GEEZER BUTLER relembra últimos dias ao lado de OZZY OSBOURNE e destaca legado duradouro do vocalista
Baixista do Black Sabbath detalha bastidores do show final e reflete sobre amizade de 57 anos
Redação - SOM DE FITA
12/4/2025




O impacto da morte de Ozzy Osbourne segue reverberando no mundo do rock, e poucos nomes têm autoridade para falar sobre sua grandeza como Geezer Butler. O baixista, integrante da formação clássica do Black Sabbath, escreveu recentemente um tributo extenso para a revista Uncut e voltou a comentar as últimas interações com o vocalista em entrevistas posteriores. Ao revisitar memórias que atravessam quase seis décadas, Geezer não apenas relata os bastidores emocionais do último show da banda, mas também reforça o quanto Ozzy representou como amigo, parceiro de palco e figura central do heavy metal.
Nesta matéria, reunimos esses relatos para reconstruir a passagem final de uma das maiores lendas do gênero, sempre de forma factual, imparcial e com profundidade contextual.
O reencontro que marcou o “adeus” em Birmingham
O ponto central das lembranças de Geezer é o evento “Back To The Beginning”, realizado no Villa Park, em Birmingham, em julho de 2025. Ali, diante de mais de 40 mil pessoas e outros milhões acompanhando por transmissão, o Black Sabbath subiu ao palco pela última vez ao lado de Ozzy. Para Butler, o clima já sinalizava que algo estava diferente.
Em seu texto para a Uncut, ele descreveu o vocalista de forma comovente:
“No show final, ele estava muito mais quieto do que eu jamais o conheci. Olhando agora, acho que ele sabia que não estaria aqui por muito mais tempo, mas não que partiria tão cedo.”
Geezer contou que Ozzy estava ansioso para voltar a viver na Inglaterra e que se agarrava à ideia de tocar novamente na cidade natal. Para o baixista, a oportunidade de reunir os quatro membros originais, mesmo diante das limitações de saúde, foi um gesto carregado de intenção:
“Sou muito grato por termos conseguido tocar um último show juntos. Ele segurou firme para fazer aquele show, para se despedir dos fãs.”
A participação de Ozzy no palco exigiu adaptações — o vocalista cantou sentado em um trono decorado com morcegos, algo que refletia não apenas sua marca estética, mas também sua condição física fragilizada. Ainda assim, sua presença emocionou o público, que encarou o momento como um capítulo final de um legado sem paralelo no metal.
As dificuldades nos bastidores e a surpresa no reencontro
Em entrevista ao podcast Gabbing With Girlfriends, apresentado por Gloria Butler, esposa de Geezer, o baixista detalhou a reação que teve ao ser chamado para o evento. Ele afirmou que aceitou imediatamente, especialmente por acontecer no estádio do Aston Villa, time para o qual torce desde menino. Mas havia preocupação real sobre as condições de saúde dos colegas.
“Eu sabia que Ozzy não estava bem. Eu sabia que Bill não estava bem. Tony estava animado, e eu também, desde que todos topassem.”
Segundo Geezer, o reencontro foi especial também porque ele e Ozzy haviam ficado cerca de seis anos sem contato, devido a um desentendimento entre Gloria Butler e Sharon Osbourne. Com a reconciliação das duas, os músicos voltaram a conversar como antes — diariamente, por mensagens.
“Ele provavelmente é meu amigo mais antigo. Conheço Ozzy há 57 anos.”



Geezer Butler diz que aceitou o convite de imediato, motivado pelo estádio do Aston Villa, mas ainda preocupado com a saúde dos colegas — Foto: Reprodução

Ao relembrar os ensaios, Geezer descreveu a dinâmica clássica da banda — piadas internas, provocações e a familiaridade de sempre entre ele, Tony Iommi e Bill Ward. Mas a chegada de Ozzy ao estúdio foi um choque:
“Eu sabia que ele estava muito doente, mas não percebi o quão doente estava. Ele entrou sendo ajudado por dois assistentes.”
Para cantar, Ozzy precisava permanecer em uma poltrona. Após passar pelas músicas uma única vez, ele deixava o local para descansar enquanto os demais ajustavam arranjos e solos.
Ainda assim, o vocalista insistia em manter o espírito bem-humorado, com comentários sarcásticos e tiradas típicas — algo que, segundo Geezer, ajudava a aliviar o peso emocional da situação.
Tributos, legado e a importância de uma despedida final
Ozzy Osbourne morreu em 22 de julho de 2025, 17 dias depois do show em Birmingham, vítima de ataque cardíaco, agravado por doença arterial coronariana e Parkinson. A notícia gerou uma onda de homenagens em todo o mundo, de músicos de todos os gêneros.
Geezer destacou esse movimento coletivo em sua homenagem publicada na Uncut:
“A demonstração de homenagens e respeito de todos os lados da música, e o amor dos fãs, tem sido incrível. Ele era maior do que a vida e seu legado viverá para sempre.”
Para o baixista, porém, além da imagem de “Príncipe das Trevas” que atravessou décadas, havia o amigo íntimo:
“Ele pode ter sido o Príncipe das Trevas, mas para mim ele era um amigo de coração suave, que amava a família, o melhor amigo que alguém poderia ter.”
O show final contou com participações de gigantes do metal, como Metallica, Slayer, Pantera, Tool, Alice in Chains e Gojira. O evento foi apresentado pelo ator Jason Momoa, conhecido por seu entusiasmo pela música pesada.
Meses antes, no The Sunday Times, Geezer havia revelado ter ficado chocado ao ver a fragilidade de Ozzy no ensaio:
“Ele foi ajudado por dois assistentes e uma enfermeira, usando uma bengala preta cravejada de ouro e pedras preciosas.”
Apesar das limitações, Ozzy insistiu em seguir adiante, consciente da relevância simbólica daquele momento para a banda e para os fãs. Para Geezer, terminar a trajetória assim, na cidade onde tudo começou, foi o desfecho possível mais significativo:
“Estou tão feliz que aconteceu desse jeito, que terminamos em uma nota tão boa.”
Uma história que ultrapassa o palco
A despedida de Ozzy Osbourne não foi apenas a perda de um ícone global do rock. Para Geezer Butler, foi a partida de um companheiro que o acompanhou desde a juventude, atravessando crises, reconciliações, turnês e reinvenções do gênero que ajudaram a criar juntos.
Sua morte encerra simbolicamente a trajetória iniciada em Birmingham em 1968, quando quatro jovens — Ozzy, Geezer, Tony e Bill — formaram uma das bandas mais influentes da história da música. Décadas depois, retornaram ao mesmo solo para encerrar o ciclo.
Black Sabbath influenciou gerações inteiras de músicos, vendeu mais de 75 milhões de discos, foi introduzido no Rock and Roll Hall of Fame e moldou a estética, o som e a atitude do metal. Ozzy, por sua vez, ingressou duas vezes no Hall — como integrante da banda e como artista solo.
A despedida em Birmingham foi, não apenas um show, mas a síntese de 57 anos de laços humanos, artísticos e emocionais.
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