
Dia Mundial do Rock: Como o 13 de Julho Virou Símbolo de Rebeldia e Memória Musical
Data teve origem em um festival beneficente histórico e se popularizou no Brasil como celebração da cultura rock, mesmo sem reconhecimento formal internacional
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Redação - SOM DE FITA
7/14/2025




O Dia Mundial do Rock, celebrado em 13 de julho, não é uma data oficial instituída por órgãos internacionais. No entanto, ganhou força simbólica entre fãs e veículos de comunicação, especialmente no Brasil, como um momento de exaltação à história e à atitude que o rock representa. A escolha do dia remete ao Live Aid, um dos maiores eventos musicais já realizados, e consolidou-se ao longo dos anos como uma data culturalmente marcante, mesmo sem reconhecimento formal em outros países.
Live Aid: o ponto de partida para o “Dia do Rock”
A origem do Dia Mundial do Rock está diretamente ligada ao Live Aid, realizado em 13 de julho de 1985. Idealizado por Bob Geldof (vocalista do Boomtown Rats) e Midge Ure (do Ultravox), o megaevento reuniu artistas lendários em apresentações simultâneas na Inglaterra e nos Estados Unidos, com o objetivo de arrecadar fundos para o combate à fome na Etiópia.
Transmitido para mais de 1,5 bilhão de pessoas em mais de 100 países, o evento contou com shows de Queen, David Bowie, U2, Madonna, Paul McCartney, Elton John, Led Zeppelin, The Who, entre outros. O Live Aid não só foi um marco na história da música como também reforçou o papel do rock como uma força social e política.
Durante o evento, Geldof e outros músicos comentaram que aquele dia deveria ser lembrado para sempre como o "Dia do Rock". A ideia foi recebida com entusiasmo pelos fãs, mesmo sem uma formalização oficial.
A adoção do 13 de julho no Brasil
Foi no Brasil que a sugestão de transformar o 13 de julho em “Dia Mundial do Rock” realmente pegou. A partir dos anos 1990, locutores de rádios como a 89 FM – A Rádio Rock, em São Paulo, começaram a promover a data com programações especiais, entrevistas e homenagens aos grandes nomes do gênero.
A ideia se espalhou rapidamente. Emissoras de todo o país, assim como jornais, revistas e sites de música, passaram a adotar a data como um tributo anual à cultura do rock.
Com o tempo, o 13 de julho virou sinônimo de celebração: festivais gratuitos, lives temáticas, homenagens nas redes sociais e até ações de marcas passaram a marcar presença. Apesar de não ser reconhecido oficialmente nem pela ONU nem pela Unesco, o Dia Mundial do Rock se firmou no Brasil com um impacto muito maior do que em países onde o rock surgiu.
O Brasil e sua relação com o rock
A forte adesão brasileira ao 13 de julho se explica também pelo contexto histórico do país. A cena do rock nacional explodiu nos anos 1980, em meio ao processo de redemocratização. Bandas como Legião Urbana, Titãs, Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho e Plebe Rude traduziram as angústias e os anseios de uma juventude que buscava identidade e voz.
O rock se tornou uma espécie de trilha sonora da liberdade recém-recuperada. Por isso, quando a proposta de um “dia do rock” surgiu, ela encontrou terreno fértil no imaginário nacional. O resultado é que, hoje, o Brasil é um dos poucos países onde a data é amplamente celebrada — com festivais, homenagens e muito barulho.
O paradoxo do “mundial”
Apesar de seu nome, o Dia Mundial do Rock é, na prática, celebrado de forma intensa apenas no Brasil. Em outros países, datas como: 5 de julho (primeira gravação de Elvis Presley), 9 de fevereiro (estreia dos Beatles na TV americana), e o próprio 13 de julho, aniversário do Live Aid, são lembradas pontualmente, mas sem a força de um feriado cultural como ocorre por aqui.
Nos Estados Unidos, por exemplo, o foco está em marcos históricos do rock, enquanto no Reino Unido a data costuma ser lembrada apenas por fãs mais engajados. O Brasil, com sua tradição radiofônica e festivaleira, foi quem transformou o 13 de julho em um verdadeiro ritual anual de adoração ao rock.
Mais do que uma data: uma atitude eterna
Desde seu surgimento, o rock foi muito além da música. Com raízes no blues e no R&B, tornou-se um símbolo de inconformismo, crítica social, juventude e rebeldia.
Nos anos 1960 e 70, o rock encarnou o espírito de contracultura. De Jimi Hendrix a Janis Joplin, de The Doors a Pink Floyd, o gênero deu voz à insatisfação e à psicodelia. Já nos anos 80 e 90, evoluiu com o punk, o grunge e o alternativo, trazendo novas linguagens e bandeiras para as guitarras distorcidas.
Celebrar o 13 de julho, portanto, é celebrar tudo isso: a música, a ousadia, o protesto, a liberdade. Mesmo em tempos dominados por outros estilos, o rock segue como linguagem viva e pulsante — seja nos palcos dos grandes festivais, seja nas garagens e playlists de jovens que ainda acreditam na força de três acordes e uma verdade.
O 13 de julho pode não ser reconhecido oficialmente como Dia Mundial do Rock por instituições internacionais, mas isso não impede que ele seja vivido com intensidade e paixão. A data nasceu de um evento marcante, o Live Aid, e encontrou no Brasil seu verdadeiro lar simbólico.
Mais do que celebrar o passado, o Dia do Rock serve para reafirmar os valores que sempre fizeram do gênero um fenômeno cultural: autenticidade, contestação e criatividade. E enquanto houver alguém disposto a se expressar por meio de uma guitarra, um microfone e uma ideia na cabeça, o espírito do rock seguirá vivo — não importa a data no calendário.
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