
Filhos das Trevas: Estilos Musicais Que Nasceram da Semente do Black Sabbath
Mais que uma banda, o Black Sabbath virou um arquétipo. Conheça os gêneros que surgiram sob sua sombra pesada e ajudaram a moldar o som sombrio do rock e do metal.
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Redação - SOM DE FITA
7/7/2025




Quando o Black Sabbath lançou seu disco homônimo em 1970, não estava apenas inaugurando uma nova fase na música — estava criando um universo paralelo. O som arrastado, os riffs densos, a atmosfera sinistra e as letras sobre ocultismo, morte e paranóia eram o antídoto perfeito para o otimismo hippie da década anterior. A partir dali, um novo mundo musical se abriu, influenciando gerações inteiras e dando origem a subgêneros inteiros. Nesta matéria, você vai conhecer alguns dos estilos musicais que não apenas beberam da fonte Sabbath, mas que talvez nem existissem sem essa banda que redefiniu o peso.
1. Doom Metal
O doom metal é, sem dúvida, o filho legítimo do Black Sabbath. Os riffs lentos, graves e repetitivos, somados a letras carregadas de sofrimento, morte e misticismo, são ecos diretos da obra-prima "Black Sabbath" (1970). Bandas como Candlemass, Pentagram e Saint Vitus beberam diretamente dessa fonte. O doom é sobre o peso — não apenas sonoro, mas também emocional. Um gênero que transforma angústia em arte, seguindo os passos sombrios de Tony Iommi e companhia.
2. Stoner Rock / Stoner Metal
Misturando o peso sabático com psicodelia e uma pitada de groove, o stoner nasceu como um desdobramento moderno da sonoridade criada pelo Sabbath nos anos 70. É como se os riffs de “Sweet Leaf” ou “Children of the Grave” ganhassem uma nova vida sob efeito de THC. Bandas como Kyuss, Sleep e Fu Manchu construíram universos lisérgicos sobre as fundações sabbathianas, criando faixas extensas, distorcidas e hipnóticas.
3. Sludge Metal
Imagine a lentidão do doom misturada com a sujeira do punk e a agressividade do hardcore. O resultado é o sludge metal, gênero que deve tanto ao Black Sabbath quanto aos movimentos mais sujos do underground. Originado no sul dos EUA, com nomes como Eyehategod e Crowbar, o sludge mantém os riffs gordurosos de Iommi como referência principal. O som é arrastado, sujo e brutal — como se fosse Sabbath mergulhado em lama e raiva urbana.
4. Heavy Metal Tradicional
Embora o termo "heavy metal" já circulasse no final dos anos 60, foi com o Sabbath que ele ganhou forma definitiva. O que viria a ser chamado de NWOBHM (New Wave of British Heavy Metal), com bandas como Iron Maiden e Saxon, deve muito ao peso pioneiro dos riffs sabbathianos. A própria estrutura musical — solos dramáticos, riffs marcantes, letras sombrias — virou um molde para o metal como conhecemos hoje.
5. Gothic Metal
Embora mais melódico e dramático, o gothic metal herda do Sabbath sua aura obscura e seu fascínio pelo oculto e pela tristeza. Bandas como Paradise Lost, Type O Negative e My Dying Bride assumem esse legado emocional e estético. O clima sombrio e melancólico de músicas como “Planet Caravan” e “Solitude” é frequentemente citado como um dos berços espirituais do gênero.
6. Grunge
Embora mais conhecido como um movimento dos anos 90 ligado ao punk e ao rock alternativo, o grunge carrega fortemente a influência do Sabbath. Basta ouvir bandas como Soundgarden, Alice in Chains ou Melvins para perceber a importância dos riffs lentos e do peso atmosférico. A própria tendência de abordar temas como alienação, depressão e vício dialoga com a vibe dark que o Sabbath cultivou desde o início.
7. Blackened Doom / Occult Rock
Uma vertente mais recente que mistura o doom clássico com temáticas ocultistas e performances ritualísticas. O “occult rock” surge diretamente da estética e temática do Black Sabbath — especialmente das faixas com referências esotéricas e místicas. Bandas como Ghost, Blood Ceremony e Lucifer são exemplos que exploram não apenas o som, mas o imaginário sabático em suas narrativas.
8. Post-Metal
Mais atmosférico e experimental, o post-metal é outro gênero que carrega a influência do Sabbath na construção de suas paisagens sonoras densas e opressoras. Bandas como Neurosis, Isis e Cult of Luna expandem a fórmula sabbathiana com camadas de ambientações e repetições hipnóticas, buscando uma experiência quase transcendental — mas sempre calcada no peso primordial do riff.
O Black Sabbath não criou apenas uma banda — criou um idioma musical. Cada novo subgênero que nasceu sob sua sombra traz alguma variação de seus elementos fundadores: os riffs poderosos, os temas sombrios, a cadência ritualística e o senso de transgressão. Mesmo mais de meio século depois, o eco do sino da faixa “Black Sabbath” ainda ressoa em cada canto do metal e do rock pesado.
Se o rock tem seus deuses, o Sabbath foi quem lhes deu forma.
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