GEDDY LEE já falava de ANIKA NILLES antes de ela assumir a bateria do RUSH

Dois anos antes do anúncio oficial, o vocalista e baixista já havia elogiado a musicista alemã em entrevista — veja como o processo foi se desenrolando até o retorno da banda

Redação - SOM DE FITA

10/9/2025

A revelação de que Anika Nilles será a nova baterista do Rush para a turnê de 2026 resgata um momento interessante do passado: em 2023, Geddy Lee já havia mencionado o nome da artista ao ser questionado sobre novos nomes da percussão que o impressionavam. Essa antecipação lança luz sobre como as engrenagens da volta do Rush vinham girando nos bastidores — e mostra que nada aconteceu por acaso.

Abaixo, você acompanha os detalhes desse processo, desde o primeiro elogio até o anúncio oficial da turnê.

O momento em que Anika entrou no radar de Geddy Lee

Durante a divulgação de sua autobiografia em 2023, Geddy Lee concedeu entrevista ao The Guardian. Em meio a perguntas sobre bateristas que ele admirava, ele foi questionado se havia alguém além de Neil Peart que chamasse sua atenção — e aí surgiu Anika:

“Há tantos. Estamos vivendo em uma época rica, com grandes bateristas. Eu amo o jeito de tocar de Danny Carey (Tool). Eu amo Chad Smith (Red Hot Chili Peppers). Muito diferente de Neil, mas o cara tem tanto poder. Ouvi essa baterista outro dia, acho que seu nome é Anika. Ela tocou na última turnê de Jeff Beck e achei ela incrível.”

Esse trecho mostra que, mesmo antes de qualquer associação formal com o Rush, Anika já havia ganhado a atenção de Geddy — ainda que de forma tímida e com certa incerteza quanto ao nome correto.

Essa primeira menção serviu como ponto de partida para o processo que culminaria na escolha oficial. A partir dali, o nome “Anika” ficou circulando nos pensamentos da banda — ainda que de modo vago.

De indicação informal ao convite — os bastidores da escolha

Quando chegou o momento oficial de optar por uma baterista para a nova fase do Rush, Geddy Lee revelou que a descoberta de Anika decorreu de uma recomendação dentro do próprio círculo da banda:

“Procurei por ela, ela está por todo o YouTube. Ela é bem conhecida em seu próprio mundo musical. E então começamos a conversar sobre tocar de novo, então eu disse [a Alex Lifeson]: ‘dê uma olhada nela, talvez seja um caminho interessante para seguir’. E então uma coisa levou a outra e quando tomamos a decisão, queríamos ver se daria certo.”

Ele mencionou que seu “bass tech”, Skully, era quem estava trabalhando com Jeff Beck, e que trouxe notícias constantes sobre Anika:

“Meu bass tech, Skully … estava em turnê com Jeff Beck e em sua última excursão ele tocou com essa baterista chamada Anika Nilles … ele chegava em casa, falava maravilhas dela, ‘que instrumentista brilhante, que pessoa fantástica’…”

A partir daí, segundo Lee, eles começaram a vasculhar o trabalho da baterista alemã nas redes, no YouTube, e estudar se haveria sinergia musical.

Mas nem tudo foi linear: Lee ponderou que não se tratava de uma seleção convencional, mas de um experimento:

“Nós muito secretamente trazemos Anika para o Canadá, e não foi uma audição formal … era tudo um experimento.”

Com o tempo, eles aprimoraram ensaios, testes e conversas, até que a decisão final fosse tomada e anunciada ao público.

Vale destacar as palavras de Lee no anúncio oficial da nova participação de Anika:

“Como todos sabemos, Neil era insubstituível. No entanto, a vida é cheia de surpresas, e fomos apresentados a outra pessoa extraordinária; uma baterista e musicista incrível que está acrescentando mais um capítulo à nossa história enquanto continua sua fascinante jornada musical. Seu nome é Anika Nilles, e não poderíamos estar mais animados…”

Essa fala traduz a cautela e o respeito pelo legado deixado por Peart, além do otimismo em relação à nova fase.

Quem é Anika Nilles — trajetória e credenciais

Anika Nilles nasceu em 29 de maio de 1983, em Aschaffenburg, na Alemanha. Desde criança, iniciou o aprendizado da bateria — por volta dos seis anos de idade — e, após seu período escolar, dedicou-se a atividades sociais antes de migrar de vez para o mundo da música.

Seu nome começou a ganhar corpo principalmente via internet. Há cerca de 15 anos, ela passou a publicar performances, composições e vídeos no YouTube, o que lhe rendeu visibilidade no meio instrumental e progressivo.

No âmbito autoral, Anika lançou álbuns solo — destacam-se os títulos Pikalar (2017) e For a Colorful Soul (2020) — e seguiu criando com sua banda de apoio, Nevell, sendo reconhecida como compositora e educadora musical.

Sua experiência em turnês internacionais veio quando foi convidada para acompanhar Jeff Beck em sua excursão europeia de 2022. Esse trabalho foi fundamental para que seus talentos chamassem a atenção para além de sua base própria de fãs.

Com um repertório estabelecido, presença digital forte e fluência técnica reconhecida no cenário progressivo e jazz fusion, Anika ganhou status de destaque. E justamente esse conjunto de atributos fez com que o nome dela ecoasse até dentro das decisões da própria banda do Rush.

A nova era do Rush: turnê “Fifty Something” e memória de Neil Peart

Em 2026, o Rush voltará aos palcos com a turnê batizada Fifty Something — nome que faz alusão aos “50 e poucos anos” de carreira da banda. Será a primeira turnê oficial desde 2015.

Neil Peart, falecido em 2020, já havia encerrado oficialmente sua fase como baterista-profissional na banda desde 2015, o que sugou a dinâmica ativa de turnês do Rush. A morte dele produziu um hiato inevitável — e o retorno com uma nova formação representa desafio e homenagem ao mesmo tempo.

A escalação de Anika Nilles como baterista simboliza essa tensão. Por um lado, há o reconhecimento de que ninguém substitui integralmente o estilo e aura de Peart. Por outro, existe o desejo de manter viva a essência criativa da banda, abrindo espaço para uma nova sonoridade que respeite o passado.

Geddy Lee, ao defender a escolha, reconheceu:

“Depois de tudo o que aconteceu desde aquele último show, Alex e eu fizemos uma séria busca interior e chegamos à conclusão de que sentimos muita falta disso. E que é hora de celebrar os 50 e poucos anos da música do Rush.”

O anúncio da nova turnê contou ainda com datas definidas para a América do Norte — 12 apresentações em 7 cidades, com início em 7 de junho de 2026, no Kia Forum, em Los Angeles, e encerramento em 17 de setembro, em Cleveland. As cidades contempladas incluem Los Angeles, Cidade do México, Fort Worth, Chicago, Nova York e Toronto, com shows duplos em algumas dessas praças.

Além disso, Lee comentou que a banda pretende incorporar músicos de apoio na turnê, “para expandir um pouco o nosso som” e aliviar exigências físicas em show, especialmente no que tange aos teclados que Lee costumava tocar ao vivo.

Importante também foi o aval vindo da família de Peart — sua viúva, Carrie Nuttall-Peart, e sua filha, Olivia Peart — que emitiram declaração conjunta:

“Estamos entusiasmadas em apoiar a turnê Fifty Something, celebrando uma banda cuja música ressoou e inspirou fãs por gerações, e em honrar o legado extraordinário de Neil como baterista e letrista.”

Em suma, a volta do Rush não é apenas um espetáculo, mas uma celebração do passado, um testamento à resiliência criativa – e uma aposta na musicalidade renovada. E, pelo que ficou claro, o nome de Anika Nilles esteve presente nesse planejamento com certa antecedência, não simplesmente como surpresa repentina.

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