Festival Afrofuturismo Ano VII transforma Salvador em laboratório de futuros possíveis

A cidade de Salvador volta a receber um dos eventos mais emblemáticos dedicados ao futurismo negro na América Latina. Entre os dias 5 e 6 de dezembro, o Festival Afrofuturismo Ano VII – Ancestrais do Futuro ocupa largos, praças e espaços culturais do Centro Histórico com uma programação intensa voltada a tecnologia, arte, debates, empreendedorismo e perspectivas da diáspora africana. Gratuito e aberto ao público, o encontro busca ampliar discussões que conectam passado, presente e futuro, reforçando a capital baiana como um dos centros de inovação e criatividade do país.

Idealizado pelo Hub de Inovação Vale do Dendê, o festival integra o calendário do Salvador Capital Afro e é realizado com apoio da Prefeitura de Salvador, SEBRAE, Hospital Albert Einstein, Afro.TV Brasil e parceiros de mídia e captação. A proposta, que nasceu como uma ocupação em espaços públicos, chega à sétima edição testando um formato mais compacto, mas ainda abrangente, distribuído pela Casa Vale do Dendê e pelos Largos Tereza Batista, Quincas Berro D’água e Pedro Arcanjo.

Em 2025, a programação se organiza em trilhas temáticas — ancestralidade, tecnologia, moda, sustentabilidade, finanças, arte, mídias e empreendedorismo — reunindo nomes influentes de diferentes áreas para refletir sobre futuros possíveis, sempre guiados por referenciais afrocentrados.

Ancestralidade, tecnologia e diálogos intergeracionais marcam a abertura do festival

A edição deste ano presta homenagem à pesquisadora e escritora Grazi Mendes, referência internacional em diversidade, liderança e futurismo. Reconhecida pela MIPAD como uma das personalidades de ascendência africana mais influentes do mundo, ela conduz o painel principal na sexta-feira, 5, às 14h, na Casa Vale do Dendê. Autora do livro Ancestrais do Futuro – Qual a Mudança que seu Movimento Alcança? (2024), que inspira o tema da edição, Grazi aborda responsabilidade intergeracional e caminhos para sociedades mais inclusivas.

Ao lado dela, outras personalidades reforçam a amplitude do debate, como as estilistas Mônica Anjos e Isa Silva, a gestora do SEBRAE Fau Ferreira, as empreendedoras Monique Evelle, Najara Black e Danielle Pires, além do recordista do Guinness Book Robson de Jesus, do ator e influenciador Everton Machado e das jornalistas Midiã Noelle, Naiara Oliveira e Meire Oliveira.

A trilha de finanças também ganha força com a presença da CEO do Movimento Black Money, Nina Silva, e da educadora financeira Cinara Santos, que dividem experiências ao lado de especialistas como Maihana Cazuquel, Diosmar Filho e Mel Campos — todos com atuação relevante em inovação e economia criativa.

No cenário internacional, o festival recebe o cabo-verdiano Saulo Montrond, fundador do canal TVA, e Marcos Jamir, CEO da plataforma AfricanDev, que conecta profissionais de TI africanos a empresas brasileiras.

Para Paulo Rogério Nunes, idealizador do festival, o novo formato amplia o alcance do projeto:

“É uma alegria muito grande realizar pela sétima vez o Festival Afrofuturismo no Centro Histórico de Salvador. Esse ano é uma edição diferente – um formato pocket e gratuito, possibilitando que pessoas de todos os cantos da cidade e do Brasil possam acessar de maneira gratuita o conteúdo do Festival. E com isso esperamos que o Festival alcance ainda mais pessoas e repercuta os temas tão relevantes que vem sendo discutido desde o início do Festival”, afirma.

Ele reforça ainda o objetivo de levar a versão pocket a outros territórios do Brasil e do mundo, fortalecendo o acesso a conteúdos ligados a futurismo, tecnologia, inovação e criatividade.

Festival Afrofuturismo ocupa o Centro Histórico de Salvador nos dias 5 e 6 de Novembro. | Foto: Reprodução

De talks a painéis de moda, IA e sustentabilidade: o roteiro dos dias 5 e 6

As atividades começam na sexta-feira (5) logo pela manhã, às 10h30, no Largo Quincas Berro D’água, com a Feira de Empreendedores formada por participantes da Jornada de Formação dos Empreendedores da Economia Real do Cabula, desenvolvida em parceria com o Hospital Albert Einstein.

Às 11h20, o estilista Cleidson Marques, fundador da CMBrand, conduz um talk especial sobre moda afrocentrada produzida no subúrbio de Salvador, destacando a experiência da marca após viajar a Paris por meio do Programa Creation Brasil.

À tarde, o festival mergulha em seus eixos principais. Enquanto Grazi Mendes lidera o painel central na Casa Vale do Dendê, as especialistas Cinara Santos, Nina Silva e Fau Ferreira debatem “Futuro Negro: Investimento, Tecnologia e Novas Narrativas” na Praça Tereza Batista.
Às 15h30, a moda ganha los holofotes com o painel “Moda: Ancestralidade e Futuro”, que reúne Mônica Anjos, Isa Silva e Meire Oliveira.

Em paralelo, o painel “Empreendedor sem Fronteiras” traz depoimentos de Robson de Jesus, da empresária Najara Black e da RP Maihana Cazuquel sobre os desafios de empreender em diferentes territórios.

O sábado (6) começa às 10h com discussões sobre sustentabilidade, descolonização ambiental e inteligência artificial. Na Casa Vale do Dendê, Zamba e Felipe Aragão apresentam perspectivas sobre como a IA tem transformado o mercado artístico.
No mesmo horário, no Largo Tereza Batista, Danielle Pires e Diosmar Filho dialogam sobre práticas ambientais inovadoras.

A programação avança com debates sobre a indústria gamer, saúde mental no trabalho, deep techs e impacto social. Às 15h15, Monique Evelle conduz o painel “Como Reescrevermos a Prosperidade a partir da Realidade Negra”, enquanto o encerramento oficial acontece com o debate internacional “Panafricanismo, Mídia e Negócios”, mediado por Midiã Noelle, com a presença de Saulo Montrond e Marcos Jamir.

Feiras, startups e empreendedorismo afro fortalecem a cena criativa de Salvador

Em paralelo às atividades de debates, o festival realiza a Feira de Empreendedorismo na Praça Pedro Arcanjo, com exposições de moda, artesanato, bijuterias e negócios da economia criativa. O espaço busca promover trocas entre pequenos empreendedores e o público, fortalecendo iniciativas locais.

Já o Largo Tereza Batista abriga a Exposição de Startups, reunindo empresas voltadas a soluções em Libras, audiovisual, gestão hídrica e tecnologias sociais. O objetivo é estimular networking entre empreendedores, pesquisadores, investidores e visitantes, consolidando Salvador como polo de inovação afrocentrada.

Desde 2017, o Festival Afrofuturismo articula pensadores, cientistas, artistas e ativistas para discutir como tecnologias e estéticas negras moldam futuros possíveis. Na edição de 2024, o evento reuniu mais de 90 palestrantes nacionais e internacionais e recebeu um público superior a dez mil pessoas, fortalecendo Salvador entre os grandes polos globais de criatividade — ao lado de Austin, Cannes, Lisboa e Nova Orleans.

Com uma programação extensa, gratuita e distribuída por espaços históricos, o festival reforça o papel da Bahia como ponto de encontro entre ancestralidade e futuro, conectando saberes tradicionais, inovação e diversidade em uma mesma plataforma.

SERVIÇO – Festival Afrofuturismo Ano VII – “Ancestrais do Futuro”

Quando: 5 e 6 de dezembro de 2025
Horário: a partir das 10h
Onde: Centro Histórico de Salvador (BA)
Ingressos: via Sympla
Entrada: gratuita
Coquetel de pré-abertura: 4 de dezembro, às 19h, na Casa Encantos – Ribeira (para convidados)

LEIA TAMBÉM: