Filmes de Sucesso Que Seus Próprios Diretores Preferiam Esquecer

Quando o sucesso não traz orgulho: conheça os filmes que conquistaram o público, mas foram renegados por seus próprios criadores

Redação - SOM DE FITA

8/6/2025

Imagem gerada por IA

Nem sempre um sucesso de bilheteria ou um clássico cult traz orgulho aos seus criadores. Diversos cineastas, mesmo após verem seus trabalhos reconhecidos e aplaudidos, rejeitaram filmes que dirigiram — seja por frustração criativa, cortes impostos pelos estúdios ou pela percepção de que a obra não representava sua visão artística.

A seguir, exploramos alguns dos casos mais marcantes de filmes que fizeram história, mas foram rejeitados pelos próprios diretores.

1. "Alien 3" (1992) – David Fincher

“Alien 3” marcou a estreia de David Fincher na direção de longas-metragens, mas o resultado final foi tudo, menos satisfatório para o cineasta. Desde o início, Fincher enfrentou inúmeros conflitos com a 20th Century Fox, que exigiu mudanças no roteiro, alterou sequências inteiras e interferiu nas decisões criativas.
Em entrevistas, Fincher já afirmou que considera o filme uma “experiência traumática” e que nunca o reconheceu como parte de sua filmografia autoral. Apesar de tudo, “Alien 3” conquistou uma base sólida de fãs ao longo dos anos e se tornou uma peça importante na franquia, mesmo que seu diretor prefira manter distância da obra.

2. "Gremlins 2: A Nova Geração" (1990) – Joe Dante

O primeiro “Gremlins” foi um sucesso absoluto nos anos 80, misturando comédia, terror e fantasia. Já a sequência, “Gremlins 2”, apesar de ter conquistado seu público, não foi tão bem recebida pela crítica. Joe Dante, seu diretor, já declarou que se sentiu pressionado a dirigir a continuação, mesmo não acreditando que a história precisava de uma sequência.
Com liberdade para fazer algo mais satírico e caótico, Dante criou um filme propositalmente exagerado, mas sempre deixou claro que não tem a mesma conexão com ele como teve com o original. Para o público, o longa virou um clássico cult; para Dante, foi um trabalho de obrigação.

3. "Laranja Mecânica" (1971) – Stanley Kubrick

Embora seja considerado um dos maiores clássicos do cinema, “Laranja Mecânica” sempre teve um peso incômodo para Stanley Kubrick. Após o lançamento, o diretor foi duramente criticado pela violência do filme e chegou a receber ameaças de morte, o que o levou a retirar a obra de circulação no Reino Unido por quase 30 anos.
Kubrick raramente comentava sobre o longa após o lançamento, e pessoas próximas relatam que ele se sentia desconfortável com o uso que parte do público fazia do filme, tratando-o como glamourização da violência. Ainda que seja um marco na história do cinema, o próprio Kubrick manteve uma relação conflituosa com sua criação.

4. "Duna" (1984) – David Lynch

O épico “Duna”, adaptação do livro de Frank Herbert, foi um grande desafio para David Lynch — e, segundo o próprio, um dos maiores arrependimentos de sua carreira. O diretor perdeu controle criativo sobre o filme quando o estúdio reduziu drasticamente sua duração e alterou partes da narrativa para torná-la “mais comercial”.
Lynch chegou a declarar que o resultado não era o que ele queria apresentar e se recusou a dirigir futuras continuações. Ainda assim, o filme conquistou um público fiel com o tempo e virou cult, mesmo sendo renegado por quem o concebeu.

5. "Coringa" (2019) – Todd Phillips (em parte)

Embora “Coringa” tenha conquistado prêmios, incluindo o Leão de Ouro em Veneza, e gerado bilhões de dólares em bilheteria, Todd Phillips já demonstrou certo incômodo com a forma como o público interpretou o filme. O diretor disse, em entrevistas, que muitos entenderam a narrativa como uma “exaltação do personagem”, quando a intenção era retratar uma crítica social sombria.
Embora Phillips nunca tenha rejeitado abertamente o longa, ele afirmou que não imaginava que sua obra se tornaria um símbolo para grupos que romantizam a violência, o que gerou desconforto e afastamento em relação ao impacto cultural inesperado que o filme teve.

Conclusão

Esses casos mostram que, no cinema, a percepção do público e da crítica pode se distanciar da visão original do criador. Enquanto algumas dessas obras viraram cultuadas com o tempo, para seus diretores elas continuam carregando frustrações, traumas ou interpretações que jamais imaginaram. No fim das contas, o cinema vive dessa dualidade: uma vez lançado, o filme deixa de pertencer apenas a quem o criou e passa a ganhar vida própria.

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