough”

O clássico “Cálice”, composto por Gilberto Gil e Chico Buarque, ocupa um lugar especial na memória cultural do Brasil. Mais do que uma canção, a obra se tornou símbolo de resistência política, especialmente durante os anos de ditadura militar, quando sua letra desafiava a censura e transmitia mensagens de luta e liberdade.

É justamente a ligação histórica e emocional da música que faz com que o caso tenha ganhado tanta repercussão. Muitos fãs consideram que qualquer apropriação indevida desse clássico ultrapassa uma simples coincidência melódica. A nova faixa de Paz Lenchantin, “Hang Tough”, trouxe à tona esse desconforto entre ouvintes brasileiros, que logo se manifestaram nas redes sociais e na seção de comentários do YouTube.

Um internauta chegou a afirmar que esse “é o caso mais claro de plágio” que já viu. Outro, em inglês, fez questão de contextualizar a importância de “Cálice”, explicando:

“‘Cálice’ não é uma música qualquer. É uma obra-prima de dois titãs vivos da música brasileira, artistas de projeção mundial, e um clássico absoluto que se tornou o hino de resistência à censura durante os anos mais sombrios da ditadura que endurecemos. E, no entanto, Paz optou por elevar a música na íntegra, apostando no próprio hino que todos conhecemos de cor, cantamos e prezamos, para encenar seu retorno, sem dar o devido crédito aos verdadeiros autores. Fim.”

Esse tipo de reação evidencia não apenas a força da música brasileira no cenário global, mas também a vigilância dos fãs em proteger e valorizar a herança cultural do país.

A estreia solo de Paz Lenchantin e as parcerias de peso

Apesar da polêmica, “Hang Tough” faz parte de um projeto pessoal significativo para Paz Lenchantin. Conhecida por sua passagem como baixista do Pixies e por colaborações em outras bandas importantes do rock alternativo, a artista agora lança seu primeiro álbum solo, intitulado Triste. O disco está previsto para chegar ao público em 17 de outubro e promete revelar uma faceta mais intimista de sua carreira.

Para dar forma ao projeto, Lenchantin contou com contribuições de músicos renomados. O baterista Josh Freese, que já integrou grupos como Nine Inch Nails e Foo Fighters, o guitarrista Troy Van Leeuwen, do Queens of the Stone Age, e o multi-instrumentista Jeffertiti, ligado ao Father John Misty, participaram da gravação.

Vale lembrar que tanto Freese quanto Van Leeuwen já haviam trabalhado ao lado de Paz nos tempos da banda A Perfect Circle, reforçando uma parceria criativa que se estende por anos. Mesmo assim, todas as composições do álbum foram assinadas pela própria Lenchantin, que também gravou a maior parte dos instrumentos, exceto as colaborações especiais.

A polêmica, no entanto, pode acabar ofuscando esse momento importante na trajetória da artista, que desejava marcar sua estreia solo com originalidade e personalidade própria.

O impacto cultural e jurídico do caso

Acusações de plágio não são novidade no mundo da música, mas sempre geram discussões intensas. No caso de “Cálice”, a dimensão vai além do aspecto jurídico: trata-se de um patrimônio simbólico da resistência brasileira. Por isso, a reação de Gilberto Gil e Chico Buarque em acionar a Sony Publishing contra a gravadora de Paz Lenchantin pode abrir espaço para um processo mais amplo, envolvendo tanto direitos autorais quanto o reconhecimento histórico da obra.

Ao mesmo tempo, o episódio reacende o debate sobre como artistas internacionais se relacionam com obras consagradas de outros países. Até que ponto é possível usar referências e influências sem ultrapassar a linha do plágio? E como lidar com os contextos políticos e sociais que dão significado a essas músicas?

Enquanto essas perguntas circulam, internautas seguem acompanhando de perto os desdobramentos do caso. Muitos aguardam manifestações oficiais da própria Paz Lenchantin, que até agora não se pronunciou sobre as acusações.

Para o público brasileiro, resta a expectativa de que “Cálice” continue sendo lembrada por sua importância e respeitada como um dos maiores legados da música popular. Ao mesmo tempo, a situação serve como alerta sobre a necessidade de preservar a autoria e a integridade de obras que ultrapassam gerações.

Paz Lenchantin em show com o Pixies em 2023 - Foto: Erika Goldring / Getty Images

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