ELETRONIC ARTS tem sua venda aprovada por US$ 55 bilhões em acordo histórico com fundo saudita e empresa ligada a JARED KUSHNER

Criadora de franquias como The Sims e Battlefield entra em um dos maiores negócios do setor de games, com conclusão prevista para 2027

Redação - SOM DE FITA

9/30/2025

A indústria de videogames acaba de registrar um dos movimentos mais impactantes de sua história recente. A Electronic Arts (EA), responsável por algumas das maiores franquias globais, como The Sims e Battlefield, aprovou sua venda por US$ 55 bilhões a um grupo de investidores internacionais. A operação, que promete remodelar o cenário do entretenimento digital, envolve a Silver Lake, a Affinity Partners — empresa do genro de Donald Trump, Jared Kushner — e o Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita (PIF). Se concluída, será a maior aquisição alavancada da história, consolidando o peso econômico do setor de jogos digitais na economia global.

A transação está prevista para ser finalizada no primeiro trimestre do ano fiscal de 2027 e será financiada por uma combinação de recursos entre os três investidores, incluindo uma transferência da participação já existente do PIF na Electronic Arts. Para os acionistas da empresa, o negócio representa um prêmio significativo de 25% em relação ao preço das ações antes da confirmação dos rumores.

O que está em jogo com a venda da Electronic Arts

A decisão de fechar o capital e vender a empresa chega em um momento estratégico para a EA. Nos últimos anos, a companhia tem enfrentado forte concorrência em um mercado cada vez mais competitivo, em que gigantes como Microsoft, Sony e Tencent expandem agressivamente seus domínios. Ainda assim, o portfólio da EA continua entre os mais valiosos do mundo, com franquias que atravessam gerações e somam centenas de milhões de jogadores.

O anúncio oficial destaca que "os acionistas da EA receberão US$ 210 por ação em dinheiro", o que sinaliza não apenas a confiança dos investidores no futuro da empresa, mas também a percepção de que o setor de games mantém enorme potencial de crescimento.

Além disso, a transação acontece às vésperas do lançamento de Battlefield 6, novo título da série de simulação de guerra que a companhia aposta como um dos maiores lançamentos da próxima geração. A expectativa é que esse e outros produtos continuem garantindo a receita recorrente da EA, em grande parte sustentada pelos gastos dentro dos jogos, como pacotes adicionais e conteúdos exclusivos.

O peso da empresa não se resume apenas às vendas. The Sims, por exemplo, é considerado um fenômeno cultural que transcende o universo gamer, conquistando públicos de diferentes idades e regiões do planeta. Já FIFA (agora renomeado como EA Sports FC) domina há décadas o mercado de simuladores de futebol, garantindo contratos milionários de licenciamento e parcerias globais.

A presença saudita e o papel de Jared Kushner no negócio

Um dos pontos que mais chamaram atenção no anúncio foi a participação da Affinity Partners, empresa fundada em 2021 por Jared Kushner, genro de Donald Trump. A companhia conta com aportes de fundos soberanos da Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos, reforçando a ligação entre a transação e o capital do Oriente Médio.

O Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita (PIF) tem desempenhado papel central em diversificar a economia do país, tradicionalmente baseada no petróleo. O governo saudita vem ampliando investimentos em setores como turismo, infraestrutura, esportes e, mais recentemente, na indústria de jogos digitais, considerada estratégica para o futuro da região.

Segundo analistas, a entrada do PIF em um acordo dessa magnitude reforça a tentativa de consolidar a Arábia Saudita como um hub global de entretenimento e tecnologia. “O negócio marca a maior aquisição alavancada da história”, destaca a nota oficial, apontando para a escala inédita da transação.

Para Kushner, a operação fortalece sua posição no mercado de investimentos de risco. Ainda que sua Affinity Partners seja relativamente nova, o apoio financeiro de grandes fundos do Oriente Médio a coloca em posição de protagonismo em negócios multibilionários como este.

Impactos no mercado de games e perspectivas futuras

Com a conclusão do acordo, prevista para 2027, a EA passará a operar como empresa privada, fora da bolsa de valores. Essa mudança abre espaço para maior flexibilidade estratégica, já que a companhia não precisará lidar diretamente com pressões de curto prazo dos acionistas.

Especialistas apontam que o impacto pode ser profundo não apenas para a EA, mas para toda a indústria. O movimento se soma a uma onda recente de fusões e aquisições que inclui a compra da Activision Blizzard pela Microsoft, aprovada após meses de debates regulatórios. Essas transformações reforçam o peso do entretenimento digital na economia global e apontam para uma tendência de concentração de poder nas mãos de grandes grupos financeiros e tecnológicos.

O futuro da EA sob o controle do consórcio ainda levanta dúvidas. Parte da comunidade gamer teme que os novos donos possam priorizar o retorno financeiro acima da experiência do jogador, ampliando a já polêmica política de microtransações. Por outro lado, há quem veja a entrada de capital massivo como oportunidade para acelerar inovações, expandir franquias e explorar novas áreas, como realidade virtual, jogos em nuvem e integrações com inteligência artificial.

Independentemente do desfecho, a venda da Electronic Arts por US$ 55 bilhões entra para a história como um divisor de águas na indústria de games. Ela reafirma a força cultural e econômica dos videogames, que já superaram cinema e música em faturamento global, consolidando-se como um dos principais motores da economia criativa do século 21.

Electronic Arts | Foto: Dado Ruvic/REUTERS (Ilustração/Arquivo)

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