
Entre o Além e a Sobrevivência: Três Capítulos Obscuros da Vida de King Diamond
O artista que viu a morte de perto no palco, ouviu vozes de espíritos e desafiou a medicina com um coração renascido
MATÉRIA
6/11/2025




Poucos nomes no heavy metal carregam um misticismo tão legítimo quanto o de King Diamond. À frente do Mercyful Fate e de sua carreira solo, o vocalista dinamarquês não construiu apenas álbuns e personagens — ele ergueu uma mitologia própria, onde a vida e a arte se fundem em episódios tão intensos que parecem roteiros de horror. Mas são reais. A seguir, três momentos em que a vida de King Diamond ultrapassou o palco e flertou com o sobrenatural, o colapso físico e o improvável renascimento.
O colapso no palco: quando a encenação virou realidade
Em uma apresentação no Wiltern Theatre, em Los Angeles, no ano de 2000, King Diamond colapsou durante o show. No meio de uma performance teatral intensa, cercado por neblina densa de gelo seco, o vocalista perdeu a consciência e caiu. Parte do público, acostumada com as dramatizações macabras típicas de seus shows, achou que tudo fazia parte do roteiro — mas não era encenação. O desmaio foi real, causado pela inalação excessiva da fumaça artificial.
A produção interrompeu a apresentação e King precisou de atendimento imediato. O susto escancarou o limite tênue entre arte e colapso físico, e muitos fãs passaram a enxergar ali um prenúncio do que viria adiante: o corpo começava a cobrar décadas de excessos e intensidade nos palcos.
A influência real de vozes e espíritos em Them
Entre os álbuns mais cultuados da carreira solo de King Diamond, Them (1988) ocupa lugar especial. Um disco conceitual, com narrativa de horror envolvendo uma avó sinistra, uma casa mal-assombrada e vozes que dominam a mente de uma criança. Embora a história seja ficcional, King sempre fez questão de afirmar que a inspiração veio de experiências reais com sua avó e com fenômenos paranormais que testemunhou na infância, em Copenhague.
Em entrevistas à Metal Hammer e à Revolver Magazine, ele relatou ter crescido em uma casa onde objetos se moviam sozinhos, portas batiam no vazio e vozes sussurravam na madrugada. Fascinado pelo ocultismo desde jovem, King mergulhou em estudos de espiritismo e rituais antigos — um interesse que moldaria não só a estética de sua música, mas também o conteúdo lírico de discos inteiros. Them é, nesse sentido, uma janela sombria para um passado que o assombra até hoje.
O ataque cardíaco, a cirurgia tripla e a volta triunfal
Em 2010, King Diamond sofreu um infarto fulminante. O diagnóstico: três artérias severamente bloqueadas. A cirurgia de ponte de safena foi urgente e complexa. Sua esposa, Livia Zita, foi quem o levou ao hospital ao notar sintomas anormais — decisão que salvou sua vida. Após o procedimento, os médicos foram claros: ele só sobreviveu por estar em boa forma física, resultado de treinos que havia iniciado anos antes.
O susto levou a mudanças radicais. King abandonou completamente o cigarro — hábito que carregava desde a adolescência — e passou a treinar boxe com frequência. Quando retornou aos palcos em 2012, a crítica e os fãs ficaram boquiabertos: sua voz estava mais potente e limpa do que nunca, desafiando não apenas a lógica do envelhecimento, mas também o trauma de uma cirurgia cardíaca tripla.
Desde então, King tem encarado a vida com mais disciplina, mas sem jamais abandonar a estética do horror e do sobrenatural. Seu renascimento artístico pós-infarto é hoje um dos capítulos mais admiráveis da história do metal.
Rei em vida, lenda no além
King Diamond não é apenas um dos maiores vocalistas da história do heavy metal. Ele é um sobrevivente — do palco, do passado e do próprio corpo. Se existe um artista que vive no limite entre o real e o sobrenatural, entre o colapso e a ressurreição, esse artista veste pintura facial, canta em falsete e atende pelo nome de King.
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