DAVE MUSTAINE indica que turnê final do MEGADETH pode se estender por até cinco anos

Vocalista comenta encerramento gradual da banda, novo álbum e regravação de Metallica

Redação - SOM DE FITA

11/14/2025

A possibilidade de uma despedida longa não é exatamente inédita no universo do rock, mas agora ganhou contornos mais claros no caso do Megadeth. Dave Mustaine revelou que a recém-anunciada turnê “This Was Our Life”, planejada como o último grande giro global da banda, poderá se estender por um período bem maior do que muitos fãs imaginavam. Em entrevista à revista britânica Kerrang!, o músico explicou que o ciclo final não será apressado — e pode ocupar quase metade de uma década.

Com início previsto para 2026, a turnê marca o fechamento de mais de quarenta anos de estrada. E, mesmo para um grupo acostumado a maratonas globais, a ideia de uma despedida prolongada chama atenção. Mustaine, hoje com 64 anos, tratou o assunto com naturalidade e até humor: “Se formos fazer isso por tanto tempo, então, caramba, vou estar pensando no meu aniversário”, brincou, lembrando que completará 70 em 2031.

A agenda inclui apenas uma data no Brasil: 2 de maio de 2026, no Espaço Unimed, em São Paulo, com ingressos já esgotados desde o anúncio. Mas, considerando a previsão de até cinco anos de atividades finais, o Megadeth deverá continuar circulando por vários países nesse período de transição até o encerramento oficial.

Uma despedida planejada sem pressa

A confirmação da turnê “This Was Our Life” movimentou fãs no mundo inteiro, mas Mustaine reforça que o momento não deve ser encarado como um luto ou ruptura brusca. A proposta, segundo ele, é construir um fechamento que faça sentido para a banda e que respeite o próprio ritmo físico e artístico após décadas de estrada.

Mustaine mencionou que hoje suas prioridades incluem cuidados pessoais e longevidade — algo que ganhou peso especial depois de superar vícios e enfrentar um câncer de garganta em 2019. O músico não dramatiza o assunto, mas deixa claro que a saúde é peça central na decisão de desacelerar o ciclo da banda.

O vocalista comentou que o período de três a cinco anos não é exatamente uma “meta”, mas uma estimativa realista. Ele também reforça que a despedida será construída de maneira positiva. “Não fiquem tristes, fiquem felizes. Fizemos algo juntos que mudou o mundo da guitarra e o mundo da música”, declarou. Mesmo sendo uma fala forte, Mustaine a utiliza num contexto mais reflexivo do que celebratório, reconhecendo a longa relação entre banda e público.

A estratégia de uma turnê prolongada permite que o Megadeth passe por diferentes regiões sem a necessidade de uma agenda desgastante. Para uma banda com membros veteranos e um repertório extenso, o formato parece oferecer equilíbrio entre compromisso artístico e bem-estar.

Dave Mustaine, líder do Megadeth, em registro de 2022 | Foto: Joseph Okpako/WireImage

Novo álbum e o gesto simbólico de regravar Metallica

Além da turnê, Mustaine aproveitou a entrevista para comentar o último trabalho de estúdio do Megadeth. O disco, autointitulado, chega em 23 de janeiro de 2026 e traz como bônus uma nova versão de “Ride The Lightning”, do Metallica.

A escolha, naturalmente, chama atenção por toda a história que envolve Mustaine e sua antiga banda. Mas, nesta fase de encerramento, o líder do Megadeth descreve a regravação como uma forma de olhar para o passado com distanciamento e propósito. “Se você vai fazer uma versão cover, tem que fazer pelo menos tão bem quanto, se não melhor”, afirmou. Ele acrescentou que a ideia se relaciona a “fechar o ciclo”, sem reviver velhas tensões, apenas reconhecendo o ponto de partida de sua trajetória.

A inclusão da faixa não altera o conteúdo principal do álbum, mas funciona como um aceno simbólico dentro de um capítulo final — não como revanche, e sim como referência histórica. Mustaine evita se alongar sobre comparações ou disputas, deixando o foco no gesto em si.

O álbum autointitulado marca também a última etapa do Megadeth em estúdio. A decisão de não produzir novos trabalhos após esse lançamento reforça o caráter definitivo da fase final da banda, que entrará em sua turnê de despedida com repertório atualizado e, ao mesmo tempo, carregando elementos que remetem às origens.

O único show no Brasil e a expectativa moderada dos fãs

O anúncio do show único em São Paulo gerou uma corrida imediata por ingressos. A apresentação no Espaço Unimed representa, até o momento, a única oportunidade de fãs brasileiros presenciarem a turnê final — pelo menos dentro do que foi divulgado oficialmente. A lotação esgotada confirma o peso do Megadeth no cenário nacional, onde a banda mantém um público constante desde os anos 1990.

No entanto, como a turnê pode se estender por até cinco anos, haverá espaço para atualizações futuras. A própria lógica de uma despedida longa deixa margem para que novas cidades entrem no itinerário mundial ao longo do período. Por ora, não há confirmação de datas adicionais na América do Sul.

A expectativa dos fãs tende a crescer conforme o início da turnê se aproxima, mas Mustaine mantém o discurso realista. Ele evita criar grandes promessas, focando na ideia de encerramento consciente, sem transformá-lo em um espetáculo de drama ou grandiosidade. A proposta é simples: agradecer a trajetória, concluir o ciclo e seguir adiante de forma digna.

Para o público que acompanha a banda desde os primeiros anos — ou mesmo para quem descobriu o Megadeth em fases mais recentes — a despedida longa pode funcionar como uma forma de aproximação, já que o ritmo menos acelerado facilita o contato com diferentes regiões e festivais.

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