Estudo global revela que VIDEOGAMES ajudam a reduzir ansiedade e melhorar o bem-estar mental

Pesquisa “Power of Play 2025”, realizada em 21 países, mostra que a maioria dos jogadores associa os games à diversão, redução do estresse e fortalecimento das conexões sociais

Redação - SOM DE FITA

10/24/2025

Os videogames há muito deixaram de ser apenas uma forma de entretenimento. Um novo estudo internacional, intitulado Power of Play 2025, acaba de comprovar o que muitos jogadores já intuíram há tempos: jogar pode ser bom para a mente e para o bem-estar emocional.

A pesquisa, divulgada pela Associação de Empresas Produtoras e Distribuidoras de Videojogos (AEPDV), foi conduzida pela organização Video Games Europe em colaboração com diversas entidades do setor em outros continentes. O levantamento reuniu opiniões de mais de 24 mil jogadores ativos de 21 países, incluindo Portugal, e buscou entender as motivações e os benefícios associados à prática regular dos games.

De acordo com o relatório, o estudo combinou pesquisa acadêmica revisada por pares com entrevistas detalhadas a pessoas com mais de 16 anos. O resultado reforça o papel dos videogames não apenas como passatempo, mas também como ferramenta de melhoria da saúde mental, incentivo à inclusão social e desenvolvimento de competências cognitivas e emocionais.

“O ‘Power of Play’ é um dos maiores estudos de sempre sobre o tema”, destacou Simon Little, CEO da Video Games Europe. Para ele, os resultados comprovam que “a indústria europeia de videojogos tem muito de que se orgulhar”.

Diversão, relaxamento e mente ativa: os principais motivos para jogar

Entre as descobertas mais relevantes, o relatório aponta que 66% dos jogadores ao redor do mundo afirmam jogar principalmente por diversão. Em seguida, aparecem o alívio do estresse (58%) e a manutenção da mente ativa (45%) como motivações recorrentes.

Na Europa, os números seguem praticamente a mesma tendência: 67% dos entrevistados afirmaram jogar para se divertir, 55% para aliviar o estresse e 42% para manter a mente ativa. Esses dados mostram que, para a maioria das pessoas, os games funcionam como uma forma de relaxamento e estímulo mental, e não apenas um simples passatempo.

Além disso, o levantamento revelou que 77% dos jogadores afirmam sentir redução no estresse após jogar, 70% relatam menos ansiedade, e 64% acreditam que os games ajudam a combater a solidão, já que favorecem a conexão com outras pessoas — especialmente em tempos de isolamento social e rotinas digitais intensas.

Esses números reforçam a ideia de que o ato de jogar está ligado a um tipo de interação social e emocional cada vez mais relevante no mundo moderno. Plataformas multiplayer, comunidades virtuais e experiências cooperativas são parte essencial dessa transformação.

O poder terapêutico dos jogos: mais que entretenimento

A visão de que os videogames são meramente distrativos tem perdido força à medida que estudos científicos apontam seus efeitos positivos. O relatório Power of Play 2025 soma-se a uma série de pesquisas recentes que mostram como o ato de jogar pode estimular áreas do cérebro relacionadas à criatividade, coordenação motora, tomada de decisão e resolução de problemas.

Jogar também faz bem para a mente e fortalece o bem-estar emocional | Foto: Reprodução

Segundo Tiago Sousa, diretor-geral da AEPDV, “os videojogos são muito mais que entretenimento”. Ele explica que o setor tem potencial para “potenciar o bem-estar mental, fomentar a inclusão social e desenvolver competências essenciais para a vida”.

Contudo, o especialista faz um alerta importante: é preciso que as experiências sejam conscientes e equilibradas. Assim como qualquer outra atividade, o uso excessivo pode trazer efeitos negativos — mas, dentro de limites saudáveis, os jogos representam uma poderosa ferramenta de bem-estar emocional e social.

Os games também têm se mostrado úteis em contextos terapêuticos. Alguns profissionais da saúde mental utilizam jogos como apoio em tratamentos de ansiedade, depressão leve e distúrbios cognitivos. Esses recursos ajudam pacientes a reconstruir a autoconfiança e desenvolver habilidades socioemocionais de maneira lúdica.

Uma indústria em crescimento e transformação

Além dos aspectos psicológicos, o Power of Play 2025 destaca o papel dos videogames como um fenômeno cultural e econômico de alcance global. Hoje, o setor movimenta bilhões de dólares e influencia diretamente o comportamento social de jovens e adultos.

A pesquisa reforça que o público gamer é cada vez mais diverso, abrangendo pessoas de diferentes idades, gêneros e contextos culturais. O crescimento das plataformas online e dos jogos independentes tem contribuído para uma democratização do acesso e para a valorização de novas formas de expressão artística dentro do universo digital.

A Video Games Europe, entidade responsável pelo estudo, defende que o futuro da indústria passa por investimentos em acessibilidade, educação digital e bem-estar. O objetivo é ampliar o reconhecimento dos videogames como uma linguagem cultural legítima, capaz de promover inclusão e desenvolvimento pessoal.

De acordo com Simon Little, a tendência é que os próximos anos consolidem essa visão: “Os resultados mostram que os jogos têm um impacto positivo real e mensurável. É hora de reconhecermos isso e continuarmos a investir nesse potencial”.

O Power of Play 2025 confirma que jogar vai muito além da diversão — trata-se de uma atividade social e emocionalmente benéfica, que ajuda milhões de pessoas ao redor do mundo a relaxar, se conectar e exercitar a mente.

Com cada vez mais estudos apoiando essa visão, os videogames se consolidam como uma das principais formas de expressão contemporânea, unindo entretenimento, saúde mental e desenvolvimento humano.

O desafio, agora, é garantir que esse potencial seja explorado com responsabilidade, equilíbrio e consciência — transformando o ato de jogar em uma experiência cada vez mais positiva e significativa.

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