David Roach, vocalista da banda Junkyard, faleceu no dia 2 de agosto de 2025, aos 59 anos, após enfrentar uma batalha contra um carcinoma de células escamosas agressivo, que atingiu áreas da cabeça, pescoço e garganta. O cantor morreu pacificamente em casa, nos braços de sua esposa, Jennifer, com quem havia se casado recentemente.

A notícia foi confirmada oficialmente pelo Junkyard através das redes sociais da banda, emocionando fãs e colegas de profissão.

“É com imensa tristeza que anunciamos o falecimento de David Roach. Após uma batalha corajosa contra o câncer, David faleceu pacificamente na noite passada em casa, nos braços amorosos de sua esposa. Ele foi um artista talentoso, performer, compositor e cantor — mas, acima de tudo, um pai, marido e irmão dedicado. Nossos pensamentos estão com toda a família Roach e com todos que o amavam.”

Uma batalha contra um câncer agressivo

David Roach revelou publicamente sua condição de saúde no final de junho de 2025, embora já tivesse sido diagnosticado em janeiro do mesmo ano. Segundo ele, tratava-se de um carcinoma de células escamosas agressivo, tipo de câncer que, segundo especialistas, pode avançar rapidamente e comprometer múltiplas regiões.

Para ajudar nas despesas do tratamento, a banda lançou uma campanha de arrecadação e Roach começou a vender suas obras de arte em placa, com apoio dos fãs e amigos. Além disso, parte da receita obtida com a venda de merchandising do Junkyard foi direcionada para custear os altos custos médicos.

“Vamos nos unir em apoio a ele, como sempre fizemos”, escreveram os integrantes do grupo na época.

Um casamento marcado pela esperança

Mesmo em meio à luta contra a doença, David viveu momentos de alegria nos últimos dias de vida. Em 19 de julho de 2025, cerca de duas semanas antes de falecer, ele se casou com Jennifer Michael Roach, em uma cerimônia íntima, cercada de amigos próximos e familiares. O momento foi compartilhado pela esposa nas redes sociais como um símbolo de amor e força diante das adversidades.

Raízes e influências que moldaram um artista autêntico

David Roach nasceu em Dallas, Texas, em 1965. Desde cedo, viveu experiências que moldariam não apenas sua sensibilidade artística, mas também seu caráter. Em entrevistas, ele falou abertamente sobre a morte do pai, vítima da AIDS durante a gravação do primeiro álbum do Junkyard, e sobre como o preconceito da época o fez silenciar sobre o assunto.

“Meu pai era gay. Ele morreu de AIDS quando estávamos gravando nosso primeiro álbum. Não falei sobre isso porque a cena do rock era muito homofóbica. Isso foi alimentado por Axl (Rose, Guns N’ Roses) e Sebastian Bach (ex-Skid Row) e afins.”

Além disso, destacou a importância da mãe na formação de seu gosto musical:

“Ela começou com Hank Williams… depois, os Beatles, os Stones e as coisas de garagem dos anos 60.”

Essas influências distintas — que iam do country ao rock britânico, passando pelo garage rock — foram fundamentais para a identidade sonora que David levaria para o Junkyard.

De bandas underground ao sucesso com o Junkyard

Antes de chegar ao estrelato, Roach integrou grupos como Baron Steele, Desecration, Scythian Oath e Valhalla. Sua grande virada aconteceu em 1987, quando, em Los Angeles, fundou o Junkyard ao lado de músicos que vieram de bandas punk e hardcore como Minor Threat, Big Boys, Decry e Dag Nasty.

A proposta era ousada: unir a crueza do punk com a pegada visceral do hard rock e elementos do blues. Essa mistura deu ao Junkyard uma sonoridade diferenciada e rapidamente os colocou no radar de grandes gravadoras.

Discografia: a voz de Roach eternizada em discos

Sob a liderança de David Roach, o Junkyard lançou álbuns que se tornaram cultuados entre fãs do hard rock:

• Junkyard (1989) – O álbum de estreia, lançado pela Geffen Records, trouxe faixas como Hollywood e Simple Man, que capturaram a essência da banda.

• Sixes, Sevens & Nines (1991) – Consolidou a sonoridade crua do grupo e os firmou como uma das promessas do hard rock californiano.

• Joker e XXX (1998) – Registros que mantiveram a pegada autêntica mesmo após mudanças na cena musical.

• High Water (2017) – Um retorno às origens, com produção cuidadosa e letras que refletem a maturidade da banda.

Além desses, o Junkyard lançou EPs e registros ao vivo que ajudaram a manter a conexão com sua base fiel de fãs.

A importância de David Roach para o hard rock

David Roach nunca foi um artista que buscava glamour. Sua postura sempre foi de alguém que acreditava no poder do rock como forma de expressão crua e honesta. Nos palcos, era pura energia: um vocalista intenso, com presença marcante e entrega total. Fora deles, mantinha um perfil discreto, mas conquistava respeito pela autenticidade e pela forma como lidava com os fãs.

Sua morte representa uma perda irreparável para a cena do hard rock. Mas seu legado permanece vivo, não apenas nos discos do Junkyard, mas também na forma como inspirou gerações de músicos e fãs a manterem a essência do rock autêntico.

O adeus a um ícone

David Roach se despede do mundo deixando uma marca que vai além da música. Sua coragem diante da doença, seu amor pela arte e sua trajetória no Junkyard reforçam que o verdadeiro legado de um artista não se mede apenas pelos hits, mas pelo impacto que ele deixa na vida das pessoas.

Enquanto fãs, amigos e familiares lamentam a perda, o nome de David Roach seguirá ecoando como símbolo de resistência e autenticidade no hard rock.

mais notícias: