Fundo Saudita enfrenta turbulência após megacompra da EA e risco de cortes preocupa indústria dos games
Vazamento aponta desequilíbrio financeiro no PIF; governo nega crise e reforça que recursos seguem garantidos
11/28/2025




A movimentação mais surpreendente do mercado de games em 2026 — a compra da Electronic Arts por US$ 55 bilhões pelo Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita (PIF) — agora ganha contornos menos triunfais. Um vazamento recente levantou suspeitas sobre a saúde financeira do fundo, indicando queda no fluxo de caixa e potencial impacto direto em estúdios e projetos já adquiridos. A situação, revelada poucos meses após o anúncio da aquisição, reacende debates sobre o ritmo agressivo de expansão do PIF e possíveis consequências para a indústria global.
Embora o governo saudita negue qualquer instabilidade, a informação gerou inquietação em mercados que acompanham o avanço do país sobre empresas de tecnologia e entretenimento. A depender do desdobramento, studios associados ao PIF — incluindo nomes influentes do setor — podem enfrentar cortes, reestruturações ou congelamento de investimentos no curto prazo.
Vazamento indica desequilíbrio no caixa e alerta para possíveis fechamentos
A reportagem do The New York Times, divulgada na última semana, trouxe dados preocupantes: o PIF estaria registrando mais saída de dinheiro do que arrecadação. O cenário, segundo o veículo, poderia levar a uma série de medidas drásticas, incluindo encerramento de empresas, demissões, suspensão de projetos e ajustes para conter prejuízos.
O ponto mais sensível é o timing. A compra da Electronic Arts, um dos maiores negócios da história da indústria de games, ocorreu em setembro e consumiu parte significativa do capital recente do fundo. As informações vazadas sugerem que o impacto dessa operação pode ter sido maior do que o previsto — especialmente em um momento de gastos intensos dentro do próprio país.
Mesmo sem confirmação oficial, a possibilidade de fechamento de estúdios ligados ao PIF preocupa o mercado, que observa os movimentos sauditas com cautela desde que o fundo entrou de vez no setor de jogos, apostando alto em aquisições globais.
Projetos bilionários internos pressionam contas e freiam novas compras
Além das investidas em empresas internacionais, o PIF carrega nas costas uma série de megaempreendimentos domésticos que exigem aportes contínuos. Entre eles estão:
Neom, a controversa cidade futurista planejada no deserto;
Um resort equipado com robôs, que integra a estratégia de turismo tecnológico do país.



Crise financeira na EA acende alerta para possíveis demissões e fechamento de estúdios | Imagem Reprodução Electronic Arts

Esses projetos, que custam bilhões, somam-se às limitações impostas ao setor de petróleo — principal fonte de receita saudita — devido a questões ambientais e oscilações econômicas. A combinação desses fatores pode ter reduzido a capacidade de recuperação financeira no curto prazo.
O vazamento também aponta que o PIF não deve realizar novas aquisições nos próximos meses, priorizando a estabilização de caixa. No entanto, não há informações claras sobre como isso afetará empresas já sob seu controle, incluindo gigantes como SNK e Electronic Arts.
A preocupação de analistas é que, caso o fundo siga registrando queda de receita, cortes internos se tornem inevitáveis. Projetos em andamento, expansões planejadas e até a manutenção de estúdios em operação podem entrar na lista de ajustes.
Governo saudita contesta informações e diz que recursos seguem sólidos
Logo após a repercussão, a Arábia Saudita tratou de negar qualquer cenário de crise.
Segundo Marwan Bakrali, representante oficial do PIF, as informações do vazamento são imprecisas e não refletem a situação real do fundo.
Ele afirmou que o grupo ainda dispõe de “US$ 60 bilhões e instrumentos financeiros similares”, reforçando que não há motivo para alarde. Para Bakrali, o conteúdo vazado apresenta distorções que desconsideram a estratégia de longo prazo do fundo e seu portfólio diversificado.
Outro ponto importante é que a compra da Electronic Arts ainda não está oficializada. O acordo precisa passar por órgãos reguladores dos Estados Unidos e de outros países. Existe sempre a possibilidade — mesmo que pequena — de o negócio não ser concluído, o que mudaria totalmente o cenário.
Mesmo assim, especialistas destacam que o simples fato de o vazamento existir já acende um alerta no mercado. Nos últimos anos, o PIF construiu uma imagem de potência financeira praticamente ilimitada, capaz de investir sem restrições. A suspeita de um freio nessa expansão coloca em dúvida até que ponto essa força é sustentável.
Hoje, o fundo mantém participação em diversas empresas globais do setor, incluindo:
SNK, adquirida gradualmente ao longo dos últimos anos;
Scopely, que por sua vez controla a Niantic, criadora de Pokémon GO;
Ações na Nintendo e na Take-Two Interactive.
A reversão desse movimento pode redesenhar a presença saudita no universo dos jogos, afetando desde grandes franquias até parcerias comerciais. Por ora, o mercado observa, aguardando sinais mais concretos sobre o rumo do PIF e o impacto sobre suas operações.
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